quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

SABER DEMAIS OU NÃO...EIS A QUESTÃO.



 
 
 
O homem que sabia demais, não sabia,
não sabia, esquecer nem voltar atrás.
Pois sabia mais, muito mais do que podia saber
sabia mais e mais e mais... mais do que eu!
Continuava sempre sozinho, procurando entender a razão
que o tornava um ser tão sabido...mas não, não
Não explicava a solidão.
Ah! se eu disser que é quatro e meia
ele diz que é meia e quatro.
Se eu disser que é meia e quatro
Ele diz que não me enquadro
Bom de briga, dá a porrada
e continua a caminhada…
 ( Autor/a desconhecido/a.)
 
 Apenas posso garantir que não foi  Alfred  Hitchcock.                                

Amor e Dobrada; Frios Não Prestam Para Nada..

 
 

Dobrada à Moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.


Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos, in "Poemas"

 
 
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

MARES E MARÉS.

 
 
MIMINHOS RECEBIDOS DE AMIGOS/AS. ( VIA FB ). O MEU BEIJINHO DE SINCERO AGRADECIMENTO A TODOS/AS. 
 
 Da amiga e poetisa Ana Martins do blog "Ave Sem Asas".
De um amigo que não tem blog.
Da amiga Adélia do blog "Flor de Jasmim"
Da amiga e poetisa Rosa Maria- Sonhadora
 
 
Do amigo Daniel Antunes do blog "Comédia Sentado"
 
Da minha nora Isabel. É giro! :)  
 
 
 
 
 
 

Mar!



Tinhas um nome que ninguém temia:
Eras um campo macio de lavrar
Ou qualquer sugestão que apetecia...



 
Mar!



Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...



Mar!
 



Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro, a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!


 
Mar!



Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!


 
Mar!
 

E quando terá fim o sofrimento?
E quando deixará de nos tentar
O teu encantamento!
Miguel Torga in "Poemas Ibéricos"
 
 


E quando eu estiver triste simplesmente me abrace
- Recados e Imagens para orkut, facebook, tumblr e hi5
                                                                                                      

                                                                            
                                                                                 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

SABEDORIA E CONHECIMENTO.




“Nunca é tão fácil perder-se como quando se julga conhecer o caminho.”

Provérbio Chinês.


                                                                          

Gostaria muito que vissem este vídeo e no final me dissessem se concordam com a metáfora que Sabedoria é:

"SABERMOS COZINHAR OS NOSSOS FEIJÕES."
 
 
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

NÃO SABEMOS...

GUMA KIMBANDA

Não sei...

- não sei se fui um projecto
 ou obra do acaso.

 objecto de conversa intima
 entre panos desejado.

 de qualquer jeito, fui e serei
 o verso e o reverso

 aos quais me entreguei
 tomando-os de assalto

 em avanços e recuos
  com o coração aos saltos

 entre risos e amuos.
 fazendo-me à estrada.

 escalei muros
 subi serras

 elevei a alma mais perto
  dos sussurros dos céus.

 alimentei-me de quimeras
 segui livre o percurso

 ansiado nas esperas
 no desencontro dos eus

 quantas vezes troquei
 o certo pelo incerto

 dando vida a outro projecto
 e sem surpresa

 me vejo sem a mínima certeza

 se em mim algum dia estarei
 ou se sou uma mera projecção.

 olho em frente
 e ouvir quem por mim fala cá dentro

 é seguir... na sua cadência
 intermitente, com paixão

 umas vezes entendendo
 outras fora da razão

 por ventura....

 Nunca saberei!

(Autor do poema:
Guma Kimbanda)                                      
      Via FB

domingo, 17 de fevereiro de 2013

POR VEZES...

   

 
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
 
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...
 
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.
 
                  David Mourão-Ferreira
 

 
                                                                                      

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

APEGO EM EXCESSO É UM ERRO.


 
A Máscara do Esquecimento e do Equívoco
 
Sob a máscara do esquecimento e do equívoco, invocando como justificação a ausência de más intenções, os homens expressam sentimentos e paixões cuja realidade seria bem melhor, tanto para eles próprios como para os outros, que confessassem a partir do momento em que não estão à altura de os dominar.
Sigmund Freud

Deve ser por esse motivo que dizem de boas intenções estar o Inferno cheio! Será?



 
Não é fácil desapegarmo-nos  das pessoas nas quais acreditamos, nem das coisas que pensávamos serem importantes na nossa vida. Mas, fica mais  fácil quando algo,de súbito, nos faz entender que, inexplicavelmente endeusamos pessoas que afinal não passam de  seres humanos  como outros quaisquer, óbvia e naturalmente.   Seres sujeitos a cometer erros para nós impensáveis e que afinal, nada possuíam de qualidades extraordinárias.
 Os Deuses não enlouquecem...simplesmente, não existem! :)
Equívocos a que todos estamos sujeitos, inclusivé aqueles que se consideravam experientes e avisados. Nem sequer é uma questão de boa ou má fé.  É aqui, que o desapego se torna imprescindível. Vem isto a propósito deste poema de Fernando Pessoa. 
 
A todos desejo um excelente fim-de-semana.
                                                                                    

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

É Dessas Que eu Sou...!


Pastoral

 
Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.

Ou nervura a menos ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.


Limbo todas têm,

que é próprio das folhas;

pecíolo algumas;

bainha nem todas.

Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.

Outras acerosas
redondas, agudas.
macias, viscosas,
fibrosas, carnudas.
 
Nas formas presentes,
nos actos distantes,
 
mesmo semelhantes,
são sempre diferentes.

 
Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.
 
Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam
apenas volitam
nas dobras do vento.
 
É dessas que eu sou!
 
Poema de António Gedeão
 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

É CARNAVAL?...SEI LÁ!...




"Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e às vezes difícil de lidar, mas se você não sabe lidar com o meu pior, então com certeza, você não merece o meu melhor!"

Como no Carnaval nada se leva a mal, vou pela primeira vez
 lançar-lhes um repto. Quem terá dito o que está escrito acima?
 Não é difícil...:)

 

É Carnaval, e Estão as Ruas Cheias

 
É Carnaval, e estão as ruas cheias
De gente que conserva a sensação,
Tenho intenções, pensamento, ideias,
Mas não posso ter máscara nem pão.
 
Esta gente é igual, eu sou diverso
Mesmo entre os poetas não me aceitariam.
Às vezes nem sequer ponho isto em verso
E o que digo, eles nunca assim diriam.
 

Que pouca gente a muita gente aqui!
Estou cansado, com cérebro e cansaço.
Vejo isto, e fico, extremamente aqui
Sozinho com o tempo e com o espaço.
 

Detrás de máscaras nosso ser espreita,
Detrás de bocas um mistério acode
Que meus versos anódinos enjeita.
 

Sou maior ou menor? Com mãos e pés
E boca falo e mexo-me no mundo.
Hoje, que todos são máscaras, és
Um ser máscara-gestos, em tão fundo...
 
 
 
Álvaro de Campos

Para quem quiser sentir um cheirinho mais do Carnaval 2013, veja AQUI

 Para tudo se acabar na quarta-feira.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

PESCA E PESCADO....UM PRAZER SAGRADO.

Imagem DAQUI





 
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não!
A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como: “este foi difícil
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.


Autora: Adélia Prado.



Agora, é só preparar o grelhador!

Bom apetite e um bom fim de semana para todos.:)


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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Silêncio, Sombra, Saudade...e Sol.








As Palavras
 


São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

 
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.

 
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Este é o poema mais simples e mais belo de
 Eugénio de Andrade.  
É também, aquele de que mais gosto.
Esta deve ser a terceira vez que o publico.
Quando gosto a valer de qualquer coisa, chego a ser enjoativa.
Mas tenho a noção dos meus limites!  


 
 
Não creio que haja alguém que ainda não tenha visto e ouvido este maravilhoso duo cantar  esta belíssima canção, que adoro:
 Perdóname.
 Gosto tanto, que aqui  deixo o vídeo, mas desta feita, sem qualquer noção de limites.
Deixo um beijinho para todos(as) quiçá como uma espécie de desculpa e forma de compensação pela falta de originalidade do post!
 
 
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