Tinha um coração duro e não era esmoler. Foi-se confessar uma vez, e o confessor deu-lhe por penitência rezar sete vezes o Padre-Nosso.
-- Não o sei, e nunca o pude aprender, respondeu
o aldeão.
-- Pois nesse caso, tornou o confessor,
imponho-te por penitência: dar a crédito um alqueire de trigo a todas as pessoas
que to forem pedir da minha parte.
No dia seguinte de manhã apresentou-se o
primeiro pobre.
»Como te chamas?- perguntou-lhe o
camponês»
«Padre – Nosso – Que – Estais – No - Céu, respondeu o pobre.
«E o teu apelido?»
»Seja – Santificado – O – Vosso – Nome. »
E o pobre foi-se embora com o
seu alqueire de trigo.
Ao outro dia chega outro pobre.
«Como te chamas?»
«Venha – A – Nós – O – Vosso – Reino.»
«E o apelido?»
«Seja – Feita – A – Vossa – Vontade.»
E partiu com o seu alqueire de trigo.
Veio terceiro pobre.
«Como te chamas?»
«Assim – Na – Terra – Como – No – Céu.»
«E o teu apelido?»
«Dai - Nos – Hoje – O – Pão – Nosso –
De – Cada – Dia.»
E levou o seu alqueire.
Vieram ainda mais dois pobres sucessivamente,
e passou-se tudo da mesma forma até chegar ao Amén.
Pouco tempo depois o confessor
encontrou o aldeão
– Então
já sabes o Padre – Nosso?
– Não, senhor cura, sei só os nomes e
apelidos dos pobres a quem emprestei o meu trigo.
– Quais são? Tornou o padre.
E o aldeão enumerou-lhos a
seguir, e pela ordem em que cada um se tinha apresentado.
– Já vês, disse o confessor, que não
era muito difícil aprender o Padre- Nosso, porque já o sabes perfeitamente.
Nota:
Há aprendizagens que só se conseguem adquirir a custo das próprias vivências e necessidades. Essas, são as que nunca se esquecem...ficam para toda a vida.
Do livro de Guerra Junqueiro: "Contos para a Infância".
( porque é de pequenino que se torce o pepino)
Pág. 57 - 58 - 59.
Bom dia. Desconhecia totalmente. Adorei ler ainda me ri :))
ResponderEliminarÉ o bem verdade o que diz
Bjos
Boa Quarta-Feira.
Obrigada, Larissa.
EliminarUm beijinho. :)
Como diz o ditado aprendemos até morrer! Amei a narrativa histórica!
ResponderEliminarBeijinhos
Aprender sempre, Cidália. Uns porque querem e gostam, outros por força das circunstâncias.:)
EliminarBeijinhos, obrigada.
Também desconhecia completamente e está muito curioso ! :)
ResponderEliminarUma boa lição !
Beijos
:) Também tu conheces coisas que eu não conheço, Rui!!
EliminarObrigada. Beijinhos. :)
Linda lição querida amiga ,muitos beijinhos felicidades
ResponderEliminarSerá que o camponês ficou com a oração na memória ou tê-la-á esquecido quando recebeu o trigo? Creio que, pobres que eram, nunca lhe tenham pago...:)
EliminarObrigada, Emanuel, beijinhos.
Uma maneira bem interessante de aprender o Pai Nosso.
ResponderEliminarDesconhecia e deu para dispor bem.
Beijinhos Janita
Uma habilidade do senhor Prior.
EliminarMas quer-me cá parecer que, aos olhos do Criador, este Padre-Nosso aprendido por imposição, não tem valor. :)
Beijinhos, Manu!
Só para dizer que a primeira música abaixo :-)
ResponderEliminarÉ uma das minhas preferidas
Abraço grande
...e minha também, Ricardo!
EliminarPorque achas que ela está lá? :)
Beijinhos e um abraço grande.
Também não conhecia. Bem apanhada.
ResponderEliminarFinalmente...encontrei algo que sei e o José, não!!
Eliminar:)
Ah, ia esquecendo; um beijinho!!
EliminarTudo se aprende. Mas às vezes custa é mais um bocado ou é preciso ir dar uma voltar maior.
ResponderEliminarE agora a pergunta: O que é que a Janita aprendeu hoje?
Eu aprendi o que era uma Calliandra haematocephala.
:-P
Hoje aprendi duas coisas, Remus.
EliminarA primeira foi que a amizade, quando verdadeira, é uma constante na vida. Passem os anos que passar quem nos estima nunca nos esquece.
A segunda aprendi que tentando ir aprender aquilo que o Remus aprendeu hoje, vi que essa tal Calliandra haematocephala, é uma flor que já eu tenho e me foi oferecida por um amigo, há uns anitos. De um vermelho lindo de morrer.
Tenho pena de a não poder trazer aqui, mas isto é a mais pura verdade. As descobertas que a gente faz...
Um beijo, Remusinho. :)
Oxalá os preceitos da vida fossem tão fáceis de resumir como este texto os apresenta, talvez tivéssemos cidadão mais conscientes dos direitos e deveres que lhes assistem. Infelizmente nem sempre o padre é nosso, muitas vezes é mesmo incógnito. :)
ResponderEliminarUm beijinho, Janita :)
Já conhecia, mas é sempre bom recordar, um Padre-Nosso e Pão não se nega a um pobre.
ResponderEliminarBj.