terça-feira, 30 de janeiro de 2018

TENHO FASES....

...Como a Lua. 
          E rapidamente mudo. 
Basta que um só pensamento
             me venha toldar a mente.

                A alma ferida, no seu dorido lamento...
...tudo muda,
             de repente!





Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha



Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!



Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...


"Lua Adversa" - poema de Cecília Meireles



Adenda: às 21:40
Captada há poucos minutos.
Que pena não conseguir 
fazer melhor. 



Hoje, 31-01-2018
às 19:08:27
foi assim que vi a Super-Lua vermelha.
Pode não ser de sangue, mas é mais avermelhada
do que a lua de ontem. :-)

***.....***

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Preparem As Nozes...


...Arranjaram-me um quebra-nozes ultra moderno. 
Gostam?

Espero que as vozes não façam demasiado burburinho...


                                        



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domingo, 28 de janeiro de 2018

MÚSICA AO DOMINGO.


                                                       


Ay Amor
Amor yo sé que quieres llevarte mi ilusión
Amor yo sé que puedes también llevarte mi alma
Pero ay, amor, si te llevas mi alma
Llevate de mi también el dolor.

(...)




Tu me acostumbraste a todas esas cosas
Y tu me enseñaste, que son maravillosas
Sutil llegaste a mi como una tentación
Llenando de inquietud mi corazón.

(...)



sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Até Os Aracnídeos Sonham!...

Tela de  Nicoletta Ceccoli


A aranha, aquela aranha, era única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. O bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.
E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, rendas e rendilhados. Tudo sem nem finalidade. Todo bom aracnídeo sabe que a teia cumpre as fatias funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções.
Para a mãe-aranha aquilo não passava de mau senso. Para quê tanto labor se depois não se dava a devida aplicação? Mas a jovem aranhiça não fazia ouvidos. E alfaiatava, alfinetava, cegava os nós. Tecia e retecia o fio, entrelaçava e reentrelaçava mais e mais teia. Sem nunca fazer morada em nenhuma. Recusava a utilitária vocação da sua espécie.
– Não faço teias por instinto.
– Então, fazes porquê?
– Faço por arte.
Benzia-se a mãe, rezava o pai. Mas nem com preces. A filha saiu pelo mundo em ofício de infinita teceloa. E em cantos e recantos deixava a sua marca, o engenho da sua seda. Os pais, após concertação,  mandaram-na chamar. A mãe:
– Minha filha, quando é que assentas as patas na parede?
E o pai:
– Já eu me vejo em palpos de mim…
Em choro múltiplo, a mãe limpou as lágrimas dos muitos olhos enquanto disse:
– Estamos recebendo queixas do aranhal.
– O que é que dizem, mãe?
– Dizem que isso só pode ser doença apanhada de outras criaturas.
Até que se decidiram: a jovem aranha tinha que ser reconduzida aos seus mandos genéticos. Aquele devaneio seria causado por falta de namorado. A moça seria até virgem, não tendo nunca digerido um machito. E organizaram um amoroso encontro.
– Vai ver que custa menos que engolir mosca – disse a mãe.
E aconteceu. Contudo, ao invés de devorar o singelo namorador, a aranha namorou e ficou enamorada. Os dois deram-se os apêndices e dançaram ao som de uma brisa que fazia vibrar a teia. Ou seria a teia que fabricava a brisa?
A aranhiça levou o namorado a visitar sua coleção de teias, ele que escolhesse uma, ficaria prova do seu amor.
A família desiludida consultou o Deus dos bichos, para reclamar da fabricação daquele espécime. Uma aranha assim, com mania de gente? Na sua alta teia, o Deus dos bichos quis saber o que poderia fazer. Pediram que ela transitasse para humana. E assim sucedeu: num golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. Quando ela, já transfigurada, se apresentou no mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. Quem era, o que fazia?
– Faço arte.
– Arte?
E os humanos entreolharam-se, intrigados. Desconheciam o que fosse arte. Em que consistia? Até que um, mais-velho, se lembrou. Que houvera um tempo, em tempos de que já se perdera memória, em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres. Felizmente, isso tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos – chamados de obras de arte – tinham sido geneticamente transmutados em bichos. Não se lembrava bem em que bichos. Aranhas, ao que parece.

“A Infinita Fiandeira” 

conto de Mia Couto    in “Fio de Missangas”






quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

OBVIAMENTE!...







SE NÃO DER PARA RIR...SORRIAM.

 EU TAMBÉM SORRI.


  :-)    :-)    :-) 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O TEU RISO.


 Pablo Neruda e o seu último amor: Matilde.


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.


Não me tires a rosa,

a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.


A minha luta é dura e regresso

com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.


À beira do mar, no outono,

teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.


Ri-te da noite,

do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então, morreria.


Pablo Neruda in "Os Versos do Capitão"




                   



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sábado, 20 de janeiro de 2018

NEM EU.

Imagem encontrada na Net.


Afinal, o que é esse sentimento leve, pesado, doce, amargo, alegre, contristado, impensado, irrazoável, insano, que toda a gente deseja, todos sonham e ninguém sabe onde mora, o que realmente é… se existe e onde pode ser encontrado?


O princípio “Era uma vez”…e o final  “Foram felizes para sempre”,  são histórias da carochinha. Uma maneira de ganhar a vida escrevendo sobre algo que não existe…Os adolescentes acreditam, sonham e o tempo vai passando sem que nunca se descubra quem inventou essa coisa impalpável, invisível, imprevisível
a que chamaram: Amor…







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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

LUME D'ÁGUA.



“Cantar? E para quê? – me dizem todos:
Não é com cantos que se ganha a vida.
Por desgraça assim é; mas eu já agora,
Enquanto o barco da existência vogue
Ao lume d’água, irei cantando sempre.
Se com meus versos não alcanço glória,
Ao menos logro distrair o espírito
Das tristezas reais da vida amarga.”



Assim pensava e escreveu Guerra Junqueiro, como introdução
 ao seu poema "Baptismo de Amor", neste Vibrações Líricas." 

Concordo inteiramente: Quem não ganha a vida a cantar, 
canta  para as agruras da vida espantar. Ao menos isso...




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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Já Fui Feliz Aqui [ XLI ]




De braços abertos
Abraçando o rio
Olhando os teus passos
De longe sorrio

Recordo esta tarde,
Já tarde no tempo
Relembro e te lembro
E sinto um vazio

Apesar de longe
A paz é maior
Sabendo que a vida
Para ti é melhor

E nesta saudade
De te abraçar
Lanço-me no espaço

  Querendo voar, voar, voar…





Para o meu filho, com Amor.

 (Agosto de 2016)


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domingo, 14 de janeiro de 2018

DETRÁS DA MINHA JANELA.






Quem olha, de fora, através de uma janela aberta,
não vê jamais tantas coisas quanto quem olha de uma janela fechada.
Não há objecto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais tenebroso, mais radiante que uma janela iluminada por uma luz difusa.
O que se pode ver à luz do sol é sempre menos interessante que o que se passa atrás de uma vidraça. Neste buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre a vida.
Para além do ondular dos telhados, avisto uma mulher madura, já com rugas, sempre debruçada sobre alguma coisa, que nunca sai de casa.
Pelo seu rosto, pela sua roupa, pelos seus gestos, por quase nada refiz a história desta mulher, ou melhor, a sua lenda e, por vezes, conto-a a mim mesmo, chorando.
Tivesse sido um pobre velho, também a teria refeito, facilmente.
E deito-me, feliz, por ter vivido e sofrido pelos outros como se fosse eu mesmo.
Talvez me digam: “Tens a certeza de que esta lenda é verdadeira?”
Que importa o que possa ser a realidade situada
 fora de mim, se me ajuda a viver,
 a sentir que existo e o que sou?


[ Baseado no  poema “As Janelas”
de Charles Beaudelaire ]





sábado, 13 de janeiro de 2018

DA (I)MATURIDADE EMOCIONAL.




Amadurecer é ter cuidado com as palavras que dizemos a outrem, pensar se aquilo que nos parece normal, não terá um efeito negativo nos sentimentos e na auto-estima da pessoa a quem nos dirigimos.



Imaturidade é confundir ditos espirituosos com expressões abusivas, é não entender os limites de um relacionamento amigável e cortês, não haver uma preocupação em não ferir a sensibilidade da pessoa a quem  dirigimos a palavra. 





Finalmente, e espero que definitivamente, possuir maturidade  emocional é saber entender isto:- Tem juízo...respeitinho é bonito e eu gosto!


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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

CONTRADIÇÕES.


Tela by Dima Dmitriev.




Noite…companheira dos meus sonhos

Das longas horas amargas

Onde tudo se perdeu


Dias e noites perdidas

    que foram sarando 


  feridas


    pequenas coisas esquecidas


       grandes batalhas vencidas.



    Não sei para onde

              Partiste

                 Cobardemente

                          fugiste. 
                           

  Hoje, quem já te não quer…

                               …Sou eu!




                            
                                

                                 


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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

DO DESPERDÍCIO.

Recordam-se daquele campo de grelos que publiquei há um tempo atrás? Pois, hoje, ao aproveitar uma aberta nos aguaceiros, intermitentes, fui desentorpecer as pernas e fiz a caminhada pelo mesmo trilho do outro dia.
Fiquei pasmada ao ver como foi possível o proprietário daquele campo de cultivo ter deixado desperdiçar tanta hortaliça.


Tivesse eu galos, galinhas, patos e frangos, [ criação :) ] levá-los-ia comigo e deixava-os aqui.

Não teria sido preferível ter afixado uma placa a dizer:


"Dão-se grelos a quem os colher"?

O desperdício alimentar não se verifica apenas nas casas mal-governadas, onde há mais olhos do que barriga, nos supermercados onde são deitados aos contentores alimentos fora do prazo de validade, mas perfeitamente comestíveis, que poderiam ser colocados à disposição de quem deles precisasse, ou quisesse, numa prateleira para esse fim. Em vez de se verem as pessoas sem abrigo a escarafunchar no lixo. Verifica-se em  todos os sectores deste nosso belo país - e de outros - que, sendo pobre, tem a mania das grandezas...


                                              



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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Vamos Lá Soltá-lo...



Espreito por uma porta encostada
Sigo as pegadas de luz
Peço ao gato xiu para não me denunciar
Toca o relógio sem cuco
Dá horas à cusquice das vizinhas e eu
Confesso às paredes de quem gosto
Elas conhecem-te bem
Aconchego-me nesta cumplicidade
Deixo-me ir nos trilhos traçados
Pela saudade de te encontrar
Ainda onde te deixei
Trago-te o beijo prometido
Sei o teu cheiro mergulho no teu tocar
Abraças a guitarra e voas para além da lua
Amarro o beijo que se quer soltar
Espero que o sintas para me entregar
A cadeira, as costas, o cabelo e a cigarrilha
A dança do teu ombro

E nesse instante em que o silêncio
É o bater do coração
Fecha-se a porta
Pára o relógio as vizinhas recolhem
Tu olhas-me
Tu olhas-me….




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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Fazer Topless ou Não...Eis A Questão!


Mulher pra fazer
topless
Deve ter o peito
erguido
De outra maneira não faça
Tire daí o

Sentido…


BB by Cobin - 1960
Para te servir de

consolo…


FONTE


Se a Bardot
o fizesse agora
Ficaria igual...
...a ti.

Porque a lei da gravidade
Não perdoa.

Seja famosa ou anónima.

O passar do tempo...

... oh...que  grande maldade nos faz!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



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domingo, 7 de janeiro de 2018

SONHAR PELOS DOIS.





Sou mais feliz, quando penso,
E peço a Deus que tu penses
Que és minha, já me pertences,
E eu também já te pertenço.
E neste desejo imenso
De te ter à minha beira
Pressinto a luz verdadeira
Desse tal dia risonho,
P’ra que se acabe este sonho
Senão, sonho a vida inteira…



Escrevi isto há já alguns anos - bastantes - como comentário, já não me recordo onde. Sei que foi num blogue que tinha publicado o poema "Gentil Camponesa" de  António Aleixo. 

Escrevi-o, baseando-me no espírito da última estrofe do poema. Sem que  procurasse fui encontrá-lo hoje, numa das pastas do meu arquivo.  Gostei tanto deste encontro, que resolvi fazer uma publicação deste meu raro momento de inspiração. Espero que também vos agrade. 



:)