sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

BOM ANO - E UM ABRAÇO FRATERNO -


Seja qual for a raça, o credo, a nacionalidade ou a condição

social; igualmente para toda a Humanidade; desejo:


 BOM ANO, MEUS IRMÃOS.





Chamo por ti.
Chamo por ti, com versos fraternais.
Nunca te vi,
Mas nascemos os dois dos mesmos pais.

Chamo em nome da vida, que me ordena
Que te diga a verdade;
É o meu lenço que acena,
Mas o cais é de toda a humanidade.

Deixa as sombras e vem!
És homem como eu sou, hás-de gostar
De pisar com desdém
A herança que não podes renovar.

O passado é o passado – já morreu.
Grande é o futuro, por nascer.
Nenhum fruto maduro prometeu
O que a semente pode prometer.

Do que foi embebedas a lembrança,
Do que há-de ser, estremeces!
Vindo, voltas a ser criança;
Mas aí, apodreces.

Chamo por ti de manso,
Numa ordeira canção;
É uma ponte de sonho que te lanço…
Passa por ela, irmão!


“Cântico Fraterno”  Miguel Torga

------------------------------------------------------------------------------

FELIZ 2017

PARA TODOS OS AMIGOS VIRTUAIS E PESSOAIS.

E

A MINHA IMENSA GRATIDÃO PELO CARINHO E ATENÇÃO

QUE ME TÊM DEDICADO.


 ===========================================

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

UM AMOR A TODA A PROVA.

Imagem DAQUI


       Mais do que o seu valor biológico, os pássaros inspiram histórias exemplares pela diversidade do seu comportamento natural. Existem espécies cuja conduta pode ser lida, aos nossos olhos, como muito inspiradora. O caso do tucano é uma bela história de amor e dedicação que faz inveja aos mais fiéis amantes da casta humana. A fêmea esconde-se num recanto e nele faz, com a ajuda do macho, um ninho completamente fechado, construindo uma parede de lama sobre o vão de um tronco de árvore. Literalmente, a fêmea se empareda. Apenas um pequeno buraco a ligará, durante semanas, ao resto do mundo. Por esse orifício o seu companheiro lhe fará chegar alimento e consolo. Ali, naquele canto escuro, a fêmea se despojará de toda a plumagem e com essas penas arrancadas ao corpo fará um ninho onde chocará os ovos e assistirá ao nascer dos seus bebés. Se o macho morrer, nesse intervalo, ela morrerá também. Sem penas, e por isso desprovida de voo, a tucana estará condenada. Numa anónima cavidade de árvore se sepultará o seu estóico sacrifício.


Texto transcrito do livro de crónicas de Mia Couto: Pensageiro Frequente.


=====================================================

===================================


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

CARINHOS...

Recebi da Querida Amiga Fê Blue Bird, este bonito Poema da autoria do místico Poeta irlandês: W.B. Yeats, acompanhado pela linda imagem natalícia. Quero partilhar este mimo com todos os amigos que visitam este meu espaço. Afinal, tudo o que é belo não deve ser guardado, porque a avareza é pecado...:)


"Tivesse eu os tecidos bordados dos céus,
lavrados com o ouro e a prata da luz,
os tecidos azuis e turvos e de breu
da noite e da luz e da meia luz,
estenderia esses tecidos a teus pés.
Mas eu, que sou pobre, apenas tenho sonhos,
são os meus sonhos que estendi a teus pés, 
sê suave ao pisar pois são os meus sonhos que pisas.
E todos os dias, em todos os lugares, 
as nossas crianças estendem os seus sonhos aos nossos pés.
Sejamos suaves ao pisar."


W. B. Yeats

* *




PORQUE O CARINHO, COM CARINHO SE PAGA...

...RETRIBUO COM ESTA SINGELA OFERTA E A MINHA ETERNA GRATIDÃO.

UM BEIJINHO, QUERIDA FÊ.




*************************************************************

**************************************

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

TÃO LONGE, TÃO PERTO.



Este feliz desejo de abraçar-te,
Pois que tão longe tu de mim estás,
Faz com que te imagine em toda a parte
Visão, trazendo-me ventura e paz.
Vejo-te em sonho, sonho de beijar-te;
Vejo-te sombra, vou correndo atrás;
Vejo-te nua, oh branco lírio de arte,
Corando-me a existência de rapaz…
E com ver-te e sonhar-te, esta lembrança
Geratriz, esta mágica saudade,
Dá-me a ilusão de que chegaste enfim;
Sinto alegrias de quem pede e alcança
E a enganadora força de, em verdade,
Ter-te, longe de mim, juntinho a mim.


  ( "Eterna Presença" Poema de Mário de Andrade )


**************************************************************

*********************************************


domingo, 25 de dezembro de 2016

VAI UM CAFEZINHO?



É só colocar a toalha, aquela com raminhos de azevinho, e mesmo aqui na mesa da cozinha me podem ajudar a pôr esta geringonça a funcionar. Ainda a não estreei,mas se tudo correr como espero, faremos uma bela noite de Dia de Natal, que tal? Há coscorões, azevias, pão-de-ló, bolo rei e rabanadas. Para quem quiser, ainda há meia garrafa de vinho do Porto. Façam-me companhia, festejemos este final de um Santo Dia. Tomem assento, os bancos estão sob a mesa, eu vou buscar as cápsulas (enormes) de café.
Venho já...

(será que a marca vai querer pagar-me comissão? eu não quero nada, juro! )

***************************************

************************* 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Natal - Um Abraço Mundial -



Natal Divino
 Ao rés-do-chão humano, 
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
 
Encolhido
 
À lareira,
 
Ao que pergunto
 
Respondo
 
Com as achas que vou pondo
 
Na fogueira.
 

O mito apenas velado
 
Como um cadáver
 
Familiar...
 
E neve, neve, a caiar
 
De triste melancolia
 
Os caminhos onde um dia
 
Vi os Magos galopar...
 



Miguel Torga, in "Antologia Poética"




 Façam o favor de ser

 FELIZES


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Quer Queiramos Quer Não...

...o espelho é como o algodão...




Obrigada,
 espelho, meu velho amigo.
Foi em ti que hoje vi reflectido
 o meu rosto já cansado
As marcas desta já longa caminhada.
As rugas que chegaram
abruptamente, assim o senti.
Será que o tempo passou por mim
e eu não o vi?
Obrigada,
por não me mentires
Por seres leal e verdadeiro.
No próximo ano voltaremos a olhar-nos.
Se «Ela» não olhar para mim
Primeiro.


(Não, não estou louca)





=========================================

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

HÁ QUE BULIR, PARA MOSTRAR QUE ESTAMOS VIVOS.

CRÓNICA DE NATAL

Todos os anos, por esta altura, quando me pedem que escreva alguma coisa sobre o Natal, reajo de mau modo. «Outra vez, uma história de Natal! Que chatice!» — digo. As pessoas ficam muito chocadas quando eu falo assim. Acham que abuso dos direitos que me são conferidos. Os meus direitos são falar bem, assim como para outros não falar mal.
Uma vez, em Paris, um chauffeur de táxi, desses que se fazem castiços e dizem palavrões para corresponder à fama que têm, aborreceu-me tanto que lhe respondi com palavrões. Ditos em francês, a mim não me impressionavam, mas ele levou muito a mal e ficou amuado. Como se eu pisasse um terreno que não era o meu e cometesse um abuso. Ele era malcriado mas eu - eu era injusta. Cada situação tem a sua justiça própria, e isto é duma complexidade que o código civil não alcança. 

Mas dizia eu: «Outra vez o Natal, e toda essa boa vontade de encomenda!» Ponho-me a percorrer as imagens que são de praxe, anjos trombeteiros, pastores com capotes de burel e meninos pobres do tempo da Revolução Industrial inglesa. Pobres e explorados, mas, entretanto, não excluídos do trato social através dos seus conflitos próprios, como se pode observar nos livros de Dickens. Actualmente as crianças estão mais isoladas dum processo de libertação adequada à sua normalidade. Não há qualquer lógica entre o pensamento que elas sugerem e a acção que lhes é imposta. Mas isto são considerações de Natal? Confessem que preferem uma história, uma coisa leve, talvez um pouco insensata e graciosa. Pois bem, falemos de pastores. 


Um amigo meu passou uns dias na serra da Estrela para se curar duma depressão, uma dessas doenças que são produzidas pela sociedade burocrática onde todos se destroem em boa paz. Cuidou ele que a solidão e a vida rude o haviam de transformar. Mas o sofrimento, que não é disciplina nem necessidade, torna-se em crítica mesquinha. Ele andava pelos montes, com ar de censura e escândalo, perguntando às pessoas como podiam viver sem ir ao teatro e sem comer costelas panadas. Alumiando-se com azeite e deitando-se ao sol-pôr para não o gastar. Sobressaltava-o muito aquela imobilidade da serra com os rebanhos que pareciam pedras e os pastores com o cão de pêlo assanhado. Sentava-se ao lado deles e travava conversa. 
— Olhe lá: você nunca sai daqui? — perguntava. E o pastor respondia: 
— Eu, não senhor. 
— E então, não se aborrece? 
— Eu, não senhor — tornava o homem. 
— Mas não se aborrece mesmo, sempre sozinho, a ver só ovelhas, aqui no cimo da serra? — insistia o meu amigo. 
Então o pastor, apertado naquele inquérito, fez um esforço para compreender a desordem que provocava no espírito do homem da cidade, e disse, apontando, com um ligeiro movimento do queixo, as ovelhas: 
— Ah! Elas às vezes bolem... 
Queria desculpar-se, se o conseguiu ou não, não sei. O meu amigo não andou muito tempo por lá. Deu um jeito a um tornozelo e tiveram que o levar de padiola até à localidade, onde arranjou melhor transporte para o hospital. Disse daquilo cobras e lagartos. Também é preciso ver que não era homem para grandes descobertas. Até acha que as descobertas foram um erro histórico. Mas que tem o Natal a ver com isto? – direis. Descubram. 


Agustina Bessa-Luís, in “Crónica da Manhã”-  Dez 1978 -





domingo, 18 de dezembro de 2016

SEREI SÓ EU?...

...Pergunto, porque desde ontem que me sinto assim:





Espero que não seja este o motivo:





****************************************

*******************************

NUVEM - Não Haverá Uma Só Coisa Que Não Seja Uma Nuvem.

Escreveu Jorge Luís Borges.


A foto é   DAQUI


 És nuvem, és mar, és olvido. 
És também o que já está perdido. 


[ A partir de "Los Conjurados" - Obras Completas- Buenos Aires 1989 ]


***********************************************************

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O Fogo - A Paixão - A Vida.




                                                   Como uma corda tensa
Vivo no dia a dia
Entre esta dor
E aquele sinal

E quando ondula a corda
Caio num ar vazio
Saio de mim
Quero parar

Eu sou a seta
Eu sou o alvo
Sou a espada e a dor
Sombra sem fim

Eu sou a morte
Eu sou a vida
Sou um fogo a queimar
O ar que há em de mim




Pasión

 No me olvides
yo me muero

Amor

mi vida es sufrimiento

Yo
te quiero en mi camino
Por vos
cambiaba mi destino

Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos.

Tengo
un corazón penando
Yo sé
que vos lo está escuchando
Con
mil lágrimas te quiero
Pasión
eres mi amor sincero

Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos


 (composições de Rodrigo Leão)




Por gentileza  do administrador do blog Reflexos, o

 amigo António, podem ler toda a informação sobre o disco 

 Life Is Long, apresentado recentemente, num espectáculo no

Coliseu de Lisboa. 

---------------------------------------------------------------------------------------------

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

DOS CAMINHOS DA VIDA.




Vou calando a saudade que já sinto

               Por saber que um dia te afastarás.

Estou evitando, filho meu, esse caminho

                 Fico aqui e tu nunca saberás


     Que o meu coração fica a chorar baixinho.


===========================================

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Cansaço, Depressão?...

...A prática de yoga, pode ser a solução.

Esta jovem piloto sueca, de 29 anos, já tem milhares de seguidores no Instagram, onde publica fotos incríveis.






Saiba mais sobre yoga e  Malin Rydqvis,   AQUI

===========================================


domingo, 11 de dezembro de 2016

O PAPÃO.

Vá-se lá saber porquê - ou melhor, eu sei - quando as ruas começam a ficar profusamente iluminadas, com as luzes ornamentais natalícias, quando as palavras Humanidade e Fraternidade, atingem uma maior dimensão e  tudo e todos à nossa volta nos parecem mais predispostos a esquecer animosidades e o mundo se enche, subitamente, de um espírito de boa-vontade e entreajuda, lembro-me de Guerra Junqueiro e do livro: 
A Velhice Do Padre Eterno.
 Cá por coisas minhas...(*)


As crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para as levar no bolso ou num capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo ao bárbaro papão,
Que ruge pela boca enorme do trovão,
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!





(*)...Que não vou dizer.



sábado, 10 de dezembro de 2016

VAMOS LÁ, PESSOAL?...

...Qual seria o conselho/pensamento da sábia Mafaldinha, que escolheriam, para vós?











Eu já escolhi o meu... O vosso qual é?


#############################################


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

DAS CALHAS DE RODA.


Frederico Lourenço encontra-se neste momento a trabalhar numa nova tradução integral da Bíblia.

Restituir-me por inteiro é dar-me até ao fim.
No jardim barroco, tanques e repuxos gelaram
durante a noite, mas os limoeiros estão intactos
contra os muros caiados de branco.

O gelo no chão não tocou as flores da laranjeira:
Este Dezembro, as fontes geladas e as flores
partilham a manhã em conciliada coexistência;
Ao meio-dia o termómetro continua abaixo de zero,
mas as árvores meridionais frutificam.

Assim dar-me por inteiro não me isenta de mim,
do mesmo modo que na manhã de Dezembro
a fonte gelada não impede a laranjeira de florir.


[ Frederico Lourenço “ in Santo Asinha e outros poemas,” Caminho, 2010 ]





Autopsicografia

( Fernando Pessoa)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que ele não tem.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


**********************************************************************