Ao visitar, hoje, o blogue de um grande amigo de longa data, deparei-me com uma fábula que me deixou a reflectir sobre a dificuldade que tenho em recusar qualquer pedido que me façam, ainda que camuflado sob a forma de lamento. No meio destes pensamentos ocorreu-me este poema de Guerra Junqueiro. Não tanto pelo poema em si, mas pela referência que faz a Tácito. Quero e devo acrescentar que nem a fábula nem o amigo têm nada a ver, directamente, com o rumo que os meus pensamentos tomaram. É que isto das cerejas não acontece só com as palavras.
In Pace – Finis
Declaro-me aposentado
Terminei. Ponto final.
Resta-me o céu estrelado
E as rosas do meu quintal.
Subi a montanha escura
Da vida…enorme ascensão
Uns quatro metros d’altura
Acima do rés-do-chão.
Lançando um olhar profundo
Dessa altura sobre-humana
Vi quanto é pequeno o Mundo
E grande a miséria humana.
Vi a traição e a cobiça
Fazendo festins reais
No corpo nu da Justiça
Às portas dos tribunais.
Vi que a história, um sonho breve
Na noite imensa e voraz
Se é Tácito quem a escreve
É Tibério quem a faz.
Vi que o «rei da criação»
Foi, antes de ser o que é
Lodo, esponja, tubarão
Réptil, condor, chimpanzé.
Guia-me apenas, distante
A luz ingénua da Crença
Vaga, nebulosa, errante
Nas trevas da noite imensa…
E cheio de tédio profundo
Vim enclausurar-me afinal
Longe, bem longe do Mundo
No «in pace» do meu quintal…
“A sinceridade e a generosidade se não forem temperadas com moderação conduzem infalivelmente à ruína.”
(Citação de Tácito historiador romano)
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Surpreendente Amiga JANITA,
ResponderEliminarAinda bem que o tom azul das hortênsias e este belíssimo poema de Guerra Junqueiro [introduzido por um magnífico texto] a inspiraram e serviram de respaldo ao seu regresso, muito embora, em espírito, esteja sempre presente no coração dos seus amigos.
Saber dosear é dar um passo de cada vez e usar a razão, atingindo assim a perfeição com a imperfeição.
Com toda a amizade e carinho, desejo tudo de bom para si.
Jorge
Tácito disse, então, eu já estou na ruína. Janita, meus pensamento vão paralelos com os seus. Um beijo, tudo de bom para você
ResponderEliminarMinha Querida Amiga Janita,
ResponderEliminarApreciei a sua introdução ao poema que é magnífico e principalmente o pensamento de Tácito que é a cereja em cima do bolo...
Saber dosear é uma qualidade muito rara nos tempos actuais mas muito necessária!
Beijinhos muito amigos e solidários-
Gostei dos versos editados
ResponderEliminarDiscordo do que o Tácito assina
Terão sido outros os predicados
Que nos conduziram ruína
Boa?
HOLA AMIGA!!
ResponderEliminarQUÉ LINDAS PALABRAS . COMO SIEMPRE PRECIOSAS...
UN BESO GRANDE CON MUCHO CARIÑO.
PAT
Janita
ResponderEliminarConfesso que nunca fui grande leitor de poesia. Apesar disso fui ao longo da vida encontrando poemas que me marcaram. Especialmente alguns que foram transformados em canções a que a melodia e a voz realçaram o seu conteúdo.
Hoje leio mais. Até porque na blogosfera me foram dados a conhecer poemas e poetas com palavras que apetece ler e reler.
Obrigado pela partilha.
Abraço
Amiga Janita passei por acaso no teu blogue, e deparei-me com este lindo poema cheio de verdades, mas todo o ser humano é imperfeito, e, assim temos de saber dar para saber receber.
ResponderEliminarNão precisamos dar objectos, nem dinheiro, apenas dar uma palavra de conforto,a maior parte das vezes já mata a fome e dá alegria a muita gente, não é só dizer-se que se gosta de alguém, temos de saber demonstrar o quanto o nosso amor é importante na vida desse alguém.
O ser humano é muito orgulhoso e o orgulho leva para bem longe o que temos no coração.
Beijinhos de luz, paz e muito amor no teu coração
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As palavras são como as cerejas, os pensamentos leva-os o vento. Tudo flui à velocidade de um TGV (ou será de um relâmpago?) e essa associação de ideias conduzem-nos muitas vezes onde não sabemos onde. Trazer de Tácito, Junqueiro foi uma felicíssima associação; trazer de Tácito a citação é um bom tema de reflexão. Se Tácito me conhecesse chamar-me-ia idiota, mas resvalaria na minha indiferença pois é uma idiotice assumida de que não me arrependo. Eu gosto de ser solidário. O seu post é uma maravilha de partilha de bom gosto.
ResponderEliminarOlá Janita, amei demais este poema. Agora o saber está na dose com que se compõe o bolo da vida. Ás vezes aquelas pequeninas coisas dão tanta felicidade...mas o ser humano por vezes não lhes dá o devido valor. Amei a introdução amiga. Beijos com carinho
ResponderEliminarEm paz até os herdeiros resolverem vender o quintal para fazer um prédio. Agora imagina que lhe metem uma creche em cima...
ResponderEliminarBeijocas!
HERMOSA POEMA QUERIDA JANITA; ESOS PENSAMIENTOS TRADUCIDOS AL DIA DE HOY, SON EJEMPLARES.-
ResponderEliminarTE DEJO UN BESO Y EL DESEO DE QUE VIVAS INFINIDAD DE DÍAS FELICES.-
Perfeita a escolha... e perfeito o remate!
ResponderEliminarOlá, Janita!
ResponderEliminarBem vinda!
Pessimismo e realismo são por vezes, e para desgosto nosso, sinónimos que gostaríamos que não o fossem.Tem neles sabor amargo a desencanto, que não torna mais fácil o viver.
O alguma vez sentirmos que fomos demasiado bons e generosos,ingénuos aos olhos de outros, é sensação desagradável que nos faz pensar se vale a pena ser aquilo que somos...
Mas, no fundo, não podemos deixar de ser como somos, sob pena de deixarmos de ser nós...
Texto sábio, escrito por gente avisada,que convida a nele meditar.Bela escolha.
beijinhos, bom regresso.
Vitor
Lindo esse poema de G.Junqueiro,janita! bela escolha e tuas ponderações ótimas! beijos,inda semana,chica
ResponderEliminarÉ muito feliz na escolha deste magnifico e actual poema do grande Guerra Junqueiro.
ResponderEliminarÉ bom constatar que há, como a Janita, quem tenha o bom gosto de ir dando a conhecer a obra, tão esquecida, deste grande escritor.
Claro que as conversas são como as cerejas. Começa-se em Guerra Junqueiro e acaba-se no junqueiro da guerra.
ResponderEliminarPodes continuar a espargir as flores do teu jardim e também o perfume dum bom poema.
Beijinho amiga
Olá, Janita!
ResponderEliminarBom festejos do São João...em Lisboa,
e um dia muito feliz na celebração do aniversário do herdeiro. Bom fim de semana.
Beijinhos.
Vitor
Belíssimo, Janita. Só não concordo muito com o Tácito não. Beijos
ResponderEliminarSublime e Fabulosa Poetiza Amiga:
ResponderEliminar"...Guia-me apenas, distante
A luz ingénua da Crença
Vaga, nebulosa, errante
Nas trevas da noite imensa…"
Um delicioso versejar de sonho.
Um poema que é uma lição fantástica de vida.
Já regsitei no meu livro da vida que tenho comigo sempre no bolso das calças.
Parabéns sinceros. É mágica no que concebe de beleza e pureza poéticas imensas.
Bem-Haja, pela sua simpática visita que adorei.
Verseja com talento divinal. Só pertença dos seres de luz tão intensa que ofusca.
Abraço amigo de respeito, estima e gigante consideração pelo seu versejar de ouro puro.
Sempre a admirá-la
pena
É notável, poetiza amiga.
Bem-Haja, pelo seu profundo e intenso valor enorme e magestoso no que concebe de maravilhar.
Bem-Haja!
Tu poesía como siempre hermosa, es una caricia para el espíritu, es un autentico placer el leertey disfrutar de tus versos.
ResponderEliminarPD: Me gustaría que pasaras por mi blog, tengo un premio que quisiera que te lo llevaras, es una pequeña muestra de afecto y reconocimiento.
Un beso.
Fabulosa Poetiza Amiga:
ResponderEliminarEu reparei que o poema era do Consagradíssimo e profundo poeta Guerra Junqueiro.
Eu reparei.
O que me preocupa mais no seu pedido de desculpa é isto:
"...Amigo Pena, espero não tê-lo melindrado e, por favor, não interprete mal este meu pedido..."
Isto é que não entendo?
Parece que todos os meus sinceros amigos fazem de mim,não sei o quê?
Já outro meu amigo no comentário que me efectuou fala em "esforço", em "Anjos", mas não comenta o Post.
Porquê não sei?
Parece que fazem de mim uma ideia que não vou expressar para ficar de bem outra vez com todos(as), está bem?
Que Deus nos valha.
Abraço amigo de imenso RESPEITO que nutro por si.
Sempre a admirá-la pela exemplar Cidadania e civismo invulgares.
Foi um abandono, sabe? Mas, não faz mal. Cá me arranjo. Aliás, está tudo a imitar nos blogues a forma e o conteúdo do meu geito de escrever-tipo "Psicanálise literária", sabe? Creio que tem valor ou não?
Sempre a lê-la com atenção.
pena
MUITO OBRIGADO, mas explique-me o que está a acontecer?
Estou a ser pouco simpático?
Ou estou a morrer, oh, Deus?
Que mal teria feito agora?