Poeta e escritor nascido em Vila do Conde, Norte de Portugal,
no início do século XX.
Mas foi na cidade de Portalegre, que viveu grande parte da sua vida.
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Desde muito jovem que este poema faz parte do meu imaginário.
Talvez, por ver, reflectido nele, um pouco do meu temperamento rebelde e obstinado.
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Cântico Negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "Vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "Vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se levantou.
É um átomo a mais que se animou...
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "Vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "Vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se levantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
Mas sei que não vou por aí...
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Es un hermoso poema, amiga Janita, y es verdad que siempre nos ha gustado llevar la contraria. Cuando nos decían... ¡ven por aquí! nos íbamos por otro lado.
ResponderEliminarOye, ha desaparecido el traductor para traducir la página. (O yo no lo veo).
Un abrazo grande, con todo mí cariño.
Amiga Janita!
ResponderEliminarUma boa escolha, este poema do José Régio, "é também do jeito que eu sou" mas nem sempre fui assim, meus pais ensinaram-me a ser obediente , quase submisso, mas logo na escola vi que não podia ser assim, levava porrada, e ficava-me, e tornava a levar, depois comecei dar, deixei de levar. Aos treze anos trabalhava de sol-a-sol fizemos greve para ter as oito horas, ao fim de duas semanas deram as oito horas, comecei a ver para ter as coisas, tinha que lutar por elas.Até mesmo na tropa, e na guerra, não fui bem do jeito que eles queriam que eu fosse.
E cada vez mais sou do meu jeito.
Bem Janita, desculpe lá este meu desabafo.
Desejo-lhe uma boa semana
tudo de bom,
Um beijinho grande,
José.
Hola Juanita, te agradezco el paso por mi blog, eres una mujer toda fuego, me agradas. El poema de hoy como todos los que he etiquetado "Pienso en ti" es la vida amorosa de una amiga mía que hoy al venir al blog se ha reconocodo en el poema. Su marido murió y no halla consuelo. Yo intento hacer de galán para ponerla contenta, no escribo muy bien ese arte, de jobven sí, llegue a publicar un libro, pero despues los estudios y mi trabajo me alejaron de la possia y me introduzco en la ciencia.
ResponderEliminarRecibe mi cariño , mi ternura.
Tu poema, es muy bello y opino como nuestro amigo Juan Francisco. Yo si que tengo traductor
Minha querida Janita este cântico negro é dos poemas do autor que eu mais adoro, obrigada amiga por ter tão requintado gosto.
ResponderEliminarAcho que muita boa gente se revê neste tão lindo poema, beijinhos de luz e muita paz.
Olá querida amiga Janita!
ResponderEliminarVim agradecer as suas palavras, sempre bonitas e bem escritas, e não se preocupe, eu não me parece mal de nada daquilo que escreve.
Eu fui emigrante durante alguns anos na Suíça,fui para lá com um contrato de trabalho porque eles tinham falta de mim, e durante esses dez anos perdi cinco dias de trabalho, porque tive doente,
Em Quarteira as ruas estão cheias de gente sem fazer nada,no Centro de Saúde fazem bicha para levarem
a matadona
Aqui alguns empresários portugueses
com a desculpa que os portugueses não querem trabalhar, encheram o país de emigrantes clandestinos, muitos deles nem têm dinheiro,para voltar para a terra,eu não sou racista, mas acho que tem haver ordem em tudo.
vou por aqui esta quadra do Aleixo.
A ninguém faltava o pão
se este dever se cumprisse
ganhasse-mos em relação
aquilo que se produzisse.
um beijinho grande
José.
Quando eu era criança eu acreditava
ResponderEliminarQue ao parar o relógio o tempo parava também
Pensava que a felicidade se encontrava
No sorriso e no amor da minha mãe
Pensava que o meu mundo era redondo
Como a bola colorida em minha mão
Que os pensamentos eram iguais ao meu sonho
E a vida era o bater do coração
Um pouco de mim com beijinhos de luz e muita paz.
JANITA: SIEMPRE ES UN ORGULLO LEERTE Y QUE LECCION DE VIDA DE LOS CONTRATIEMPOS NOS HAS ESCRITO EN ESE HERMOSO POEMA.-
ResponderEliminarMUCHAS VECES UNO SE PONE TERCO Y DESCONFIA DE LOS DEMAS...TAL VEZ SEA POR LA NIÑEZ QUE LE TOCO.-
UN BESO GRANDE Y GRACIAS POR VISITARME.-
Amiga Janita,
ResponderEliminarReitero o meu agradecimento pela solidariedade demonstrada nas mensagens que deixou no Azimute.
Belo poema de José Régio, foi um gosto lê-lo.
Quando somos jovens, somos directos, frontais, sem hipocrisia. Será isso rebeldia?
Um abraço amigo,
J
Minha querida amiga, tu lembra do teu problema de visão que tu foi parar ao hospital.
ResponderEliminarLembra sim porque estas coisas nunca se esquece, então eu perdi o teu contacto por email, se tu tiver ainda o meu me envia a tua direcção porque eu tenho um miminho para tu.
Agora vou falar do teu carinho e da tua amizade fiquei muito feliz com o teu comentário mas a maior felicidade que eu tenho é de ter um anjo amigo ao meu lado como te tenho a ti.
Beijinhos de luz e muita paz
José Régio
ResponderEliminarObstinado disse sempre:
Sejam os caminhos que se me depararem, eu só vou por aquele que escolher, bom ou menos bom,
"mas não vou por aí"...
E respondendo a este poema lindo, eu te vim procurar e dizer:
eu também sou obstinada e por coincidência, deixei no meu blogs
um poema real, sem ficção, onde apresento o meu verdadeiro "Eu" e sem dizer, quase digo... "Não vou por aí".
No outro blogs. coloquei,
Clarice Lispector.
para os mais esquecidos.
Vais achar "bom" o que escrevi, (hoje
estou numa de sinceridade, sem ficção).
"A vida é curta, mas as emoções que
podemos deixar duram uma eternidade."
Clarice Lispector
Maria Luísa
"... Não, não vou por aí! Só vou por onde/Me levam meus próprios passos..." - feliz escolha, amiga, adorei relê-lo e, claro, redescobri-lo!
ResponderEliminarBeijinho muito grato pelo seu carinho
¡Qué alegría me ha dado verla en mi casa!!
ResponderEliminarDios sabe porqué me siento tan feliz con su presencia, algo especial tendrá de momento que me hace feliz.
Hoy quise de nuevo leer su poema y no ha funcionado el traductor, pero se que hablaba de amor, ese lenguaje es igual de tierno siendo mudo.
Que Dios la bendiga
Sor.Cecilia
Querida amiga Janita!
ResponderEliminarDesejo que passo um fim de semana muito agradável junto da família,
è bom dar uma voltinha, como nós costumamos dizer aqui, para espairecer, e espantar o stress para bem longe.
Por aquilo que disse no meu blog, já está ver que eu não deixe escapar nada, as consequências podem vir a não ser boas enquanto for assim vou escrevendo o que me dá gozo escrever.
E também digo que concordo com o comentário da amiga Franciete.
um beijinho grande para si.
José.