A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim, um pouco de quando era assim.
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim, um pouco de quando era assim.
Soneto de Fernando Pessoa.
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Quero ir buscar quem fui onde ficou....mas onde procurar só o nosso coração saberá!
ResponderEliminarBeijinho
Meu amigo.
EliminarO nosso coração sabe de certeza, mas de que serve se não encontrar?
Beijinho, JP.
Janita Amiga,
ResponderEliminarTodos nós fomos crianças e o regresso ao passado é irresistível.
Nunca voltei a ser tão feliz como fui quando era criança.
Obrigado pela sua visita e pelos seus comentários.
Bj amigo,
J
Jorge Amigo.
EliminarTambém tive a sorte de ter uma infância muito feliz.
No entanto, só mais tarde tomei consciência disso.
Visitar os seus blogues é sempre um prazer, meu Amigo.
Beijos com amizade.
Estou enganado, ou este post anuncia aniversário?
ResponderEliminarBeijos
Amigo CBO.
EliminarNão, não estás enganado! :-))
Espera e verás!!
Beijinhos.
Pessoa. Inesquecível. Inultrapassável.
ResponderEliminarTambém vou esperar. Para ver.
Beijocas.
Vitor Fernandes.
EliminarTu que também percebes - e muito - de poesia sabes que os sonetos de compõem de duas quadras e dois tercetos!
Este, ficou feito num texto!!
Esta nova interface do blogger, às vezes dá comigo em doida.:(
Vais esperar? Então, espera!!
Beijocas.
;)
Que "ponte" tão bonita entre um dos mais belos filmes de sempre e um soneto maravilhoso de Pessoa.
ResponderEliminarOlá João!
EliminarHá, efectivamente, uma ligação entre o vídeo e o poema!
Fico feliz pelo facto de o teres percebido.
Um beijo e o desejo que os dias passem a correr!:)
Apenas para te dizer que a banda sonora do Cinema Paraíso faz parte dos meus discos de cabeceira. É uma música que ma faz chorar mas... não quero saber. :)) (não conhecia esta versão cantada)
ResponderEliminarBeijinhos matinais. ;))
Nem queiras saber mesmo, meu querido Mestre LOL!
EliminarQuando algo nos emociona de verdade, as lágrimas são como um complemento dessa emoção.
Comigo acontece o mesmo!
Beijinhos ao anoitecer. :))
*me
ResponderEliminarO Pessoa foi uma grande pessoa.
ResponderEliminarZé,
Eliminaro Pessoa foi uma tão grande pessoa, que se desdobrou em várias pessoas!
Um beijo, Zé!
;)
O nome dele deveria ter sido Fernando Pessoas. Faria todo o sentido. ;))
EliminarLuciano:
EliminarIndubitavelmente!:)
;))
Ou então Fernando Pessoal... ;)
EliminarMas aqui o PESSOAL não iria gostar desse nome. :))
EliminarClaro que não!
EliminarPESSOAL é muito (IN)PESSOAL. lol
Fernando Pessoa, por vezes, é desconcertante.
ResponderEliminarTemos que manter e nunca deixar perder essa criança.
Voltamos todos um dia à infância.
Manuel:
EliminarAcho que "desconcertante" será um bom termo qualificativo para definir a personalidade de F.P.
Voltar à infância no sentido de senilidade, peço a Deus que me poupe e me leve antes disso. :(
Mas, no fundo, em todos nós ficou um pouco da criança que um dia fomos. Isso, é que eu acho lindo!
Um beijo.
Olá, Janita!
ResponderEliminarDeste poema gosto muito; não só pela forma como o tema é abordado, mas também pela construção rica, elaborada do mesmo.
E quanto ao que se ganha e se perde nesta caminhada, cada um fará o seu balanço: E no caminho, é inevitável, sempre teremos deixado ficar um pouco de nós; o pior será, porventura, o sentir vontade de ir buscar o que lá ficou ...
Boa semana; beijinhos.
Vitor
Olá, Vitor!
EliminarTambém este poema me agrada muito. Há nele uma tentativa, que entristece, da procura daquilo que ficou perdido, algures, e nunca será recuperado.
Obrigada, Vitor!
Beijinhos.
Excelente escolha janita!
ResponderEliminarAcho que não tive infância, aos 8 anos quando a minha mãe me abandonou fui obrigada a crescer, passei de criança a adulta.
beijinho e uma flor
Obrigada, Flor de Jasmim!
EliminarCrescer à força, sem tempo para ser criança, é muito triste. Mas aquilo que não nos mata fortalece-nos, dizem! Hoje és uma mulher forte, corajosa e cheia de amor e carinho para dar e também receber. A vida tira de um lado e repõe do outro...
Beijinho, querida Adélia.