O PORTO É SÓ...
O Porto é só uma certa maneira de me refugiar na tarde,
forrar-me de silêncio e procurar trazer à tona algumas palavras,
sem outro fito que não seja o de opor ao corpo espesso destes muros a insurreição do olhar.
O Porto é só esta atenção empenhada em escutar os passos dos velhos,
que a certas horas atravessam a rua para passarem os dias no café em frente,
os olhos vazios, as lágrimas todas das crianças de S. Victor correndo nos sulcos da sua melancolia.
O Porto é só a pequena praça onde há tantos anos aprendo metodicamente a ser árvore,
procurando assim parecer-me cada vez mais com a terra obscura do meu próprio rosto.
Desentendido da cidade, olho na palma da mão os resíduos da juventude,
e dessa paixão sem regra deixarei que uma pétala poise aqui, por ser tão branca.
[Eugénio de Andrade, 1979 ]
Aguarela da autoria do pintor Luís Rodrigues
Meu Porto Sentido...
Quisera ser realista,
ver-te com olhos despidos de sonho.
Mas por mais que faça e que tente...
...és tu que vais povoando
o sonho que o meu olhar sente!
Foto minha - captada a partir do interior do Funicular dos Guindais - num dia pardacento. |
Vivo colado a Lisboa. Já passei pelo Porto mas não parei na cidade. Um dia destes vou conhecer os seus encantos.
ResponderEliminarGostei da música do video, do texto de Eugénio de Andrade e do poema que, penso ser da autoria da Janita. Gostei muito da sua foto.
.
Feliz fim de semana
Cumprimentos
Venha, verá que vai valer a pena, Ricardo.
EliminarA canção do vídeo é a mais bela homenagem que um intérprete/compositor e um letrista, portuenses, - se bem que Rui Veloso tenha nascido em Lisboa - jamais fizeram, à carismática Cidade Invicta.
Sim, as singelas palavras, finais, são minhas. :)
Agora, com a foto de cabeçalho, onde se pode ver o rio Douro a partir dos belos Jardins do Palácio de Cristal, é que a homenagem que presto à minha cidade adoptiva, ficou completa. :)
Obrigada e um abraço.
Uma cidade que só visitei duas vezes e há mais de 40 anos. Portanto não a conheço de todo, quem sabe um dia...
ResponderEliminarBeijinho querida amiga, muita saúde e paz para ti e para os teus.
Quando passar, ou tiver acalmado, estes retiros a que somos forçados, temos de fazer visitas aos locais com que, agora, vamos povoando o nosso imaginário, querida Fê.
EliminarUm beijinho, querida Amiga e vamos esperando melores dias.
Porto, a tua querida cidade que ainda gostaria de conhecer melhor.
ResponderEliminarBom fim de semana, Janita.
: )
É verdade, querida Catarina.
EliminarEsta é a cidade onde nasceram os meus filhos e neto mais velho: A minha Cidade adoptiva que, quer eu queira, quer não queira, guardo no fundo do coração! :)
beijinho e bom fim de semana, Catá! :)
Tirei o meu curso no Porto, já visitei a invicta várias vezes, daí que deves calcular, como tenho uma grande paixão por esta cidade.
ResponderEliminarO vídeo é soberbo e as palavras , as do poeta e as tuas vêm completar da melhor maneira o que sinto.
Excelente partilha, voltei atrás no tempo neste presente confinado .
Beijinhos Janita
E o mais importante, Manu...foi na Mui Nobre e Invicta Cidade do Porto que nos vimos pela primeira vez. 😊 Lembras-te?
EliminarBeijinhos e um forte abraço.
Bonita homenagem à mui nobre e invicta cidade do Porto.
ResponderEliminarQuando li o título, veio-me à ideia a canção do Rui.
Beijinho, Janita.
Com aquele título nem poderia ser outra canção, António.
EliminarSe bem que já tenha titulado igualmente um outro postal, também numa homenagem ao Porto, mas com uma foto de cantores de rua que actuavam no Cais da Ribeira. Se clicares na Etiqueta verás.
Beijinho, António.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO Porto é uma cidade onde ia regularmente antes da pandemia. Conheço bem alguns locais e há coisas de que gosto muito (Bolo Rei da Confeitaria Petúlia por exemplo) de que tenho saudades. Fico grato pela exibição da aguarela associada ao Poeta E. A.
EliminarAbraço
(texto corrigido)
Sim, creio que o Luís já havia feito referência às suas deslocações ao Porto, em resposta a um comentário meu no seu blogue. Espero que esta reclusão termine, e possa voltar a vir pintar os pontos de maior destaque da Invicta, e são muitos.
EliminarEu é que lhe agradeço a honra da sua sempre bem vinda presença.
Um abraço.
Escrever sobre o Bolo Rei da Confeitaria Petúlia é ABSOLUTAMENTE CRUEL, uma vez que ADORO a Confeitaria Petúlia e o seu excelente Bolo Rei, e continuo presa em Düsseldorf. Familiares que vinham cá passar o Natal traziam sempre esse Bolo Rei. Este ano, estão presos no Porto.
EliminarUm abraço para ti, Janita, pedindo desculpa.
Ora essa, Teresa, não violes os teus princípios com pedidos de desculpa. Fica à vontade. Gosto que aqui no meu cantinho, TODOS se sintam em casa.
EliminarUm abraço, também para ti.
Gosto imenso do Porto, já lá fui vais de uma dezena de vezes, mas ainda há muito para conhecer. Estive lá pela última vez em Abril de 2017. Rui Veloso, Eugénio de Andrade, a excelente aguarela do pintor Luís Rodrigues e a sua foto e poema, tudo contribui para fazer deste, um post de excelência.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Muito obrigada pelas suas gentis palavras de apreço, Elvira.
EliminarComo diz ali o meu amigo José, é preciso tempo e vagar alentejano, para se ficar a conhecer o melhor desta cidade.
Eu, imagine, sendo alentejana, ando por aqui há mais de quatro décadas e ainda há espaços que não conheço. :)
Um abraço, muita saúde e bom FDS.
Sou de perto do Porto e trabalhei lá 5 anos. Linda a cidade!
ResponderEliminarE às tantas, tal como eu, ainda lhe falta conhecer muito do que há de interesse por cá. 😊
EliminarObrigada, Último, bom FDS.
Deveria ser obrigatório conhecer, com tempo e uma calma alentejana, a cidade do Porto e que é minha por adopção.
ResponderEliminarEsta canção é, para mim, talvez a que mais aprecio do Rui Veloso/Carlos Tê.
O cabeçalho e as fotos são adequadas ao tema.
1 bji.
😊 Calma alentejana, é?
EliminarÉ verdade! Já somos dois... Um transmontano e uma alentejana - entre muitos outros - que adoptaram a cidade, ou o contrário, foi a cidade que nos adoptou.
O Carlos Tê é dali da zona de Cedofeita, sabia?
Mudando de assunto. O que se passa com a sua Zorra que nunca mais publicou? Não me diga que o vampiro o assustou.
Vejo lá um Anónimo que se deve ter enganado no blogue. Porque o não elimina? Eu era o que faria.
Um Beijinho e fique bem.
Em casa, como manda quem pode.
Olá, Janita, que vídeo, amiga!! Que voz maravilhosa, Nossa Senhora...
ResponderEliminargostei muito do texto, da aquarela e no final do teu poema! Vê-se que saiu do coração.
Gostei muito da postagem!
Bjssss, um excelente domingo...em casa! Tem de ser para virarem o jogo! Vai ficar tudo bem, amiga.
Olá, querida Taís!
EliminarA canção já tem alguns anos. Para os «tripeiros» - nome, vulgar e popularmente, atribuído aos naturais do Porto - e não só, esta canção é como um Hino à Cidade. Não há, por cá, quem a não saiba de cor. :)
Fico muito feliz por tudo aqui lhe ter agradado, minha amiga!
Um beijinho e um bom fim de semana.
Gostei das palavras, da música e do quadro !
ResponderEliminarResumindo: Gostaste de tudo menos da minha foto... :)
EliminarMas olha que com aquela geringonça em movimento, os vidros embaciados e o dia cinzento, não me foi possível fazer melhor.
Obrigada, Ricardo.
Gostei de tudo: adoro Eugénio e tanto a música como a aguarela são lindas. A fotografia da Janita dá alma às belas palavras do poema.
ResponderEliminarBeijo
Muitíssimo grata pela sua apreciação tão generosa, Ana.
EliminarFiquei muito contente e envaidecida. :)
Um beijinho e bom fim de semana.
Sim,
ResponderEliminargosto do Porto
e, assim,
fotografado
pintado
cantado
e dito
fica ainda o Porto
ainda mais sentido
e te relembro
já fui um Lyso
https://conversavinagrada.blogspot.com/2017/11/no-porto-fui-um-dos-lysos.html
Que pena, Rogério.
EliminarO link que me trouxe não me leva a lado nenhum, diz-me que a página que procuro não existe.
Mas eu sei do seu passado ligado à Invicta, por motivos profissionais.
Um abraço e o meu agradecimento.
o link funciona lindamente...
Eliminarvai lá tentar novamente
passa-lhe o rato por cima,
e, com o botão direito, clica
:)) Isso foi o que fiz ontem e nada me apareceu,
Eliminaragora voltei a fazer e já deu.
Lá estão os LySOS, passados 3 anos certos, se não forem os mesmo outros serão.
Eu também estou, mas o Rogério não.
O Porto, Cidade,
na sua estranha identidade,
continua a guardar
os seus segredos por desvendar... :)
Um abraço, com Lysura.
Uma das penas que melhor descreveu o Porto, a de Eugénio de Andrade, aqui muito bem empregue.
ResponderEliminarGostei da envolvencia do post
😊
Concordo. Mas, outras 'penas' houve que enalteceram os valores da Cidade Invicta através da poesia.
EliminarComo agora tenho tempo e disposição, trago-lhe algumas estrofes, não muitas, para não lhe tornar a leitura exastiva, de poemas em louvor à Cidade.
Que diz além, além entre montanhas,
O rio Doiro à tarde, quando passa?
Não há canções mais fundas, mais estranhas,
Que as desse rio estreito de água baça!…
Pedro Homem de Mello
*
Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.
Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a ponto de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum.
Mário Cesariny
[sempre irónico]
*
Nasci no Porto, a cidade e seus arredores
As praias próximas, descendo para sul
Permanecem para mim a pátria dentro da pátria,
A terra materna,
O lugar primordial que me funda...
Porque nasci no Porto sei o nome
Das flores e das árvores
E não escapo a um certo bairrismo.
Mas escapei ao provincianismo da capital.
Sophia de Mello Breyner
[como não poderia deixar de ser...]
*
Fiquei contente com o seu agrado. 🤗
Obrigada!
Todos poemas que sempre gostei.
EliminarEm especial sophia
Sempre bom passar por aqui
😊
Obrigada. 😊
EliminarOI JANITA!
ResponderEliminarVIM TE VISITAR ATRAVÉS DO BLOG DA ELVIRA E AGORA VI QUE JÁ TE SIGO A MUITO TEMPO.
BOM VOLTAR AQUI.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Olá, Zilani Célia.
EliminarTambém já me tem acontecido perder blogues de vista. :)
Como me tenho mantido fiel ao 'modelo' com que me iniciei, não é muito difícil reencontrar-me.
Gostei de a tornar a ver por cá.
Venha sempre que o desejar.
Um abraço.
"... de quem mói um sentimento." é uma fantástica publicação, Janita.
ResponderEliminarO meu coração bate pela cidade invicta, quando me encontro em Düsseldorf. O meu coração bate por Düsseldorf, quando me encontro na cidade invicta.
Obrigada, Teresa.
EliminarMas, tens de concordar, tive boas colaborações.
Perante esse teu inconstante coração, lembrei-me das palavras de António Variações que dizia só estar bem onde não estava.
Essa incapacidade de optar, também me acontece com frequência.
Bom domingo.
Em forma de homenagem, simplesmente fantástico!
ResponderEliminar*
Antiguidade, segredos guardados...vida
-
Beijo e um bom Domingo.
Sempre simpática e generosa a amiga Cidália.
EliminarMuito obrigada.
Um beijo com votos de um bom resto de domingo.
Conheço mal o Porto. Só duas ou três breves visitas. Excelentes escolhas de música e de palavras fizeste neste post, Janita. :)
ResponderEliminarE «excelência» nem sempre está do meu lado mas, por vezes, acontece, Luísa. :)
EliminarObrigada
Um beijo. :)
Janita, eu sou alfacinha de gema mas sempre gostei do Porto. Contradição? Não! Bom gosto.
ResponderEliminarA minha filha, também alfacinha, conheceu no Internato médico, um colega do Porto. E apaixonaram-se. Há um ano que andam a fazer piscinas na A1.....mas ela vai aí mais vezes do que ele vem cá porque o Covid o retém mais tempo a trabalhar do que ela que, apesar de tudo, está um pouquinho mais aliviada ( só um pouquinho! ). Os planos são irem viver para aí quando terminarem os respetivos Internatos.
Isso será em 2022. Espero que a Covid-19 já esteja erradicada com as vacinas porque eu quero um casamento numa dessas igrejas de azulejos lindas que a cidade tem.
Bom, isto são os meus planos. Se calhar, eles casam-se na Conservatória.....e lá se vai a cerimónia com os belos azulejos , just saying! LOL !
Olá, UmaMaria!
EliminarSeja muito bem-vinda. :)
Não, não há qualquer contradição em ser alfacinha e gostar da Cidade Invicta. Olhe, eu sou alentejana, vivo há décadas no Norte e adoro Lisboa. Talvez nem seja propriamente a cidade, já que dela pouco conheço, mas porque a ela está ligada o meu desabrochar, de menina a mulher...aos primeiros sonhos, ilusões e desilusões.
Pois é... Evadida a maleita, lá da longínqua Wuhan, tantos sonhos se adiaram e vidas ficaram suspensas. Esperemos que esse sonho de ver a filha entrar vestida de noiva, numa destas bonitas Igrejas, não demore a concretizar-se. :)
Obrigada por ter vindo. :)