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Livro que ando a ler e irei partilhando algumas passagens com os meus estimados leitores. |
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA (I)
Naqueles dias descobri Maria Padilha.
Ela nascera nas favelas do Rio e, em poucos anos, invadiu os bairros pobres do norte da cidade.
Tinha o tamanho de uma mulher.
Vestia meias de seda e uma saia muito curta, com uma racha que lhe mostrava a liga e lhe despia as coxas, e uma blusa justa, meio aberta, por onde lhe saltava o peito. Estava coberta de pulseiras e de colares que os fiéis lhe ofereciam. E entre os dedos de longas unhas vermelhas segurava um cigarro americano com filtro.
A figura de cera de Maria Padilha guardava as portas das lojas de umbanda. Mas onde ela realmente vivia era nos corpos das suas sacerdotisas dos terreiros. Maria Padilha entrava nessas mulheres e, a partir delas, ria-se às gargalhadas, bebia, fumava, respondia às consultas, dava conselhos, desfazia maus-olhados e até era capaz de seduzir o Diabo para conseguir que ele ajudasse quem estivesse a precisar.
Maria Padilha, deusa maldita, puta divinizada, encarnava nas mulheres que eram, na vida real, putas profissionais. Elas encarnavam-se a si próprias, de certa forma, mas ao contrário. Cada cerimónia era um ritual de dignidade.
Achavam que eu era uma cabra? Sou uma Deusa!
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Tradução de Helena Pitta.
Página 58