"Poema do Homem Só"
Sós, irremediavelmente sós,
Como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
E ninguém nos conhece.
Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem.
Nesta envolvente solidão compacta,
Quer se grite ou não se grite,
Nenhum dar-se de outro se refracta,
Nenhum de nós se transmite.
Quem sente o meu sentimento
Sou eu só e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
Sou só eu e mais ninguém.
Quem teme meu estremecimento
Sou eu só e mais ninguém.
Dão-se os lábios dão-se os braços
Dão-se os olhos dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
Dão-se em pasmados compassos;
Dão-se as noites e dão-se os dias,
Dão-se aflitivas esmolas,
Abrem-se e dão-se as corolas
Breves das carnes macias.
Dão-se os nervos dá-se a vida,
Dá-se o sangue gota a gota,
Como uma braçada rota
Dá-se tudo e nada fica.
Mas este íntimo secreto
Que no silêncio concreto,
Este oferecer-se de dentro
Num esgotamento completo.
Este ser-se sem disfarce
Virgem de mal e de bem
Este dar-se, este entregar-se
Descobrir-se e desflorar-se,
É nosso e de mais ninguém...
Poema de António Gedeão
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esta asturiana te da las gracias por compartir tan bellisimo poema , un besin muy grande
ResponderEliminarTienes una sensibilidad especial para elegir poemas. Este de Antonio Gedeon es muy bueno.
ResponderEliminarUn abrazo.
Olá neste sábado em meu blog minha coluna poética, uma homenagem ao grupo Roupa Nova e Bruno Martins no chá das 5. Conto com sua visitá lá.
ResponderEliminarinformativofolhetimcultural.blogspot.com
Magno Oliveira
Folhetim Cultural
Que beleza. É a solidão de todos nós.Ninguém se entende e estamos todos sós. Beijos. Não vai acompanhar minha novela?
ResponderEliminarOlá, Janita!
ResponderEliminarO título assenta que nem uma luva no conteúdo do poema.Deste homem que se vê como uma ilha, isolado, sem conseguir comunicar, a despeito da gente que tem à sua volta: O que ele sente, só ele acha que o sente; o que ele sofre, só por ele pode ser sentido.E o que parece que assim não é, acha ele que é apenas hipocrisia e fingimento.Este é o poema da desilusão e descontentamento, e muito sofrimento; um amargo depoimento!
Beijinhos; obrigado pelo comentário simpático. Bom resto de domingo.
Vitor
Cada um de nós, no seu íntimo secreto, é uma página de um livro que nunca ninguém leu. O ser-se sem disfarce é uma miragem. No fundo, ninguém pode viver a vida de outro embora muitos, por medo, ou simplesmente pelo gosto de controlar, tenham a ilusão que o conseguem. Cada Ser Humano é único, mas sempre ligado a tudo o que existe no universo por filamentos que ainda não sabemos explicar.
ResponderEliminarÉ envolvente sim!
ResponderEliminarBonitas palavras neste "Poema do Homem Só"!
Bjs dos Alpes
Lindo poema desse autor...beijos,tudo de bom,chica
ResponderEliminarQuerida amiga Janita!
ResponderEliminarFez uma boa escolha, Do António Gedeão, até tenho um poema dele decorado, Pedra filosofal, e este Envolvente Solidão, envolve bem mais de uma multidão, basta às vezes parar-mos um pouco, e observar à nossa volta, para termos uma noção, que a solidão está ali mesmo a nosso lado, e deambulando nas ruas de qualquer cidade, e não só.
Deje-lhe uma boa semana
um grande beijinho,
José.
Gran poema, y cierto las personas quieren entrar en las ideas y sentimientos de otras, pro eso no es posible pues son sensaciones inespunables que no queremos abandonar.
ResponderEliminarSaludos
"Envolvente", sim, sem dúvida, como só a solidão povoada de gente consegue!... Gedeão, inefável, como sempre!
ResponderEliminarBeijinho, amiga, muito grato pela simpatia e generosidade de seus comentários.
Olá, entrei pelo blogue amigo.
ResponderEliminarAntónio Gedeão nas suas verdades!
Podemos ter mil amigos, mil pessoas ao redor, mas naquele cantinho da alma, muitas vezes estamos sozinhos na mais profunda solidão que ao fim e ao cabo não é tão má assim se a soubermos preencher...
Um beijinho da laura
Um bocado sanguinário, este poema. Enão a parte de dar o sangue...
ResponderEliminarNão ligues ao rafeirito, ele é um nino lindo, só gosta de nos chatear ahhhhhhh.
ResponderEliminarBeijinhos e gostei de te ver.
laura
Minha amiga tal como Miguel Torga, Gedeão é um dos meus poetas preferidos.
ResponderEliminarTodos os seus poemas têm mensagens para reflectirmos acerca de nós e do que nos rodeia.
"Dão-se os nervos dá-se a vida,
Dá-se o sangue gota a gota,
Como uma braçada rota
Dá-se tudo e nada fica."
Que mais posso acrescentar perante isto?!
Beijinhos
Réplica incompleta
ResponderEliminarao meu (mais querido)poeta:
Não tenho íntimo secreto
nem silêncio concreto,
Minha Alma oferece-se de dentro
enquanto Eu me esventro
num esgotamento completo.
Sou assim sem disfarce
sem virgindade nem idade
Dou-me, entrego-me
Descubro-me e desfloro-me,
E quando todos julgam que me possuem e conhecem
transformo-me...
Querida Janita...Desde Sevilla...Mis felicitaciones por tan precioso poema...Muchos besitos
ResponderEliminarMais um de tantos, deste poeta que eu tanto admiro, e tu amiga sempre com bom gosto para os mostrares a quem os desconhece.
ResponderEliminarEspero que estejas melhor, beijinhos de luz e paz.
IDÉIAS TENS,PESSOA,DA ENVERGADURA ,DA NAU,QUE ADENTROU DOCÊ ATRAVÉS,EM CARDÍACO MIO,ENTRE TEMPESTADES DE BOROESTES E A VIDA EXPRESSARES EM POEMAS TUOS???????????????????????
ResponderEliminarDIOS ,COMO TE AMO!
POR FILHOS TER,ASTURIANA,ENTRE SENSIBILIDADES E A ARTE DO FEMININO PARTE FAZER????????????????????/
vida,esse é o meu propósito,tributar!
viva la VIDA
janita querida,
ResponderEliminarsim, a espiritualidade e a poesia podem caminhar juntas, bem sabia disto paul claudel, bruno tolentino, c.s lewis, joão paulo II, terea de calcutá, entre outros tantos que compartilham comigo a fé católica.
quanto a frase, tens razão, é paradoxal, más é uma verdade. infelizmente os grandes problemas da humanidade não são frutos do sofrimento,más do mal uso da liberdade humana, em nome da liberdade se constroi falsas eticas, ex: não existe verdade(então esta frase é uma mentira) como outras do relativismo. a liberdade de escolha gera grandes homens como nelsom mandela, gandhi, frei tito, e tristes homens como hitler, stalim e os ditadores.
Em nome da liberdade caimo no perigoso poço das escolhas erradas, e este as vezes é sem volta.
abraços de seu eterno amigo, poeta, e religioso.
sandrio cândido.
há tem novos poemas no aalmaearosa, estes sim no velho estilo sandriano(RSRSRS)
beijos
Olá, o rafeirito deixou coment no resteas, ele é um querido e comenta de forma só dele, mas na maioria, só nos faz rir, poesia não é com ele, mas, é um ser lindo, conheço-o...podes crer...
ResponderEliminarUm beijinho.
laura
Amiga Janita!
ResponderEliminarGostei muito da eleição do poema de Gedeão.
A solidão assim sentida e vivida é um pouco a de todos nós.
Há tempo no tempo de ser só.
Beijinhos
Ná