sexta-feira, 15 de julho de 2011

PAIXÕES.



Para além de termos nascido ambas no Alentejo e ela ter vivido no norte do país, há uma afinidade entre mim e Florbela Espanca.
Não é o permanente sentimento de angústia e insatisfação com que ela sempre se debateu, mas o imenso amor pelas vastas planícies alentejanas.
Não sendo ela a minha poetisa preferida, há em muitos dos seus poemas um grito desgarrado de dor que me entristece e ao mesmo tempo me fascina.
Este soneto, sinto-o como se meu fosse.




Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte.

E quando, manhã alta, o sol pesponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte.

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão, remédio para tanta mágoa.

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
               Também eu ando a gritar, morta de sede
Pedindo a Deus…a minha gota de água!



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27 comentários:

  1. Querida Janita,

    adoro Florbela Espanca e, curiosamente, gosto muito deste "Árvores do Alentejo"!

    Beijinho para si e votos de um excelente fim de semana!!!

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  2. Cara Janita
    Não tendo formação escolástica suficiente para perceber o fenómeno da poesia, desde muito cedo fui tendo acesso a alguns poemas que me marcaram. Sinceramente ainda não elegi o meu poeta preferido. A Florbela na sua poesia consegue explicar a tristeza na sua maior profundidade.
    Aliás, acho que em geral a poesia tem a tristeza na sua génesis. Mas eu tenho encontrado na poesia ao longo da vida, respostas para muitas das minhas interrogações.
    Abraço

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  3. Janita,
    Florbela,
    Sorte seria a dela
    se o meu pássaro avisado
    lhe tivesse suas asas emprestado

    Voar, voar, voar
    (porque não acreditava ela poder voar?)

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  4. Olá Janita
    Embora não me case muito bem com a Florbela, dada a sua misteriosa e reservada poesia, a senhora tem alguns textos que me compensam esse sentimento.Este é um deles.
    "Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
    Também eu ando a gritar, morta de sede
    Pedindo a Deus…a minha gota de água!"
    Tráz um "cabanejo" de emoções, estando todos os caminhos em aberto.
    Um beijinho grande e bom fim de semana.
    Eduarda

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  5. Si en verdad son poemas tristes,pero son poemas que perfectamente se hacen realidad.

    Unas veces por el abandono del hombre que los arboles los deja secar, otras por construir no les importa sacrificar arboles.

    Saludos yodados y por las brisas del mar transportados.

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  6. linda poesia, Janita! Essa última estrofe corta o coração.Sinto que é bom compartilhar a dor. Nunca tinha pensado nisso antes, mas o poema me fez pensar. Beijo, bom fim de semana para você, querida

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  7. Afinal temos muito em comum, ambos somos do Alentejo e admiramos essa poetisa da dor e do sofrimento.
    Este poema é, talvez, um dos meus preferidos.
    Felicito pela escolha.

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  8. Ola
    Estou na final da ostra poesia, me desculpe porvir lhe pedir votinho para a minha poesia, Precisamos. Mas sem a sua ajuda eu não irei conseguir. Prometo que passando esta fase eu virei comentar apenas sobre o conteúdo de seu cantinho.
    Como votar você entra no link …http://ostra-da-poesia-as-perolas.blogspot.com/
    No final da pagina das poesias esta escrito
    VOTE CLICANDO NA PALAVRA COMENTÁRIOS Lindalva 1 comentários
    Por favor coloque coloque o nome da autora e da poesia, ( Precisamos ... Maria Alice Cerqueira e o nome do seu blog. para que Lindalva possa confirmar seu voto.
    Desde já lhe agradeço de coração.
    Tudo do melhor para você.
    Abraço amigo
    Maria Alice

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  9. Olá, Janita!

    Este é um poema lindo na sua imensa tristeza.Árvores e seres humanos, olhados do mesmo modo, ambos maltratados pela Natureza.
    Bonita escolha.

    Beijinhos; bom fim de semana,e tudo de bem consigo.
    Vitor

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  10. Querida amiga Janita!
    Gosto Muito da Florbela,e deste Sonete, que fala da falta de água no Alentejo, e da sede que ela também tinha, talvez não fosse sede de água.
    Hoje o Alentejo, está uma parte coberto de água, mesmo quando chove pouco, a água lá está, mas é só para os barquinhos de recreio darem umas voltinhas.
    Esse amor que a Janita, tem pelas planícies Alentejanas, e que a Florbela, também tinha, eu conhece alentejanos, e alentejanas, que abalaram de lá de pequeninos, também sentem esse amor, acho que esse é um sentir Alentejano.

    Um bom fim de semana,
    Um beijinho grande para si,
    José.

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  11. Forte e lindo!
    Florbela tem sempre o condão de nos tocar.
    É um a poetisa... límpida!
    Beijinhos.

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  12. JANITA
    valeu a pena passar por aqui.
    um beijo e poesia


    AQUI E AGORA


    Aqui...
    A poesia...

    Aqui...
    A vida...

    Aqui...
    O Amor...

    Mas...
    Muitas vezes...

    Aqui...
    O desencanto...

    Aqui...
    A dor...

    Aqui...
    O choro...

    E neste encanto...
    E desencanto...

    Aqui...
    Com coisas boas...

    Ou...
    Com coisas más...

    Aqui...
    Sempre a certeza...

    Que é muito bom...
    Estar Aqui!...


    LILI LARANJO

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  13. VOLTEI
    Para deixar um beijinho e bom fim de semana

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  14. Só para completar, nasci no Sobral d'Adiça e adoro Serpa.

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  15. Queria ver se a Florbela andasse enrolada com um lenhador se escreveria estas frases...

    Beijocas!

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  16. Também gosto muito de Florbela Espanca!
    Uma boa escolha.

    Bjs dos Alpes

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  17. Gosto muito da Florbela e agradeço a oportunidade que me deu de a reler, após o regresso de férias.
    Quanto a paisagens, é que vou mais para o Norte e esse imenso Douro que me deixa sem respiração todos os anos, quando por lá passo uns dias.

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  18. Querida amiga Janita
    Que maravilha nos recorda aqui, esta pérola de Florbela, imorredoira poetisa da tristeza e solidão mas. sem dúvida, de uma sensibilidade contagiante!
    Obrigado por este momento delicioso!
    Beijinhos
    Quicas

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  19. Janita, minha visita venho fazer,
    Com orgulho a cumprimentar
    Sua visita quero agradecer
    Em troca, trago água para com sede não ficar.

    Ser alentejano é um dom,
    Que a ninguém se exige
    Reclamar, alto, em bom som
    Contra, a quem nos atinge.

    Nasci no Alentejo,
    Não á beira do Guadiana
    Nas margens do Rio Sado
    Vejo linda paisagem alentejana.

    Em Santa Margarida do Sado,
    Vi lindas moçoilas
    A olhá-las fiquei parado
    Lá no campos as papoilas.

    Numa manhã de Primavera,
    Louco por elas fiquei
    Encontrá-las quem me dera
    Mas, aonde já não sei.

    Um abraço
    Eduardo.

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  20. Amiga Janita,
    A poesia de Florbela Espanca é o espelho do seu estado de alma e do seu pensamento. Ela abre a porta do seu coração pelo lado de dentro.
    O que mais adoro no Alentejo é a lisura das suas planícies.
    Bjs
    J

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  21. Minha querida

    Admiro Florbela...foi uma alma insaciada, nasceu e viveu num tempo onde nunca se encontrou...o mundo todo não chegava para ela voar.
    Também sou Alentejana e esse poema é lindo...esteve no meu blogue cantado pela Teresa Silva Carvalho.

    Deixo o meu beijinho carinhoso
    Rosa

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  22. Hermoso soneto, canto nostálgico y desesperado de una tierra que ve como sus hijos los arboles son sacrificados en aras no se sabe bien de que.
    Magnifica poesía.
    Un beso.

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  23. Olá Janita
    Gostei muito do texto e obviamente que o vou incluir no desafio. Pedia-te apenas uma coisa: podes identificar a praia onde ocorreu esse episódio?
    'brigado!

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  24. Florbela cantou a dor como ninguém...alma sofredora em corpo que queria voar mais além ou simplesmente
    sentir amor.
    O alentejo é também a minha paixão!

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  25. Janita

    Curvo-me diante da Memória da Florbela, como me curvo ante as Árvores Alentejanas.
    Florbela, a minha Musa...

    SOL da Esteva
    http://acordarsonhando.blogspot.com/

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  26. Olá Janita, muito belo mas é tão triste que corta o coração. Adorei amiga uma belíssima escolha. Espero que estejas bem. Beijos com carinho

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  27. Às vezes - as gotas de água não chegam para saciar a sede imensa. Às vezes - um rio imenso é preciso.
    Lindo poema!
    Beijinhos Janita

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