terça-feira, 30 de outubro de 2018

NADA É ETERNO.


Foto minha.



Nesta minha relação tripartida de pasmo/desconcerto/incredulidade, que nutro pelo "raio do livro", vou partilhar convosco mais este conto para, depois, arrumá-lo para o fundo da prateleira mais alta, desta estante, que é a mais alta que tenho, e esquecê-lo definitivamente. Na verdade, e para minha satisfação pessoal, não poderia dar descanso a esta personagem donjuanesca, sem antes a colocar e ter entendido - dentro da sua própria narrativa – no lugar de seduzido, ao invés de sedutor. Papel que desempenhou em todas as narrativas feitas na primeira pessoa…
…E esta hein, Mário de Carvalho? Finalmente o entendi!...

Ora, vamos lá ver se têm paciência para chegar ao fim...


Audácia

      Tinha acabado de arrumar o carro no parque, e ainda vinha com as chaves na mão a tilintar, quando ouvi o estrondo. Uma intuição traquina preveniu-me logo, disposta a desfeitear-me o dia: é contigo! E era.

      Aurora apareceu-me, de mão na boca, numa atarantação. Ora olhava para os automóveis, ora para mim, numa gesticulação desordenada.
      --  Eu pago tudo, eu pago tudo…
      -- Minha senhora – era eu –,   por favor desligue o motor do carro e sossegue.
      No café mais próximo, ajudei-a a preencher a declaração do seguro. Mostrava-se tão enervada que dois chás de camomila não conseguiram orientá-la. O documento, em nome do marido, conformou-se à letra galgante e rasurada. Comprometi-me a enviá-lo, aproveitando o estafeta da empresa, e combinámos encontrar-nos ao fim da tarde, para tratar de miuçalhas burocráticas.
      E assim tramou o destino o meu fortuito e prazenteiro conúbio com Aurora. Ela sabia estar, gostava de rir e tinha leituras. Negociámos o hotel caso a caso, firma a firma e deu-me de saber muito mais do assunto do que eu. Era estranho, tratando-se da cidade em que, segundo garantia, sempre viveu.
      Nenhum foi aprovado. Tudo choldras. Mencionei-lhe a garçonnière, a medo, mas ela riu por achar a ideia muito engraçada.
      -- Parece coisa de adolescentes. Também, você é bastante jovem.
      Era lisonja de Aurora. Hábitos sociais. Mas sabe sempre bem ouvir.
      Eu já a tinha prevenido de que não era de esperar nenhum palácio, nem lustres, nem pianos, nem biombos Namban. Mas, mal deu dois passos na cave, Aurora sentou-se na cadeira, aliás perigosamente, porque nada lhe garantia a respectiva solidez, e quis afogar-me num vagalhão de gargalhadas.
      Depois, ficou de súbito muito séria e, com dois dedos, fez-me sinal para que me sentasse na cama.
      -- Não, caríssimo, adoro o propósito, a clandestinidade da coisa, mas isto sem um bocado de romantismo não vai lá.
      Lá vinha o tal «romantismo», consabida fixação feminil. O padrão é muito vulgar, mas não contava vir a reconhecê-lo numa balzaquiana tão directa e despachada.
      E ela agora a sorrir-me como se tivesse pena de mim.
      - Caríssimo, lamento, nesta espelunca não dá. Positivamente, não dá.
      O dia estava estragado. Cheguei a pensar em rumar com ela a um hotel da Linha, mas não cheguei a propor. Sabia lá se a minha renitente amante não consideraria o local inapropriado à sua avidez de alma. Há mais marés que marinheiros, e era melhor esperar que passasse a ocasião nefasta. Deixasse fazer a Deus, que é santo velho, como descobriu o povo, já que estamos em foco de provérbios.
      Não passou muito tempo antes que Aurora me contactasse de novo, no emprego. Surgiu na minha frente, muito bem penteada e maquilhada. Nada fora do normal. Ninguém notou.
      -- Por favor, sente-se.
      -- Nem pensar. Venha daí. Arranje uma desculpa. 
      E daí a pouco, no automóvel dela, ainda com o porta-bagagens amolgado, rodávamos para as bandas da Venda do Pinheiro, ao som de Singing the Blues. Disse-me que o destino era uma surpresa, mas depois de um telefonema em alta voz, algo ruidoso, era fácil de perceber. Aurora falava com o caseiro:
      - Sebastião, ponha-me as chaves debaixo da pedra do costume. Não, o senhor doutor desta vez não pode ir.
      E acrescentou ordens e pormenores domésticos, rematando, para meu sossego:
      - Não, não, é melhor que não apareça, prefiro estar sozinha. Tenho muito trabalho. Vá lá, vá lá…
      Era a casa de campo dela. Retirou um molho de chaves de um pedregulho em que estava enrolada uma mangueira e, enquanto se debatia com a fechadura, prevenia-me:
      - Se vier alguém, digo que é o meu decorador. Não ouse desmentir.
      Era uma vivenda bem-apessoada, com escadório apainelado ao fundo do salão. O caseiro tinha ateado umas brasas na lareira e aberto algumas janelas.
      - Vai um copo?
      - Eu talvez preferisse subir… - respondi, a medo.
      -- Dentro em pouco, alvoroçávamos a cama, lá em cima. Se aquilo era romantismo, estamos conversados. Mas a vida ensinou-me que não há que discutir convicções íntimas. Nem doutrinações.
      No desafogado leito de torcidos e tremidos, Aurora revelou-se dinâmica e empreendedora. Dominava superiormente as técnicas e os tempos, obtinha tudo o que queria, e sabia querer.
      Uma das multifacetadas peculiaridades de Aurora era a repetição em série destas devastadoras demonstrações de êxtase, nunca tendo eu percebido – macho limitado e apendicular que sou – se as deflagrações se sucediam em crescendo, em mantença, ou em descendo.
      Outra particularidade era a de avisar, futurando com voz trémula, gritada e urgente, o que estava prestes a acontecer e confirmar depois essa declaração, em termos soluçantes, já no presente, enquanto o milagre espasmódico nos estava a avassalar.
      -- E o seu marido? – indaguei eu, enfim, na fase de encolha dialogante em que os cansaços filosofam.
      -- O meu marido o quê?
      -- Se ele descobre…Não tem ciúmes? Ao fim e ao cabo esta é também a casa dele.
      -- Sabe o que é que o meu marido disse de outras vezes? Foi: «Lá estás tu com essas coisas…»
      -- E a sua mulher, como é? – Agora era ela.
      -- As legítimas? Ora, aonde isso já vai…
      Muita coisa me confidenciou Aurora, porque múltipla, volúvel e bem vivida tinha sido aquela existência.
      Aurora e eu vimo-nos mais vezes, num hotel escolhido por ela – e que até nem era grande coisa, apesar dos dourados – e em casa duma amiga. O vento vai e o vento vem, nos seus eternos circuitos. Não há amores eternos. Já basta que não sejam infelizes.
      Ambos sabíamos isso e nem foi preciso despedirmo-nos.
     
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 Aqui para nós, diverti-me imenso ao transcrever isto. Houve alturas em que gargalhei com vontade. Agora é tempo de encerrar esta minha relação conflituosa, que mantinha há mais de um ano, com a personagem, e partir para leituras mais sérias. Do mesmo autor, se possível.

Como os leitores já devem ter percebido, este é mais um conto da autoria do laureado escritor: Mário de Carvalho. 

 [do livro: Ronda das Mil Belas em Frol ]


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domingo, 28 de outubro de 2018

DA DESCONTRACÇÃO.





Finalmente, para descontrair os músculos 

abdominais, doridos,

 por tanto e tão insano riso, 

trago-vos esta maravilhosa 

música e dança clássica, 

para que deleiteis os sentidos...


                         


…como me foi dito um dia, há muitos, muitos anos: 

não há nada melhor, para relaxar, 

do que a Harpa e Dança.


Espero que concordem comigo!





sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Porque Hoje É Sexta-Feira # 28

[Hoje com bola vermelha]

Numa bela manhã de Primavera, uma morenaça de Lisboa, circulava de automóvel pela planície alentejana.
A certa altura pára, sai do carro e, ao contemplar aquela imensidão maravilhosa dá-lhe uma vontade tremenda de fazer  amor.
Desorientada e excitadíssima, olha em redor e vê um pastor alentejano, um rapagão encostado ao cajado e de boné meio atravessado.
Dirige-se-lhe e diz:
–  Desculpe… não faça má ideia de mim… Mas, não gostaria de fazer amor comigo aqui mesmo?
– Atão na havera de gostari? É pra já!
Ela, dando-lhe um preservativo, diz-lhe:
– Então vá pondo isso, que eu vou só ali ao carro preparar-me.
Quando volta vê o alentejano a tentar enfiar o preservativo pela cabeça abaixo.
– Olhe lá, isso não é para aí, homem!... Olha a minha vida…
Resposta dele:
– Na têjas já práí a lamentar-te quê só tô a alargá-lo!!!
*


– Ó Maria, não me sinto nada bem dos….
– Dos quê, Manel?
– Dos órgãos!…
– Ah, Manel e porque não vais ao médico?
– Tenho vergonha!…
– Vergonha??!! Ó homem… chegas lá e dizes que estás doente dos deputados, ele vai entender!.
O Manel foi ao médico, entra no consultório, explica-lhe a situação, e medicado volta pra casa.
Tempos depois a Maria vai a passear na rua quando vê o médico:
– Então D.Maria bom dia!
– Bom dia sr. Dr.
– Então, conte-me lá como vão os deputados do Sr Manel!
– Oh Sr. doutor, os deputados estão bem… agora o 1º ministro é nunca mais levantou a cabeça !!!!





O alentejano Manel foi a França visitar um amigo. Como só havia um quarto e sem ter onde o deitar, disse a esposa, toda para a frentex:

– Não te preocupes, cabemos os três na nossa cama!
Ao outro dia quando o Manel se ia embora disse ao amigo:
– Não leves a mal, mas tenho que te confessar uma coisa, a tua mulher dormiu toda a noite agarrada ao meu pau!

– Não era ela, era eu… Antes ter um pau na mão que dois cornos na testa …
* *
E pronto, por hoje é só isto. Espero que sirva para vos fazer sorrir, ao menos!!
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Que Tenham

  TODOS

Feliz Fim - de - Semana

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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

As Cores da Vida.



Quando hoje abri a gaveta onde guardo os lenços e as écharpes para  escolher um que fosse bem com o casaco de malha, cor de limão e a 
Tshirt preta, saltou-me à vista este, com os patos.

Vai daí, não fui de modas, estendi-o sobre a cama, dobrei-lhe uma ponta, para que os patinhos ficassem mais juntos e fotografei o lenço. Ficaria de reserva para quando quisesse falar de palmípedes. 

Quando, depois de almoço e de arrumar a cozinha, me sentei a tomar café, saquei do telelé e lembrei-me de editar a fotografia, antes de a passar para o computador.


Aí - oh mente prodigiosa, esta minha - vieram-me à ideia, não patos, gansos e demais familiares destes palmípedes do lenço, não senhores! 
Pensei na Vida!
É verdade, meus Amigos. A vida de todos e de cada um de nós, tem a sua própria cor, mas porque não havemos nós, com um pouco de imaginação muito de boa-vontade e perseverança, dar-lhe a cor que nos fizer mais felizes e bem dispostos?

Ela, a nossa Vida, tanto pode ter esta cor quente, que me aconchega a alma...




...Como pode ser pintada de um tom cinza e deprimente, que enegrecerá ainda mais os meus dias...

*

Então?...Que me dizem desta minha ideia filosoficamente brilhante?


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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Desabafos De Uma Blogger...



Sinto-me exaurida e com a cabeça feita em água. Dói-me todo o corpo e, no entanto, passei largas horas sentada numa sala de espera de Hospital.

Desde o dia dezassete de Agosto que tenho esta consulta marcada no HSJ, com o especialista de Hematologia oncológica e desde Março que tenho consultas periódicas com este clínico.

O elevado número de plaquetas foi a principal causa destas minhas andanças constantes para aquela unidade hospitalar.

Hoje, aquela ala do Hospital, mais parecia o Mercado do Bolhão, tais foram as vozes que se levantaram reclamando das horas de espera naquela sala, exígua para tanta gente.

Havia consultas marcadas para as 11:00, pois por volta das 17:00, ainda lá esperavam. Algumas dessas pessoas eram de bastante idade, que se mantiveram sempre num silêncio conformado, as reclamações vinham da parte dos familiares que as acompanhavam.

Ninguém apareceu a dar uma explicação, e as jovens médicas, que passavam apressadas - sem estetoscópio ao pescoço – tinham um ar algo aturdido.

Fiz as  análises ao sangue por volta das 13:15, e a hora da minha consulta era à 16:00. Compreensível, pois estas tinham de ficar prontas para que o médico ao consultar-me, já soubesse o resultado.

Não sei o que se passou, mas só fui atendida por volta das 18:30. Felizmente, levei uma peça de fruta e água, porque  a máquina de venda de bebidas, chocolates e bolachas, tinha colado um papel onde se podia ler : Avariada.

As greves podem ser, e são, um direito de quem trabalha e uma forma de reivindicação da palavra dada de quem prometeu e não cumpriu, mas quem são as verdadeiras vítimas, inocentes, pelos serviços hospitalares deficientes, pelas milhares de cirurgias adiadas e pelas horas intermináveis daqueles que vão de longe e se arrastam pelos corredores dos hospitais… Pelo caos que provoca a paralisação dos serviços ligados à saúde, enfim? –

Nunca, como hoje, senti este conforto tamanho, por ser autora de um blogue, onde posso desabafar.… Só de escrever estas mal alinhavadas linhas, já me passou a dor que tinha no pescoço…!!



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terça-feira, 23 de outubro de 2018

"HINO AO PORTO"


FOTO MINHA



Cidade em que as burguesas vão à missa
Vestidas de vermelho carmesim.
Em vão, a luz, sobre elas, se espreguiça...
(As mães, pelo caminho, ao vir da missa
Proíbem-lhes os bancos do jardim...)

Não há fidalgos hoje. Há comerciantes.
É deles todo o ar que se respira!
Noites sem flor, sem luz, sem estudantes
E sem guitarras e sem mentira!

Para sentir o mar, o rio eterno
Cava, connosco, a rocha que dormia
E deita-se connosco, na alegria
De imaginar o céu, calcando o inferno.



Palácio de Cristal,  Porto -  com vista sobre o Rio Douro


Na rua escura as lojas de oiro e pano
São pedras frias, frígidas mas quietas.
Ó frios mercadores de oiro e pano
Porto! Mercado frio e desumano...
E no entanto ali é que há Poetas!

Lutar! — é o verbo. — Não morrer — é a vida.
Mas em surgindo a morte, que na estrada
Os ombros verguem sob a urna pesada
E seja lenta a hora da partida!

Noites sem luz, sem mel, sem fantasia!
Noites sem estudantes e sem flor!
Porto! — Cidade pulmonar e fria
Que tens a força de negar ao dia
A medicina do amor!

Pedro Homem de Mello, Bodas Vermelhas






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Nota: Quero dedicar este postal ao autor do blogue Crónicas do Rochedo, que nasceu na cidade do Porto, no dia  24 de Outubro de 1949.  Um abraço, Carlos. Os amigos da blogosfera não o esquecem.
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domingo, 21 de outubro de 2018

DEPOIS DAS TREVAS...


...veio a Luz, a luminosidade, o dia, o Sol e a claridade!

Ah, a Vida é bela...:)

 


A salsa nunca é demais. Se não há vasos, qualquer lata serve. Misturam-se plantas e ervas aromáticas, há que saber aproveitar tudo o que temos ao nosso dispor. :)


O dióspireiro ainda tem muitas folhas, mas este sol enganador, mesclado com dias de sol encoberto, anda a colorir os dióspiros. A chuva fez bem à horta e ao 'pomar'.

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Vão seguir-se fotos sem legendas. São os frutos da hortinha ainda  viçosa. Ora vejam lá se gostam de tomate cereja, maracujá, figo(s), o único que resta...e o mais que se seguirá. Fiz quinze fotografias, mas acho que vou guardar algumas para o tempo de escassez! :) A primeira é alfazema...afinal.







O limoeiro não está famoso e a fotografia saiu tremida, acho que se ressentiu pela fartura, não aproveitada, do ano passado. 


O tareco aproveitou par cheirar o ar e as ervas. Vejam só como ele cresceu e se está a fazer um gatão...come que se farta. Quem o viu e quem o vê não reconhece o gatinho pequenino, meio morto de fome que andava perdido. Se agora alguém o viesse reclamar já o não entregava. Nem à força!...




Finalmente, ofereço-vos as flores desta azálea, com toda a minha ternura, pela paciência e o carinho que me manifestaram na noite lúgubre de ontem! :))




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sábado, 20 de outubro de 2018

NOITES DE BREU.







É nestas noites
De breu
Em que me visto de nada
Revejo-me
E não sou eu
Penso,  entristeço e sozinha
Entro p’la noite calada…











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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Porque Hoje É Sexta-Feira. # 27



HOJE É À MODA DO PORTO, CARAGO!!


A FOTOGRAFIA É  DAQUI


TINHA UMA LISTA DE EXPRESSÕES À MODA DO PORTO, 
MAS AGORA ACHO QUE É MUITO EXTENSA.

VAI FICAR PARA OUTRA ALTURA , PARA NÃO VOS CANSAR MUITO.



EM SUA SUBSTITUIÇÃO VEJAM  AQUI  ESTA FANTÁSTICA ENTREVISTA DE UMA  MORADORA DO  PORTO, DA ZONA RIBEIRINHA. 


VALE A PENA OUVIR AS RECLAMAÇÕES DE QUEM
ESTÁ FARTA DE VER TURISTAS...

...DESCALÇOS  ATÉ AO PESCOÇO. 
  Ahahahahahaha

E por falar em reclamações, já agora, vejam lá mais este!






Desculpem o vernáculo, mas no Puorto é assim, carago.

Tudo numa boa...Sem maldade.





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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

PESPORRÊNCIA.


Foto Minha










Sonho que sou a Poetisa eleita, 
Aquela que diz tudo e tudo sabe, 
Que tem a inspiração pura e perfeita, 
Que reúne num verso a imensidade!
 

Sonho que um verso meu tem claridade 
Para encher todo o mundo! E que deleita 
Mesmo aqueles que morrem de saudade! 
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! 


Sonho que sou Alguém cá neste mundo... 
Aquela de saber vasto e profundo, 
Aos pés de quem a Terra anda curvada! 


E quando mais no céu eu vou sonhando, 
E quando mais no alto ando voando, 
Acordo do meu sonho...E não sou nada!...




Soneto "Vaidade" de Florbela Espanca



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