MESTRE ALENTEJANO
Terra de grandes barrigas,
Onde há tanta gente gorda,
Às sopas chamam açorda
E à açorda chamam-lhe migas;
Às razões chamam cantigas,
Milhaduras são gorjetas,
Maleitas dizem maletas,
Em vez de encostas, chapadas,
Em vez de açoites, nalgadas
E as bolotas são boletas.
Onde há tanta gente gorda,
Às sopas chamam açorda
E à açorda chamam-lhe migas;
Às razões chamam cantigas,
Milhaduras são gorjetas,
Maleitas dizem maletas,
Em vez de encostas, chapadas,
Em vez de açoites, nalgadas
E as bolotas são boletas.
Terra mole é atasquêro,
Ir embora é abalári,
Deitar fora é aventári,
Fita de couro é apero;
Vaso com planta é cravêro,
Carpinteiro é abegão,
A choupana é cabanão
E às hortas chamam hortejos
Os cestos são cabanejos
E ao trigo chama-se pão.
Ir embora é abalári,
Deitar fora é aventári,
Fita de couro é apero;
Vaso com planta é cravêro,
Carpinteiro é abegão,
A choupana é cabanão
E às hortas chamam hortejos
Os cestos são cabanejos
E ao trigo chama-se pão.
No resto de Portugáli Ninguém diz palavras tais; As terras baixas são vais Monte de feno é frascáli Vestir bem parece máli À aveia chamam cevada Ao bofetão orelhada Alcofa grande é gorpelha Égua lazã é vermelha Poldra “isabel” é melada. Quando um tipo está doente Logo dizem que está morto. A todo o vau chamam porto Chamam gajo a toda a gente Vestir safões é corrente Por acaso é por adrego, Ao saco chamam talego E, até nas classes mais ricas Ser janota é ser maricas Ser beirão é ser galego. Os porcos medem-se às varas, O peixe vende-se aos quilos E a gente pasma de ouvi-los Usar maneiras tão raras; Chamam relvas às searas Às vezes, não sei porquê E tratam por vomecê Pessoas a quem venero; “não quero” dizem “na quero” “eu não sei” dizem “ê nã sê”!
de António Pinto Basto, Rosa Branca Letra: J. De Vasconcelos e Sá (o avô de António Pinto Basto, segundo José Gonçalez). Música: fado corrido.
Beijinhos e o meu desejo de bom fim de semana a todos os amigos(as).
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Janita:
ResponderEliminarSou alfacinha mas adoro o Alentejo, vive os melhores anos da minha vida nessa terra de gente boa.
Um abraço para o Alentejo!
Um beijinhos para ti!
Querida Fê.
EliminarQuem visita o Alentejo fica perdidamente enamorado pelas gentes e pela planície. É lá que repousam os restos mortais dos meus entes queridos e para onde também quero ir, quando chegar a minha vez.
Beijinhos, Amiga.
Curiosa a pronúncia do meu sobrenome no Alentejo: Cravêro. Pelo menos soa melhor que "Luciano Vaso Com Planta"! eheheheheh:)
ResponderEliminarBeijinhos.
Gosto muito de Luciano Lopes Cravêro...:)))
EliminarBeijinhos com cheirinho a cravos.
;)
Minha querida
ResponderEliminarComo alentejana..,.gosto desta musica.
Deixo um beijinho com carinho e desejo um bom fim de semana
Sonhadora
Querida Sonhadora.
EliminarE é tão lindo o nosso linguajar:
Maleitas dizem maletas,
Em vez de encostas, chapadas,
Em vez de açoites, nalgadas
E as bolotas são boletas...
Beijinhos com carinho.
"ao trigo chama-se pão."
ResponderEliminarNão fico enciumado
Por dares ao nosso Alentejo
Um abraço bem apertado
(se tanto rimo, ao Alentejo o devo)
Amigo Rogério.
EliminarFico contente que lhe tenha passado a "ciumeira":)
Quando te lavas,
Tenho ciumes da água
Que deslisa no teu corpo.
Tenho ciumes do sangue
Que passa no teu coração.
Tenho ciumes do pente
Que acaricia os teus cabelos.
Tenho ciumes do Sol
Que queima a tua pele.
Já imaginou o tormento de que vive sempre enciumado?
Pois é!!
Um beijo.
Um linguajar lindo, típico e totalmente nosso!
ResponderEliminarSinto-me um alentejano no sotaque, no sofrer, na injustiça que sofreram na pele, na lonjura do olhar, no isolamento do viver e no esquecimento a que durante tantos anos foram votados!
Um beijo para ti alentejana bonita.
MFC.
EliminarQuerido, Manel.
Por saber que te identificas tanto com as gentes alentejanas, sentindo esse ostracismo a que foram votados durantes décadas, na lonjura do olhar e na inquietude da alma, é que eu te quero tanto bem...
Beijinhos,nortenho de alma alentejana!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAmiga passei para saber das tuas melhoras, há tempo que não dizes nada, será que eu disse algo que não devia!
ResponderEliminarEspero que estejas melhor do que estavas antes pois quando fazemos uma dessas intervenções não é para piorar, mas infelismente a fila anda e não espera por ninguém, um dia de cada vez já está de bom tamanho.
Olha eu melhorei do coração mas piorei da cabeça, ando todos os dias quando acordo a dizer bolas pá ainda cá estou!... Porque nesta altura vendo aquilo que eu tenho visto acho que pouco mais haverá para ver, olha desculpa não era para dizer tanta coisa, beijinhos de luz e muita paz na tua vida...
Querida amiga Franciete.
ResponderEliminarAqui, podes dizer sempre tudo o que pensas e sentes. É com prazer que te vejo aqui no meu cantino e se estou em falta contigo é somente porque abrandei um pouco o ritmo de horas passadas na Net. Mas , não te esqueço nem deixarei de visitar-te. Quem me dera ter tempo para visitar todos os amigos de quem tanto gosto. Aos poucos tenciono fazê-lo.
Quanto ao meu coração felizmente não voltei ter sintomas dolorosos, mas devido à forte medicação sinto-me um pouco sedada e sem ãnimo nem estusiasmo para quase nada. Espero, aos poucos recuperar o gosto pela vida.
Beijinhos querida e não fiques sentida comigo. Gosto muito de ti e tu sabes disso.
Janita.
Olá, Janita!
ResponderEliminarSaboroso texto sobre o Alentejo e os Alentejanos; se eles não existissem este Portugal seria certamente bem mais pobre - e definitivamente mais sisudo e sem graça...
Obrigado pela visita e palavras amigas; bom fim de semana, e fica bem.
Beijinhos amigos
Vitor
Olá, Vitor!
EliminarUma das qualidades do povo Alentejano é a capacidade de saber rir das anedotas e chistes acerca da sua suposta indolência e preguiça mental e física.
É tal qual dizes, Portugal seria bem mais sisudo e sem graça, sem a boa disposição tão característica dos alentejanos.
Eu, é que te agradeço as amigas palavras que sempre me dedicas com o teu habitual carinho.
Beijinhos, Vitor!
Bem-hajas por tudo.
Janita
Janita
ResponderEliminarEste texto é muito bonito. Ainda bem que alguém se lembrou de o cantar.
O Alentejo é um poço de virtudes, mas quase sempre se repara nas ervas daninhas que crescem à sua volta.
Um beijinho para ti, minha magana alentejana querida.
Kim, meu querido amigo!
EliminarO Alentejo não será bem um poço de virtudes, já que como em todo o lado há gente boa e menos boa, mas lá que é um povo hospitaleiro, disso não há dúvida.
Às vezes- sou mesmo magana, nã sou?
Beijinhos, meu querido, Kim!
Gosto muito do Alentejo. Só há pouco tempo o descobri e fiquei apaixonada!
ResponderEliminarBoa semana e beijinhos!
Obrigada, Paulinha!
EliminarBeijinhos para ti também e bom resto de semana.
Janita
... agora enquanto não comer uma carninha de porco à alenteja não fico bem, assim com um pão dequeles, vinho de Albernoas ... é que não me vai sair da cabeça!
ResponderEliminarBeijo.
Amigo Zé Maria.
EliminarRm matéria de vinhos não sou lá grande entendida, mas o nosso panito e a carninha de porco à Alentejana com ameijoa preta do Algarve, é daquelas comidinhas que perdoo o mal que faz pelo bem que me sabe.
Beijos.
Lindo esse canto de encanto...Um beijo,
ResponderEliminarMaria Luísa
Obrigada Amiga Maria Luisa!
EliminarNão existe cante alentejano que não encante! Eu sou suspeita, claro!
Espero e desejo que já te encontres melhor. A blogosfera precisa muito da tua poesia.
Beijinhos. Amiga!
É qué memo verdadi! Ê falu um pouco assi. Mas acho que d'aspecto, nã sou nada parcido.
ResponderEliminarOlha, Zé,
Eliminareu acho que tu nunca vais deixar de falari à moda do Alentejo. Isso tá-te no sangui. Só que d`aspecto pareces mais o Marquês de Pombali.:))
Beijinhos!!
O que eu me ri com vocês os dois. xD
EliminarAbracinhos e beijinhos. :)))
ahahahahahha
EliminarÉ a primeira vez que me comparam ao Marquês dos Pombos, mas estou totalmente de acordo. Quando tinha, sei lá, muitos poucos anos, e vinha a Lisboa e passava pela rotunda do Marquês onde está a estátua dele ao lado do leão, pensava sempre, o tipo era mesmo corajoso, estar ao lado dum leão durante horas para pousar para a escultura, incrível...
Querida amiga Janita
ResponderEliminarNão deixo de me surpreender quando penso que num Portugal tão pequenino, tantos costumes, falares, gastronomia e cultura diferenciada. Somos um país riquíssimo nesses e outros aspectos.
Devemos orgulhar-mo-nos.
Hoje (tem dias) gostaria de perder o olhar na planície e meditar até o sol se pôr. E que lugar mais apropriado do que no sossego de um belo e o mais simples possível monte alentejano.
Contento-me porém à distância, com esta bem lembrada postagem que me fez viajar até Portugal.
Um dia destes... A "gente" encontra-se.
Beijo e o carinho de sempre, por sentir que "estás sempre" no lugar certo - coração
Inté... minha querida amiga
Meu querido Guma.
EliminarEnquanto há vida há esperança e a minha ainda comtinua vivinha da silva...Um dia a gente encontra-se e daremos aquele abraço, há tanto prometido...
Inté, meu querido.
Beijinhos.
Nós, os alentejanos, somos especiais.
ResponderEliminarSabemos fazer poesia e encontrar encanto na simplicidade do nosso falar.
Fica, também, o meu abraço.
Não duvide, Manuel! Nós somos especiais!
EliminarAi vai o meu abraço com amizade e carinho.
Janita