(…)
Os animais foram imperfeitos,
compridos de rabo,tristes de cabeça.
Pouco a pouco foram-se
compondo, fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato, só o gato
apareceu completo e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cão é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento ao rato vivo,
da noite até aos seus olhos de ouro.
Não há
unidade como ele,
não tem a lua nem a flor
tal contextura:
é uma só coisa como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e subtil é como
a linha da proa de um navio.
(…)
Excerto
da ‘Ode ao Gato’
(Pablo
Neruda)
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Magnífico, Pablo Neruda!
ResponderEliminarObrigado por no-lo trazeres.
Beijo
SOL
Por nada, SOL.
EliminarEu é que te agradeço a visita.
Um beijinho e bom São Martinho! :)
Ah! Gosto tanto, tanto da Ode ao Gato, do Neruda! :)
ResponderEliminarUm grande beijinho, Janita.
Olá, Maria João!
EliminarNão o publiquei, na íntegra, por o achar demasiado longo e pensar que já era sobejamente conhecido. Afinal, parece que não.
Já comeu castanhas e bebeu água-pé ou jeropiga? Eu, já!!
Beijinhos. :)
Não conhecia a Ode ao Gato de Neruda. E gostei de ler embora seja só um excerto.
ResponderEliminarAbraço e bom fim-de-semana.
Já publiquei algumas das Odes de Neruda, uma delas à cebola.
EliminarEsta do gato, não a publiquei na totalidade por pensar que fosse conhecida, já que me parece não haver um poeta que não tenha dedicado versos a este fascinante felino.
Se soubesse que a Elvira não conhecia tê-lo-ia posto por inteiro.
Razão tinha Torga quando disse que 'de nenhum fruto queiras só metade'.
Um abraço, bom São Martinho
( mesmo sem o verão)
Boa noite:- Gostei muito de ler. Não conhecia o poema.
ResponderEliminar.
* Solidão poética na noite escura ( Poetizando e Encantando ) *
.
Abraço de amizade
Boa tarde, Gil António.
EliminarMesmo com poesia, toda a solidão (da alma) é uma noite escura.
Tenho de ir ler esse poema.
Um abraço, com igual amizade.
Fantástico poema!! Não, não conhecia! Amei!
ResponderEliminarIsolada em pensamentos contidos. [ Poetizando e Encantado (60) ]
Beijos e um excelente fim - de - semana
E agora também não ficou a conhecer a Ode inteira.
EliminarFicará para uma próxima.
Obrigada, Cidália.
Bom São Martinho. :)
Não conhecia. O gatinho, esperto, foi para o resort de férias. :))
ResponderEliminarAtrevidos como só eles sabem ser, adonou-se o gato de uma estadia sem precisar de companhia. :)
EliminarBeijinho, Luísa.
Adoro as Odes do Neruda. Por causa dele já escrevi uma Ode ao Ovo. Um dia destes publico.
ResponderEliminarJanita, as histórias da bola são na realidade pequenos contos autobiográficos. Tem os seus leitores. Quanto a outras histórias na próxima 5ª feira será a apresentação do meu novo livro, desta vez um livro de contos. Se estiveres por cá, gostaria de te ver lá. É na Cova da Piedade. Toda a informação será publicada no Constantino hoje mesmo.
Olá, Vitor!
EliminarPublica sim, que eu vou gostar de a ler - se é que já a não li - . Tenho imensa pena de não poder estar presente nesse lançamento, mas vou entrar em contacto contigo para combinarmos pormenores sobre o envio do teu novo livro.
Sabes que o meu filho já não está a viver na Charneca, pelo que há bastante tempo que não vou à margem Sul.
Agora vive na Holanda.
Depois, falamos.
Um beijinho, Vitor.
Desejo-te toda a sorte do mundo e muito sucesso.
Gostei do gato :) vá e do poema também, adoro Pablo Neruda.
ResponderEliminarBeijinho Nita
Beijinhos e bom São Martinho, Mena! :)
EliminarÉ mesmo assim o gato, magnífico Neruda!
ResponderEliminarDepois da morte das minhas três gatas e do intervalo de dois anos voltei a ter desses seres enigmáticos, doces quando querem, fugidios por vezes!
Abraço
As Odes de Neruda são imperdíveis, Rosa dos Ventos!
EliminarFizeste bem em voltar a dar e receber companhia destes belos animais. Tão mimalhos e independentes, quanto misteriosos.
Um abraço.
Nem mais. O Neruda é que a sabia, e eu também que já tive por cá uma "pantera" negra.��
ResponderEliminarOlá, Roadrunner.
EliminarTambém já tive um gato preto! E que lindo e manso ele era, mas não, não se chamou "pantera". Sabe como era?
"Ele que o diga"...Ai, o gosto que me dava quando me perguntavam como ele se chamava. :))