segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PARAÍSOS PERDIDOS.

                                                                            



A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim, um pouco de quando era assim.
Soneto de Fernando Pessoa.
 

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26 comentários:

  1. Quero ir buscar quem fui onde ficou....mas onde procurar só o nosso coração saberá!

    Beijinho

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    1. Meu amigo.
      O nosso coração sabe de certeza, mas de que serve se não encontrar?

      Beijinho, JP.

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  2. Janita Amiga,
    Todos nós fomos crianças e o regresso ao passado é irresistível.
    Nunca voltei a ser tão feliz como fui quando era criança.
    Obrigado pela sua visita e pelos seus comentários.
    Bj amigo,
    J

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    1. Jorge Amigo.
      Também tive a sorte de ter uma infância muito feliz.
      No entanto, só mais tarde tomei consciência disso.
      Visitar os seus blogues é sempre um prazer, meu Amigo.

      Beijos com amizade.

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  3. Estou enganado, ou este post anuncia aniversário?
    Beijos

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    1. Amigo CBO.
      Não, não estás enganado! :-))

      Espera e verás!!

      Beijinhos.



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  4. Pessoa. Inesquecível. Inultrapassável.

    Também vou esperar. Para ver.
    Beijocas.

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    1. Vitor Fernandes.
      Tu que também percebes - e muito - de poesia sabes que os sonetos de compõem de duas quadras e dois tercetos!
      Este, ficou feito num texto!!
      Esta nova interface do blogger, às vezes dá comigo em doida.:(

      Vais esperar? Então, espera!!

      Beijocas.
      ;)

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  5. Que "ponte" tão bonita entre um dos mais belos filmes de sempre e um soneto maravilhoso de Pessoa.

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    1. Olá João!
      Há, efectivamente, uma ligação entre o vídeo e o poema!
      Fico feliz pelo facto de o teres percebido.
      Um beijo e o desejo que os dias passem a correr!:)

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  6. Apenas para te dizer que a banda sonora do Cinema Paraíso faz parte dos meus discos de cabeceira. É uma música que ma faz chorar mas... não quero saber. :)) (não conhecia esta versão cantada)
    Beijinhos matinais. ;))

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    1. Nem queiras saber mesmo, meu querido Mestre LOL!
      Quando algo nos emociona de verdade, as lágrimas são como um complemento dessa emoção.
      Comigo acontece o mesmo!
      Beijinhos ao anoitecer. :))

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    1. Zé,
      o Pessoa foi uma tão grande pessoa, que se desdobrou em várias pessoas!

      Um beijo, Zé!
      ;)

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    2. O nome dele deveria ter sido Fernando Pessoas. Faria todo o sentido. ;))

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    3. Luciano:

      Indubitavelmente!:)

      ;))

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    4. Ou então Fernando Pessoal... ;)

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    5. Mas aqui o PESSOAL não iria gostar desse nome. :))

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    6. Claro que não!

      PESSOAL é muito (IN)PESSOAL. lol

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  8. Fernando Pessoa, por vezes, é desconcertante.
    Temos que manter e nunca deixar perder essa criança.
    Voltamos todos um dia à infância.

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    1. Manuel:
      Acho que "desconcertante" será um bom termo qualificativo para definir a personalidade de F.P.
      Voltar à infância no sentido de senilidade, peço a Deus que me poupe e me leve antes disso. :(

      Mas, no fundo, em todos nós ficou um pouco da criança que um dia fomos. Isso, é que eu acho lindo!

      Um beijo.

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  9. Olá, Janita!

    Deste poema gosto muito; não só pela forma como o tema é abordado, mas também pela construção rica, elaborada do mesmo.

    E quanto ao que se ganha e se perde nesta caminhada, cada um fará o seu balanço: E no caminho, é inevitável, sempre teremos deixado ficar um pouco de nós; o pior será, porventura, o sentir vontade de ir buscar o que lá ficou ...

    Boa semana; beijinhos.
    Vitor

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    1. Olá, Vitor!
      Também este poema me agrada muito. Há nele uma tentativa, que entristece, da procura daquilo que ficou perdido, algures, e nunca será recuperado.
      Obrigada, Vitor!

      Beijinhos.


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  10. Excelente escolha janita!
    Acho que não tive infância, aos 8 anos quando a minha mãe me abandonou fui obrigada a crescer, passei de criança a adulta.

    beijinho e uma flor

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    1. Obrigada, Flor de Jasmim!
      Crescer à força, sem tempo para ser criança, é muito triste. Mas aquilo que não nos mata fortalece-nos, dizem! Hoje és uma mulher forte, corajosa e cheia de amor e carinho para dar e também receber. A vida tira de um lado e repõe do outro...
      Beijinho, querida Adélia.

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