A partir de amanhã e até ao final da primeira semana de Setembro, estarei em férias. Finalmente! No entanto, até aquilo que nos sabe bem tem, por vezes, o seu lado menos bom. No meu caso é ficar afastada dos meus amigos/as virtuais, aos quais me afeiçoei de verdade. Mas, como vos digo no título, vou levá-los comigo. No pensamento e no coração! Não levo o meu PC, mas hei-de arranjar maneira de vos espreitar de vez em quando. Já sei, de antemão, que não irei resistir tanto tempo sem saber de vós! Meus Amigos, todos sem excepção, fiquem bem e sejam felizes.
Estas imagens são da Praia de Leça da Palmeira, Matosinhos. As duas primeiras tirei-as hoje, numa manhã um pouco nublada e húmida. Curiosamente, a temperatura da água do mar não estava tão gélida como é frequente aqui nas praias do norte. A terceira, é de há quinze dias atrás, durante uma das minhas caminhadas matinais.
As minhas férias não serão passadas aqui no Norte. Quando voltar vos contarei!
Vou deixá-los com um pensamento algo curioso de:
Carlos Drummond de Andrade
"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil, porque namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, brisa e filosofia."
E esta hein???
Fiquem a pensar nisto e sejam namorados/as de verdade.
Gosto da simplicidade! Sou uma pessoa simples, com gostos simples. É no meio de gente simples que me sinto bem. Não teria temperamento nem paciência para conviver com gente arrogante que se considera superior aos demais. Nunca tive a veleidade de aparentar aquilo que não sou nem possuo, pelo que tudo o que faço é tão simples como eu. Mas, o mais importante de tudo, é que gosto muito de ser como sou! Assim como me sinto muito feliz por constatar que no mundo da blogosfera existem pessoas com um elevado nível intelectual, extremamente cultas e talentosas e, no entanto, são tão simples como eu. Isso não é maravilhoso?
Queria, queria Ter a singeleza Das vidas sem alma E a lúcida calma Da matéria presa. Queria, queria Ser igual ao peixe Que livre nas águas Se mexe. Ser igual em som, Ser igual em graça Ao pássaro leve,
Quevoa e esvoaça... Tudo isso, eu queria! (Ser fraco e ser forte).
Queria viver E depois morrer Sem nunca aprender A gostar da morte…
Em resposta ao desafio lançado pelo Carlos Barbosa Oliveira do CR, fiz esta repescagem de um texto que escrevi, no início do meu blog, e dediquei ao meu neto João, em virtude da grande paixão que ele sentia e sente pelo mar.
A Praia
O João é um menino traquina e irrequieto como, aliás, são todas as crianças. Mas este menino tinha um sonho. Um sonho que crescia no seu peito, à medida que ele crescia.
Como nascera numa pequena aldeia no interior de Trás-os-Montes, e nunca de lá tinha saído, o João não conhecia o mar. Conhecer o mar! Esse era o grande sonho do João.
- Ó mãe – perguntava ele - Quando é que vamos ao Porto ver a minha avó?
-Ai meu filho, as vezes que tu já me fizeste essa pergunta - respondia a mãe já cansada de o ouvir - No próximo fim - de - semana, se Deus quiser, vamos.
-E podemos ir à praia, mãe? - Tornou o João não cabendo em si de contente - Podemos?
-Mas é claro - retorquiu a mãe pacientemente e com ternura na voz - Pois se tu não tens falado noutra coisa há uma série de dias!
Depois de feita a viagem e se terem instalado em casa da avó do João, no Domingo de manhã bem cedinho, rumaram à Foz do Douro. Quando lá chegaram, o João mal deu tempo à madrinha de estacionar o carro junto ao paredão. Saltou para o passeio e quedou-se, extasiado, a olhar.
Que bonitas eram aquelas barracas - pensava ele - Todas seguidinhas umas às outras e tão coloridas, com aquele pano às riscas largas, vermelhas e brancas e outras mais estreitinhas atrás, brancas e verdes.
-João, não fiques aí especado a olhar – disse-lhe a avó. Vem buscar a tua mochila, que já vamos todos para a praia.
Desceram os degraus do passeio que davam acesso à Praia da Luz e ao chegar ao areal, o João não se conteve e correu em direcção ao mar. Mas não se aproximou demais, não, que aquela imensidão de água metia respeito.
Nesse dia a maré estava calma, e as ondas vinham morrer, de mansinho, aos pés do menino deixando-os branquinhos de espuma.
-Então meu querido? - Era a voz da mãe que chegou sem que ele se apercebesse - Estás contente?
-Muito mãezinha, muito!
E o João corria, para lá e para cá, batia com os pés na água e ria de felicidade. Durante o dia fez desenhos na areia, chapinhou na água, jogou à bola e o tempo foi passando. Até que chegou a hora de regressar a casa. Enquanto a mãe e a avó guardavam as toalhas e fechavam o guarda-sol, o menino sentado num banco em frente ao mar, vendo as ondas desfazerem-se em espuma de encontro às rochas, descobriu o que iria ser quando crescesse. Fixando o olhar, lá longe, na linha do horizonte, o João disse baixinho:
-Quando for grande, vou ser marinheiro!
“A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja.”
Citação de Miguel Cervantes
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“Fui Sabendo de Mim”
Fui sabendo de mim por aquilo que sentia. Pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia. Fui ficando por umbrais aquém do passo que nunca ousei dar. Eu vi a árvore morta e soube que mentia…
- Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas – exclamou o estudante – mas em todo o jardim não há uma única rosa vermelha.
Do seu ninho, no carvalho, o Rouxinol ouviu-o e, espiando-o através da folhagem, ficou pensativo.
- Nem uma rosa vermelha em todo o meu jardim! – repetiu o estudante, e os seus olhos encheram-sede lágrimas. – Ah! De que insignificâncias depende a felicidade! Li tudo o que escreveram os sábios, conheço todos os segredos da filosofia. No entanto, a falta de uma rosa vermelha torna a minha vida intolerável.
- Eis aí, finalmente, um amante sincero! – disse o Rouxinol. – Durante muitas e muitas noites cantei com ele, embora não o conhecesse, cantei às estrelas a sua história e agora o vejo... O cabelo é negro como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa dos seus desejos, mas a paixão pôs no seu rosto a palidez do marfim e a dor marcou-lhe a fronte.
- Amanhã à noite o Príncipe dará um baile - murmurou o estudante - e a minha amada estará entre os convidados. Se eu lhe levar uma rosa vermelha, dançará comigo até ao amanhecer. Somente se lhe levar uma rosa vermelha... Ah... Como queria tê-la nos meus braços, sentir-lhe a cabeça no meu ombro e a sua mão presa na minha. Mas não há uma única rosa vermelha no meu jardim... e ficarei só.
E o estudante tapou o rosto com as mãos, atirou-se para cima da relva e chorou. O amor, realmente, é uma coisa maravilhosa. É mais precioso do que as esmeraldas e mais raro do que as opalas finas!
- Porque choras? – perguntou um pequeno lagarto, ao passar por ele correndo, de rabinho no ar.
- Porquê? – disse a borboleta que esvoaçava, perseguindo um raio de sol.
- Porquê? – sussurrou uma linda margarida à sua vizinha.
- Chora por uma rosa vermelha – disse o Rouxinol.
- Por uma rosa vermelha? – exclamaram. – Que coisa ridícula! – E o pequeno lagarto, que era um tanto irónico, não conteve uma gargalhada.
Mas o Rouxinol compreendia o segredo da dor do estudante e ficou silencioso no carvalho, pensando no mistério do amor.
Subitamente abriu as asas trigueiras e lançou-se pelos céus. No meio da erva crescia um magnífico roseiral. O Rouxinol voou na sua direcção e pousou num dos seus ramos.
- Dá-me uma rosa vermelha – pediu - e cantar-te-ei a mais linda das minhas canções.
Mas o roseiral abanou a cabeça.
- As minhas rosas são brancas, tão brancas como a espuma do mar, e mais brancas do que a neve da montanha.
Assim o Rouxinol voou para o roseiral que crescia por baixo da varanda do estudante.
- Dá-me uma rosa vermelha – pediu.
- As minhas rosas são vermelhas – respondeu o roseiral – vermelhas como os pés das rolas, mais vermelhas do que os leques de coral que se movem nas profundezas do oceano, mas o rigor do inverno penetrou nas minha veias e a tempestade quebrou os meus ramos. Não darei rosas este ano.
- Apenas uma rosa vermelha, é tudo o que desejo – suplicou o Rouxinol – Apenas uma! Não haverá meio de a conseguir?
- Há um meio – respondeu o Roseiral – mas é tão terrível que não ouso revelar-te.
- Diz – insistiu o Rouxinol – Não tenho medo!
- Se queres uma rosa vermelha – disse o Roseiral – deves criá-la com o teu canto e tingi-la com o sangue do teu coração. Deves cantar para mim, com o peito atravessado por um espinho. Durante toda a noite deves cantar para mim, e o sangue da tua vida deve correr nas minhas veias e tornar-se meu.
- A morte é um preço muito elevado a pagar por uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol – e a vida é preciosa…é tão bom estar-se no bosque…suave é o perfume da madrugada e suaves são as campânulas que se escondem no vale.
- O Amor, porém, é melhor do que a vida, e o que é o coração de um pássaro comparado com o coração de um homem?
E assim falando, abriu asas, elevando-se pelos céus.
O estudante estava no mesmo lugar em que o deixara.
- Alegra-te – disse-lhe o Rouxinol – terás a tua rosa vermelha. Criá-la-ei com o meu canto quando a Lua brilhar e tingi-la-ei com o sangue do meu coração. A única recompensa que te peço é que sejas um amante fiel, pois o Amor é mais sábio o que a Filosofia, por mais sábia que esta seja.
O estudante escutou, mas nada pode entender, pois não conhecia outras coisas além das que vinham escritas nos livros.
O carvalho, porém, compreendeu e ficou triste, porque amava muito o Rouxinol que tinha construído o ninho entre os seus ramos.
O estudante foi para o seu quarto. Deitou-se e adormeceu a pensar no seu amor.
Quando a Lua brilhou no céu, o Rouxinol voou para o Roseiral e atravessou o peito com um espinho. Durante toda a noite cantou e o espinho cada vez mais profundamente penetrava no seu peito, e o sangue da sua vida abandonava-o gota a gota.
No mais alto ramo do Roseiral desabrochou, pétala a pétala, uma rosa encantadora. A princípio era pálida como a neblina sobre o rio, mas o Roseiral gritou. – Aperta mais, pequeno Rouxinol…ou o dia virá antes da rosa estar concluída!
E um ténue colorido róseo invadiu as folhas da rosa, como o rubor da noiva quando beija o noivo nos lábios.
E a rosa encantadora tornou-se carmesim como a rosa do céu Levante. Escarlate era a coloração das suas pétalas e escarlate como o rubi era o seu coração.
O Rouxinol cantou, então, a sua derradeira melodia. A rosa vermelha ouviu-a e, trémula de emoção, abriu-se à aragem fria da manhã.
- Olha! Olha – gritou o Roseiral – a rosa está concluída. Mas o Rouxinol não respondeu; caíra morto sobre a relva, com o espinho cravado no coração.
Ao meio-dia, o estudante apareceu à janela e olhou para o jardim.
- Que felicidade! – exclamou – Uma rosa vermelha! Nunca vi outra semelhante em toda a minha vida! É tão bela que deve ter um qualquer nome complicado em Latim! – E curvou-se para colher.
Depois, pondo o chapéu, foi a correr até à casa do professor, com a rosa na mão. A filha do professor estava sentada no alpendre, com o cachorrinho deitado aos seus pés.
- Disseste que dançarias comigo se trouxesse uma rosa vermelha – disse-lhe – Eis a rosa mais bela do mundo. Hoje á noite levá-la-ás junto ao coração e enquanto estivermos a dançar, ela te dirá quanto te amo!
Mas a jovem franziu a testa.
- Receio que não esteja em harmonia com o meu vestido – respondeu ela – pois o sobrinho do camareiro enviou-me jóias verdadeiras e todos sabem que jóias custam muito mais do que flores.
- Que coisa estúpida é o Amor – disse o estudante, afastando-se – De nada serve a lógica, porque nada prova: conta-nos sempre coisas que nunca sucederão e faz-nos acreditar em coisas que não são verdadeiras. Voltarei à Filosofia e estudarei Metafísica.
Regressou ao seu quarto e pegou num livro empoeirado, pondo-se a ler…
Quero agradecer-vos as palavras de apoio e estímulo no meu post anterior, assim como a todos aqueles que em outras ocasiões que me senti menos bem me manifestaram a sua solidariedade. Na verdade, nunca fui muito apologista de dar de beber à dor, mas de vez em quando fraquejo. Um problema de saúde que me afligia e andava a influenciar negativamente o meu estado de espírito ficou hoje controlado e o meu ânimo arribou. É verdade, tenho agora comigo uma engenhoca que mais parece um telemóvel e me permite ser eu a auto examinar os níveis da diabetes. Quero agora, seguir os conselhos de Fernando Pessoa e voltar a soltar as minhas sonoras gargalhadas.
Queridos Amigos, muito obrigada a todos!
“ Felicidade”
Não te acostumes com o que não te faz feliz,
Revolta-te quando julgares necessário.
Inunda o teu coração de esperanças,
Mas não deixes que ele se afogue nelas.
Se achares que precisas voltar, volta.
Se perceberes que precisas seguir, segue.
Se estiver tudo errado, começa novamente.
Se estiver tudo certo, continua.
Se sentires saudade, mata-a!
Se perderes um amor, não te percas
Se o achares… segura-o!
Há dias, em que sem nenhuma razão válida nem aparente nos sentimos nostálgicos e tristes. À nossa memória não ocorrem momentos gratos e felizes. Apenas nos assaltam aqueles momentos que até gostaríamos de esquecer, mas que teimosamente persistem em nos perturbar e entristecer. Uma estranha melancolia à qual não conseguimos fugir e nem sequer justificar, agarra-se como uma lapa e o único remédio é esperar que ela se desprenda de nós e vá embora. Sim, porque nada nem sequer o que sentimos dura eternamente.
Se perguntarmos a um português se fala espanhol, a maioria responderá que consegue “enrolar” muito bem. Eu inclusivé, pois claro!
Outros dirão que dá para entender tudo, mas na hora de falar surge a confusão. Divergências à parte, o facto é que a maioria dos portugueses e brasileiros consegue sair-se muito bem. É que a semelhança entre o português e o espanhol facilita a compreensão e a comunicação.
Esta tentativa de comunicação já se tornou tão comum que foi apelidada carinhosamente de portunhol.
Com a ajuda deste guia vou tentar dar alguns exemplos de palavras semelhantes, mas com sentido diferente e que pode levar a grandes confusões.
Escusado será dizer que também eu estou a aprender.
Acordar: Não significa tirar alguém do sono. Quer dizer lembrar. Também tem o sentido de concordar, combinar.
Alborozo: Dá imediatamente a ideia de agitação, alvoroço, mas significa regozijo. Alvoroço seria, em espanhol, alboroto.
Aliñar: Se um espanhol lhe disser: “Aliña el tomate” não pense que se trata de enfileirar as rodelinhas do tomate de forma especial. Ele está a pedir-lhe para temperar o tomate.
Azar: “Por azar me encontré a Janita” . Não. Isto não quer dizer que eu seja uma pessoa mal vista, desagradável ou coisa assim. O que o meu amigo quer dizer é que me encontrou casualmente.
Berro: Não é um grito e sim agrião.
Borracha: Esta é fácil. Nem vou dizer. “La muchacha está borracha”. Quem não sabe?
Burlarse: Significa fazer troça de alguém e não burlar.
Borrar: Não quer dizer sujar com porcaria e sim apagar.
Canas: É aquilo que aos homens dá um certo charme e às mulheres…que raiva…é sinónimo de velhice. Cabelos brancos, cãs.
Cola: Não serve para unir cacos porque quer dizer rabo. Ex. Cola del caballo. Também quer dizer fila.
Coma: Não é nenhum tempo do verbo comer e sim, vírgula. Punto y coma: ponto e vírgula.
Enderezar: Não é escrever a direcção para onde vai seguir a sua carta. É endireitar o que está torto.
Enojarse: Não é sentir nojo, é zangar-se. “Perdóname, no pensé que te fueras a enojar…”
Extranãr:Se lhe disserem “ Te extraño mucho”, fique contente pois sentem a sua falta. Têm saudades de si.
Fofa: Setiverumanamorada espanhola, jamais lhe diga isso, pois não lhe está a dizer que ela é graciosa e terna e sim que é flácida e mole. Já viu o que lhe vai acontecer?
Latir: Não é o lamento de um cachorro e sim o palpitar do seu coração: “Su corazón latía fuerte”.
Morada: Não é, de forma alguma, a sua residência. É a cor roxa!
Oficina: Quem vai para a oficina são os executivos e secretárias e não o mecânico. Esse vai para o taller mecánico. Oficina= escritório.
Pipa: Não associe esta palavra a vinho nem a quantidades. Em espanhol significa cachimbo!!
Pito: Não! Não é o que está a pensar nem sequer uma repreensão.
É simplesmente um apito.
Propina: Não é aquilo que o governo lhe saca para o seu filho vir a ser um engenheiro ou doutor. É a gorjeta que dá e depois fica a chorar... ou não.
Rato: Não é um animalzinho roedor. É um momento. Um tempinho.
Salgo e salga: Não tem nada a ver com o abuso do sal. E sim com o verbo Sair : Saio e o imperativo: saia !
Té: Não é abreviatura de Teresa, por exemplo. É somente chá.
Vaga: Mulher preguiçosa. Daquelas que não gostam nada de trabalhar.
Zurdo: Em castelhano um zurdo ouve lindamente. Apenas é esquerdino ou canhoto.