terça-feira, 12 de outubro de 2021

OS NOVOS TIRANOSSAUROS.

 


Onde estão os meus verdes?

Os meus azuis?

O arranha-céu comeu!

E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros,

nos tiranossauros,

Que mais sei eu...

Os verdadeiros monstros, os papões, são eles, os arranha-céus!

Daqui

Do fundo

Das suas goelas

Só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadas

gargantas ressecas.

Para que lhes serviu beberem tanta luz?!

Defronte

À janela onde trabalho

Há uma grande árvore...

Mas já estão gestando um monstro de permeio!

Sim, uma grande árvore...Enquanto há verde,

Pastai, pastai, os olhos meus...

Uma grande árvore muito verde...Ah,

Todos os meus olhares são de adeus

Como um último olhar de um condenado!


Poema de Circunstância - Autor: Mário Quintana.

***______***



Eu ainda vou tendo a sorte 
de poder desfrutar dos meus verdes...

...e dos meus azuis!!!
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E convosco, como são as cores 
que observam das vossas janelas?
Espero e desejo que ainda sejam belas!
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23 comentários:

  1. Interessante o contraponto que o autor estabelece entre os altos edifícios e as árvores, este é o mundo do betão e do lucro.
    Da minha janela tenho direito, apenas, à minha nesga de céu.
    Bom Dia, um abraço.

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    1. É esse o flagelo das grandes cidades. As contruções onde albergar o maior número de habitantes, no menor número de M2.

      O Luís não reconheceu este edifício? É dos 'arranha-céus' mais antigos da cidade. O das Antas é bem mais recente.

      Muito obrigada.
      Um abraço, e um Bom Dia.

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    2. Confesso que não reconheci, quando vou ao Porto nunca vou para essa zona, já o devo ter visto quando entro na cidade pelas Antas mas não ficou na minha memória.
      Um abraço.

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    3. Este edifício é o Hotel Dom Henrique, Luís.
      Fica na R. do Bolhão, no cruzamento com a R. Guedes de Azevedo.
      Eu fiz a fotografia a partir do Silo Auto, o parque de estacionamento que fica mesmo em frente.
      Não é nas Antas, é mais na Baixa, a dois passos da R. Sá da Bandeira. Já está a ver?

      Abraço e obrigada.

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    4. Já tenho uma ideia, quando lá passar vou estar atento. Obrigado.

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  2. É o "fruto" da evolução da vida.
    .
    Cumprimentos poéticos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Frutos, na maior parte das vezes, mais apodrecidos do que sãos, caro Rycardo.
      Obrigada, com cumprimentos retribuidos.

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  3. Quando comprámos a casa via campos e a serra ao longe, agora estou rodeada de casas.
    Apesar de tudo, quando abro a janela do quarto vejo uma árvore outonal e uma figueira além da laranjeira, do limoeiro e do alecrim do meu jardinzito.

    Abraço

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    1. Agora, penso que estás rodeada de casas, Conventos e Mosteiros, não? Para além do teu limoeiro e da figueira, um de folha caduca e o outro de folha perene - o que se torna uma vantagem de verde todo o ano - se olhares para cima tens o azul do céu.

      Abraço e obrigada, Leo. :)

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  4. Daqui de minha janela ainda vejo um belo cenário, muitas árvores e o céu que encanta sempre! Pena esses espigões que em nomme do progresso, tiram cada vez mais os verdes! beijos, chica

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    1. Ah, querida Chica...oe teus céus são famosos de tão belos!
      Em São Paulo parece-me onde há mais mastodontes e menos verde, ou não? É a ideia que tenho, mas posso estar enganada.

      Beijinhos e obrigada, amiga.

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  5. O poema de Mário Quintana relata o que sinto e que é por todo o mundo.

    No mandato do Seara andaram a pôr árvores de crescimento rápido.Tenho uma mesmo à frente da minha janela que já está quase despida de folhas que deita um pó castanho que é dose! Em três vivendas construíram "dinossauros" e adeus às vistas verdejantes, da serra e o seu castelo.
    Fizemos na altura um abaixo assinado e S.Exª não ligou. Veio a Edite Estrela e embargou várias construções mas alguns foram feitos à revelia. Felizmente que foi considerada uma zona protegida caso contrário o maldito betão daria cabo de toda a zona envolvente da serra. Morreu imensa gente velhota e os herdeiros agora só reabilitam casas e apartamentos e nem imaginas a especulação imobiliária quer na venda quer nas rendas.
    Felizmente tenho um teto arrendado há 43 anos cuja renda foi actualizada mas se pudesse bem que saía, enquanto muitos infelizmente nem isso têm.
    As tuas vistas são lindas.
    Beijocas e um bom dia

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    1. Olá, Fatyly
      Com todos os males tens o privilégio de viver numa das Vilas mais belas de Portugal. Quando quiseres ver verdes e azuis, é só subir ao Palácio da Pena. Há sempre quem esteja muito pior do que nós.
      Ao plantar as árvores nas ruas, deveriam os autarcas de ter o cuidado de que não fossem de folha caduca. Mas eles é que são os «presidentes da junta», como dizia o outro, né?

      Beijocas e vamos lá continuar a olhar o Céu. :)

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  6. Bom dia
    O poema para além de bem feito , faz todo o sentido .
    As fotos como sempre , magnificas.
    A minha casa é terreira , e das janelas não tenho grandes vistas , mas muito perto tenho a vantagem de caminhar onde há muito verde e poder respirar o ar puro.

    JR

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    1. O autor é um dos mais prestigiados poetas do Brasil, amigo JR.
      Dele, só podiam sair obras de alta qualidade.
      Saia, procure os melhores e mais verdinhos lugares, olhe o céu e...nunca perca a Esperança em dias melhores.

      Um abraço amigo.

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  7. Felizmente e apesar de viver numa cidade, como é na periferia, tenho muito verde e um céu lindo, mal abro a janela.
    Uma comparação muito bem feita, acompanhada com um belo poema.

    Beijinhos amiga

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    1. Que bom, se vives em Óbidos, estás em bom lugar, querida Manu.

      Um beijinho muito grande, com todo o meu desejo de muito verde e muito azul, na tua vida.

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  8. Se conhecesse Quintana e com ele privasse
    havia de o convidar a fazer um poema
    inspirado no que lhe inspirasse
    as cenas vistas da minha janela

    ei-las
    https://youtu.be/rE7jLhhEBAo

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    1. E Mário Quintana
      Ao ouvir tão belo som,
      trinado tão afinado,
      o Tejo envolto em neblina
      vendo o Cristo-Rei pronto a abraçá-lo
      Escrever-lhe-ia um poema
      tão belo e sentido
      como belo e sofrido é
      o nosso Fado.


      Um forte abraço, Rogério.

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  9. Mário Quintana... e eu cruzava com ele na Rua da Praia, parado nas esquinas conversando com fãs e amigos. Tinha dias certos para mostrar seu enorme talento, suas impressões da cidade que amava nos programas de horário nobre, ele parecia um menino que tinha respostas pra tudo, e não se intimidava, não! Saudades de Qujntana, um gaúcho de Alegrete, mas que passou a maior parte de sua vida em Porto Alegre.
    Postagem linda, Janita!
    Beijinhos, feliz semana!

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    1. Querida amiga, deve ter sido um grande privilégio ter privado com o grande Poeta Passarinhante.
      Também adoro a sua poesia, tão sentida e, simultâneamente, tão realista.
      Um grande bem-haja, querida Taís.
      (também para mim, é um privilégio tê-la como minha amiga)

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  10. Tenho a felicidade de em frente à casa onde moro haver um jardim publico.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Ah, Francisco...nos dias que correm, isso é um privilégio raro.
      Aproveitem e desfrutem desse pulmão verde que têm em frente à vossa casa.
      Um abraço e obrigada.

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