A PANELA DE FERRO E A PANELA DE BARRO
A panela de ferro, um certo dia,
Ao sair do esfregão da cozinheira,
Mui fresca e luzidia,
Disse à de barro, sua companheira:
«Vamos dar um passeio,
Fazer uma viagem de recreio».
- «Iria com prazer, disse a de barro,
Mas sou tão delicada,
Que, se acaso em seixo ou tronco esbarro,
Lá fico esmigalhada,
Acho mais acertado aqui ficar,
Ao canto do lar.
Tu, sim, que vais segura
A pele tens mais dura»
- «Se é só por isso, podes ir comigo;
É medo exagerado o teu; - contudo,
Se houver qualquer perigo,
Serei o teu escudo»
A tal dedicação, a tal carinho,
Não pode a companheira replicar,
E as duas a caminho,
Lá vão nos seus três pés a manquejar.
Mas, ai! não tinham dado quatro passos
Numa vereda estreita,
Eis que se tocam __ e a de barro é feita,
Coitada, em mil pedaços!
Para sócio não busques o mais forte,
Que te arriscas decerto à mesma sorte.
Acácio Antunes
[das Fábulas de La Fontaine]
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NOTA: Nesta publicação não me foi possível inserir as imagens que pretendia. Fotografei a ilustração que acompanha esta história, do livro de onde a transcrevi, e sempre me aparecia esta mensagem:
"Ocorreu um erro inesperado ao processar a sua seleção. Tente novamente mais tarde."
Se acaso já vos aconteceu o mesmo, gostaria de saber como, e se, resolveram mais esta dificuldade do Blogger. Obrigada!
ADENDA: Finalmente resolvida, e removida, a dificuldade na ilustração de prosas e poemas, lá estão as amigas panelas e, aqui está, a minha habitual oferta florida para os meus leitores.
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