Pastoral
Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.
Ou nervura a menos ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.
Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
bainha nem todas.
Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.
Outras acerosas
redondas, agudas.
macias, viscosas,
fibrosas,
carnudas.
Nas formas presentes,
nos actos distantes,
mesmo semelhantes,
são sempre diferentes.
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.
Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam
apenas volitam
nas dobras do vento.
Gostei! : )
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ResponderEliminarFiquei encantada com o poema... e com a música do vídeo.
Que bela forma de me despedir deste dia frio de inverno e ir descansar esperando o dia de amanhã... e ansiando pela Primavera!
Muitos beijinhos
Dorme bem
(^^)
Gedeão é meu irmão!
ResponderEliminar(É!, há poetas que não morrem...)
Volitamos, ambos
nas dobras do vento
Neste teu espaço, continuas a divulgar a (boa) poesia portuguesa.
ResponderEliminarObrigado.
Ou seja nada e tudo, ninguém e todos!
ResponderEliminarNormal, se se pode dizer! :D
Claro que “folha” é metáfora !
ResponderEliminarCada um de nós é uma “folha” neste universo !
Não há credos, não há cores, não há "diferenças", não há nada que nos diferencie profundamente! Todos somos simultaneamente, iguais e diferentes !
Cada ser humano é único, não há 2 iguais. e como tal, as suas ideias, as suas atitudes, as suas opiniões , as suas convicções, deverão ser aceites e respeitadas, na diferença !
António Gedeão soube perfeitamente expressá-lo neste magnífico poema ! Não há 2 “folhas” iguais , tal como não há dois seres humanos iguais !
Mais uma vez,... o poeta é um "fingidor"! Finge que não está a falar dos humanos ! :)) ... (é a minha leitura).
.
Mas outras não jazem,
ResponderEliminarnem caem, nem gritam
apenas volitam
nas dobras do vento.
É dessas que eu sou!
Amiga Janita, não conhecia este belíssimo poema de Gedeão, imperdoável! :)
Sou uma alma de outono,obrigada por estas lindas folhas caídas.
beijinho
Fê
Olá, Janita!
ResponderEliminarNão só sabia ele muito de poesia e filosofia, como ainda nos dá lições de botânica;começando por falar de folhas, a que gradualmente vai dando vida e contornos de gente.E eu, se fosse folha, também gostaria de ser uma dessas: levada nas asas do vento...
Lindo post!
Beijinhos amigos.
Vitor
E não há mesmo, Janita.
ResponderEliminarEssa é que é a beleza do ser humano - não haver dois iguais.
Nem os gémeos mais idênticos são iguais.
Beijinho
Um poema pastoral quer dizer que os leitores são ovelhas? lol
ResponderEliminarNão, Zé! lol
EliminarRepara:
Oh monte, monte estéril, e escalvado,
Amiga solidão, tristeza amiga!
Eis um pobre pastor, e um pobre gado,
Eu cheio de saudade, ele de fome
Permite Amor, que eu diga
Por desafogo o mal, que me consome
Os clamores sentidos
Da solitária ninfa, que responde
A meus ternos gemidos.
Lá da gruta, ou da mata, em que se esconde;
Vão ser noutros outeiros,
Vão ser noutras montanhas pregoeiros
Das ânsias, a que Flérida me obriga,
E tu ouve injustiças do meu fado,
Da minha doce, e bárbara inimiga,
Oh monte, monte estéril, e escalvado,
Amiga solidão, tristeza amiga!
Isto escreveu Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Um Pastoral edílico bucólico:))
Vai lendo, que isto da poesia é assim a modos que a filosofia:
Primeito estranha-se e depois entranha-se...
Já vais versejando...bom indício, bom indício!!
;)
PS: Tem uma boa noite de S. Valentim.
Ah, gracias p'lo poema... A poesia vai entranhado... verdade.
EliminarEu do Bocage tabmém gosto das anedotas...
E como eu gosto do meu "folha seca" heheh
ResponderEliminarJanita que concidência ontem estive a ler este poema de Gedeão.
beijinho e uma flor