Para além de termos nascido ambas no Alentejo e ela ter vivido no norte do país, há uma afinidade entre mim e Florbela Espanca.
Não é o permanente sentimento de angústia e insatisfação com que ela sempre se debateu, mas o imenso amor pelas vastas planícies alentejanas.
Não sendo ela a minha poetisa preferida, há em muitos dos seus poemas um grito desgarrado de dor que me entristece e ao mesmo tempo me fascina.
Este soneto, sinto-o como se meu fosse.
Árvores do Alentejo
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte.
E quando, manhã alta, o sol pesponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte.
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão, remédio para tanta mágoa.
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também eu ando a gritar, morta de sede
Pedindo a Deus…a minha gota de água!
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Querida Janita,
ResponderEliminaradoro Florbela Espanca e, curiosamente, gosto muito deste "Árvores do Alentejo"!
Beijinho para si e votos de um excelente fim de semana!!!
Cara Janita
ResponderEliminarNão tendo formação escolástica suficiente para perceber o fenómeno da poesia, desde muito cedo fui tendo acesso a alguns poemas que me marcaram. Sinceramente ainda não elegi o meu poeta preferido. A Florbela na sua poesia consegue explicar a tristeza na sua maior profundidade.
Aliás, acho que em geral a poesia tem a tristeza na sua génesis. Mas eu tenho encontrado na poesia ao longo da vida, respostas para muitas das minhas interrogações.
Abraço
Janita,
ResponderEliminarFlorbela,
Sorte seria a dela
se o meu pássaro avisado
lhe tivesse suas asas emprestado
Voar, voar, voar
(porque não acreditava ela poder voar?)
Olá Janita
ResponderEliminarEmbora não me case muito bem com a Florbela, dada a sua misteriosa e reservada poesia, a senhora tem alguns textos que me compensam esse sentimento.Este é um deles.
"Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também eu ando a gritar, morta de sede
Pedindo a Deus…a minha gota de água!"
Tráz um "cabanejo" de emoções, estando todos os caminhos em aberto.
Um beijinho grande e bom fim de semana.
Eduarda
Si en verdad son poemas tristes,pero son poemas que perfectamente se hacen realidad.
ResponderEliminarUnas veces por el abandono del hombre que los arboles los deja secar, otras por construir no les importa sacrificar arboles.
Saludos yodados y por las brisas del mar transportados.
linda poesia, Janita! Essa última estrofe corta o coração.Sinto que é bom compartilhar a dor. Nunca tinha pensado nisso antes, mas o poema me fez pensar. Beijo, bom fim de semana para você, querida
ResponderEliminarAfinal temos muito em comum, ambos somos do Alentejo e admiramos essa poetisa da dor e do sofrimento.
ResponderEliminarEste poema é, talvez, um dos meus preferidos.
Felicito pela escolha.
Ola
ResponderEliminarEstou na final da ostra poesia, me desculpe porvir lhe pedir votinho para a minha poesia, Precisamos. Mas sem a sua ajuda eu não irei conseguir. Prometo que passando esta fase eu virei comentar apenas sobre o conteúdo de seu cantinho.
Como votar você entra no link …http://ostra-da-poesia-as-perolas.blogspot.com/
No final da pagina das poesias esta escrito
VOTE CLICANDO NA PALAVRA COMENTÁRIOS Lindalva 1 comentários
Por favor coloque coloque o nome da autora e da poesia, ( Precisamos ... Maria Alice Cerqueira e o nome do seu blog. para que Lindalva possa confirmar seu voto.
Desde já lhe agradeço de coração.
Tudo do melhor para você.
Abraço amigo
Maria Alice
Olá, Janita!
ResponderEliminarEste é um poema lindo na sua imensa tristeza.Árvores e seres humanos, olhados do mesmo modo, ambos maltratados pela Natureza.
Bonita escolha.
Beijinhos; bom fim de semana,e tudo de bem consigo.
Vitor
Querida amiga Janita!
ResponderEliminarGosto Muito da Florbela,e deste Sonete, que fala da falta de água no Alentejo, e da sede que ela também tinha, talvez não fosse sede de água.
Hoje o Alentejo, está uma parte coberto de água, mesmo quando chove pouco, a água lá está, mas é só para os barquinhos de recreio darem umas voltinhas.
Esse amor que a Janita, tem pelas planícies Alentejanas, e que a Florbela, também tinha, eu conhece alentejanos, e alentejanas, que abalaram de lá de pequeninos, também sentem esse amor, acho que esse é um sentir Alentejano.
Um bom fim de semana,
Um beijinho grande para si,
José.
Forte e lindo!
ResponderEliminarFlorbela tem sempre o condão de nos tocar.
É um a poetisa... límpida!
Beijinhos.
JANITA
ResponderEliminarvaleu a pena passar por aqui.
um beijo e poesia
AQUI E AGORA
Aqui...
A poesia...
Aqui...
A vida...
Aqui...
O Amor...
Mas...
Muitas vezes...
Aqui...
O desencanto...
Aqui...
A dor...
Aqui...
O choro...
E neste encanto...
E desencanto...
Aqui...
Com coisas boas...
Ou...
Com coisas más...
Aqui...
Sempre a certeza...
Que é muito bom...
Estar Aqui!...
LILI LARANJO
VOLTEI
ResponderEliminarPara deixar um beijinho e bom fim de semana
Só para completar, nasci no Sobral d'Adiça e adoro Serpa.
ResponderEliminarQueria ver se a Florbela andasse enrolada com um lenhador se escreveria estas frases...
ResponderEliminarBeijocas!
Também gosto muito de Florbela Espanca!
ResponderEliminarUma boa escolha.
Bjs dos Alpes
Gosto muito da Florbela e agradeço a oportunidade que me deu de a reler, após o regresso de férias.
ResponderEliminarQuanto a paisagens, é que vou mais para o Norte e esse imenso Douro que me deixa sem respiração todos os anos, quando por lá passo uns dias.
Querida amiga Janita
ResponderEliminarQue maravilha nos recorda aqui, esta pérola de Florbela, imorredoira poetisa da tristeza e solidão mas. sem dúvida, de uma sensibilidade contagiante!
Obrigado por este momento delicioso!
Beijinhos
Quicas
Janita, minha visita venho fazer,
ResponderEliminarCom orgulho a cumprimentar
Sua visita quero agradecer
Em troca, trago água para com sede não ficar.
Ser alentejano é um dom,
Que a ninguém se exige
Reclamar, alto, em bom som
Contra, a quem nos atinge.
Nasci no Alentejo,
Não á beira do Guadiana
Nas margens do Rio Sado
Vejo linda paisagem alentejana.
Em Santa Margarida do Sado,
Vi lindas moçoilas
A olhá-las fiquei parado
Lá no campos as papoilas.
Numa manhã de Primavera,
Louco por elas fiquei
Encontrá-las quem me dera
Mas, aonde já não sei.
Um abraço
Eduardo.
Amiga Janita,
ResponderEliminarA poesia de Florbela Espanca é o espelho do seu estado de alma e do seu pensamento. Ela abre a porta do seu coração pelo lado de dentro.
O que mais adoro no Alentejo é a lisura das suas planícies.
Bjs
J
Minha querida
ResponderEliminarAdmiro Florbela...foi uma alma insaciada, nasceu e viveu num tempo onde nunca se encontrou...o mundo todo não chegava para ela voar.
Também sou Alentejana e esse poema é lindo...esteve no meu blogue cantado pela Teresa Silva Carvalho.
Deixo o meu beijinho carinhoso
Rosa
Hermoso soneto, canto nostálgico y desesperado de una tierra que ve como sus hijos los arboles son sacrificados en aras no se sabe bien de que.
ResponderEliminarMagnifica poesía.
Un beso.
Olá Janita
ResponderEliminarGostei muito do texto e obviamente que o vou incluir no desafio. Pedia-te apenas uma coisa: podes identificar a praia onde ocorreu esse episódio?
'brigado!
Florbela cantou a dor como ninguém...alma sofredora em corpo que queria voar mais além ou simplesmente
ResponderEliminarsentir amor.
O alentejo é também a minha paixão!
Janita
ResponderEliminarCurvo-me diante da Memória da Florbela, como me curvo ante as Árvores Alentejanas.
Florbela, a minha Musa...
SOL da Esteva
http://acordarsonhando.blogspot.com/
Olá Janita, muito belo mas é tão triste que corta o coração. Adorei amiga uma belíssima escolha. Espero que estejas bem. Beijos com carinho
ResponderEliminarÀs vezes - as gotas de água não chegam para saciar a sede imensa. Às vezes - um rio imenso é preciso.
ResponderEliminarLindo poema!
Beijinhos Janita