domingo, 10 de dezembro de 2023

TRAIÇOEIRA COMO O MAR É A INSÓNIA

 Após dormir não mais do que quatro horas, a insónia sempre associada ao desassossego fez com que saltasse da cama depois de muitas voltas e reviravoltas e com o corpo já a ficar cansado. Não sou de dormir muito nem ficar na cama até ao meio-dia, mas sair da cama a meio da noite acontece-me muitas vezes. Vezes demais, até. Bom, é este o motivo deste post madrugador.

Esta é uma escultura, com o nome "Tragédia no Mar" que se encontra na praia 
em Matosinhos.

Clique na legenda e conheça a informação acerca desta escultura
bem como o nome do autor.


[ Também tenho fotografia minha, mas não a encontrei. ]


****
Antes de mudar de tema quis trazer-vos mais um poema da poetisa Maria Noémia Ribeiro da Cunha, para vos mostrar quão versátil é a sua poesia. Espero que gostem.

Traição do Mar

Fui ao cais dos meus desejos
À espera de quem não vem
Em vez de abraços e beijos
Vi todos os meus desejos
Espalhados pelo mar além
Este mar calmo e sereno
Que tantos segredos guarda
Não resiste à tempestade
Que se faz ao mar não tarda
Neste mar dos meus enganos
Vi perdidos os meus anos
Vi tristes mulheres chorando
Outras ainda rezando
Todas de negro trajando
P’ra sua dor abafar
Implorando ao Senhor
Que acalme por favor
As águas no alto mar
Mas as ondas alteradas
Mais fortes que os seus desejos
Que em vez de abraços e beijos
Viu as águas murmurar
Que o barco não vai voltar...

*******


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31 comentários:

  1. Janita, a insonia é danada e atrapalha muito nossas noites!
    Gostei da escultura e da poesia maravilhosa!
    beijos, linda semana,chica

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    1. Desculpa, Chica, mas o blogger além de esconder os comentários agora cada vez solta-os mais tarde. Fui espreitar a cx. de spam e lá estava quase uma mão cheia deles... :(
      Beijinhos e óptima semana, amiga.

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  2. Os versos são lindos e a respeito da escultura há uma parecida na Póvoa, talvez o autor seja o mesmo!

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    1. Tudo o que fale no Mar para o Tintinaine é lindo!
      O nome do autor das esculturas é José João de Brito e se tivesse feito o que eu pedi, ou seja, clicar ali na legenda sob a imagem, teria acedido ao site onde explica tudo... 😊

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  3. 1 - As insónias são tramadas e felizmente não sofro, mas esta noita houve no andar debaixo uma festa e só ferrei bem no sono quando acabou já passava da meia-noite!
    2-Quanto à estátua já conhecia a sua história/homenagem/dedicação!
    3- O verso de Noémia narra muito bem a dor de quem fica em terra!
    4- Gosto muito desta música da Dulce Pontes!
    Beijos e um bom domingo

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    1. Nem mais!! Em quatro lamirés dás a tua opinião, ademais muito bem fundamentada. 😊
      Não sofro de insónias crónicas, só quando no meu subconsciente anda qualquer bichinho a remoer e, de repente, me assalta de surpresa e sem eu querer.
      Voltei a deitar-me por volta das 7;30 e só acordei quase às 10h... :)
      Beijinhos

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  4. Bom dia
    Depois das insónias que infelizmente também tenho , nada melhor que uma bela poesia e uma canção maravilhosa.
    Bom domingo amiga .

    JR

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    1. Boa tarde, JR!
      Tem andado meio fugido cá do Cantinho...passou-se algo que eu desconheço a causa?
      Bom domingo também para si, caro amigo.
      Obrigada!

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    2. Bom dia amiga
      Não se passa nada , apenas prefiro não comentar quando não estou à vontade com os temas e não quero dizer disparates.

      JR

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    3. Antes isso, caro amigo, antes isso, mas como nunca lhe li aqui nenhum disparate, acho que a palavra, neste caso, é ouro e o silêncio prata... : )

      Boa tarde, JR!

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  5. Apesar de madrugadora, é excelente a publicação.
    Beijinho, Janita.

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    1. São sempre as melhores, António!
      Com as ideias algo baralhadas mas suficientemente lúcidas, fiz a publicação, andei pelas ruas do meu bairro blogosférico à vontadinha, entrei na casa de alguns vizinhos enquanto eles dormiam, comentei e voltei para a cama para retomar o sono perdido. Foi algo novo e muito frutuoso, digo-te já! 😊
      Beijinhos

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  6. Vi dessas cenas dolorosas na Nazaré!
    Belo poema!
    Mesmo que não durma não me mexo.

    Abraço

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    1. Leo, não sei se acedeste ao link, mas esta escultura é uma homenagem a todas as mulhures que sofrem na praia em dias de tempestade no mar, enquanto os seus homens andam na faina. Em 1947 quatro traineiras naufragaram ali em Matosinhos causando a morte a mais de 150 pescadores.
      Uma verdadeira tragédia que o autor imortalizou em 2005 homenageando pescadores, viúvas e orfãos.

      Ficar acordada sem me mexer deitada e com o pensamento a vaguear? E os bichos - não carpinteiros, mas no corpo inteiro - que não me deixam sossegar? Nem pensar!! 😊

      Abraço.

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  7. Esta também fez parte dos desafios do Rui.
    Beijinhos

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    1. Não me lembro Pedro, mas esta foi fácil de descobrir. Na Net há várias, vistas em todas as prespectivas.
      Numa ida para aqueles lados também a fotografei, mas no calor da madrugada não perdi muito tempo à procura dela.
      Beijinhos, boa semana.

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    2. *Perspectivas, pois com certeza!

      Este meu teclado, marado
      mais o corrector baralhado
      que não tenho, nem quero
      faz-me mais ignorante
      do que eu gostaria e
      dele já nada espero...

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  8. Uma publicação fabulosa. Obrigada pela partilha.
    As insónias são tramadas. Ando nessa fase :(

    Beijos e um ótimo Domingo.

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    1. Agora ando nessa fase de precisar de ajuda (medicamentosa) para poder domir pelo menos umas 6 ou 7 horas.
      Ando apoquentada com algo que durante o dia se camufla e de noite deita as garras de fora... :(
      Beijinhos e semana boa, Cidália.

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  9. Foto, poema e música, lindos de ver, ler e ouvir. Grato pela simpática e feliz partilha.
    .
    Dezembro. Mês de Paz e Amor. Seja feliz.
    .
    Poema: “ Aquele entardecer “
    .

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    1. Grata pela sua opinião e visita, caro Rycardo.
      Paz e Amor são palavras que se ouvem neste mês e isso entristece-me profundamente. Porquê só agora? Enfim, nasceu Jesus Menino e temos tempo de sofrer com ele quando for pregado na cruz...
      Vou aproveitar ter-me trazido a janela aberta e visitar 'Aquele Entardecer.' Obrigada!
      Feliz Natal.

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  10. Rogério V. Pereira10 dezembro, 2023 22:44

    Quanto ao sono,
    acordo e durmo
    acordo e durmo
    De vez em quando sonho

    Quanto às estátuas
    queixosas de alterosas águas
    são protagonistas
    de tão belas rimas

    Ah!, tenho saudades da Dulce Pontes

    Abreijos

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    1. Sonos intermitentes são normais em mim, Rogério.
      Mas isto de ficar de olhos arregalados durante horas, é uma tortura. Por vezes - quase sempre - opto por ver um filme naqueles canais que passam filmes uns atrás dos outros, mas ontem aproveitei para adiantar trabalho no blog. :))

      Se abreijos forem abraços e beijos, então, aí vai o mesmo para ti! 😊

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  11. Tenho poucas insónias, duas ou três por ano. Mas, quando isso acontece a meio da noite, levanto-me e vou ler alguns minutos. Depois disso, normalmente adormeço logo.
    Gostei do poema da Noémia, é muito bom.
    E a Dulce Pontes é uma das grandes cantoras deste país.
    Boa semana.
    Beijinhos.

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    1. Amigo Jaime, este pesadelo chamado insónias, é um mal que anda a alastrar-se e não só entre os mais 'experientes' - velhos ou idosos jamais, era o que faltava - e cada um de nós lá vai salvando as noites o melhor que pode e sabe, não é verdade?
      Também aprecio muito a voz da Dulce Pontes, agora fora dos circuitos musicais ao vivo.
      Um beijinho e votos de excelente semana, Jaime.

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  12. Sem internet desde o fim da manhã de quinta-feira até agora. Apreciei os comentários neste postal e no anterior, mas por motivos óbvios não comento, salvo no que diz respeito aos vídeos, que também apreciei. No entanto, acho que tive uma lágrima no canto do olho...
    (Não me parece provável que o senhor Rogério Pereira me conheça, contudo...)
    beijinho.

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    1. Ah, José, o que eu tenho andado aflita a pensar que fiz as publicações sem lhe participar e isso seria a causa do seu silêncio. Felizmente, o motivo foi de ordem prática.
      Tanto no "Folhas Soltas" quanto no "A Densidade do Silêncio" há tantos e tão belos poemas que optar fica difícil.
      Com o tempo, irei publicado mais, agora com mais desp+reocupação. Se bem que o José já me tivesse dado permissão ainda antes...há uns anos atrás!

      Acredito que o Rogério tenha feito confusão, mas não quis pronunciar-me sem certezas, como deve calcular.

      Quanto às lágrimas,. não as reprima. Chorar lava a alma e purifica-a.
      Um beijinho grande com a minha gratidão.

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  13. Olá Janita,
    Passo algumas vezes por essa estátua, homenagem a gente brava. Engraçado que quase sempre, ali me detenho algum tempo a mirar e remirar o, por vezes buliçoso, espaço envolvente.
    Parabéns pela continuidade deste blogue. Saúde e Paz

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    1. Olá, ZéCarlos!
      Mas que surpresa agradável vê-lo depois de tantos anos! :)
      Fiquei mesmo contente...
      Sabe? Uma coisa que me chamou a atenção, quando estive perto desta escultura, foi justamente a pouca distância que a separa do passeio e da via movimentada, bem como das esplanadas e do constante vai-vem de carros e transeuntes.
      Provavelmente, na altura em que foi ali colocada não existiam as urbanizações actuais. Aquela zona de Matosinhos sofreu grandes alterações e eu estive longos anos sem ir para aquelas bandas.
      Tem fotografado muito? :) Eu já faço parte integrante deste blogobairro e não tenciono sair daqui tão cedo. 😊
      Um abraço grato pela sua visita.

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  14. Olá querida Janita.
    Viver sob o signo da insônia é algo aterrador amiga, é ela uma ladra desalmada. Mas nem tudo é de todo ruim, proporcionou a você nos brindar com uma bela triste poesia. Um tema que assedia os poetas, a dor na beira dos cais, onde os encontros e despedidas se misturam, onde a incerteza da volta, arrastas lágrimas muitas vezes sufocadas. Uma escultura que conta historias desta gente destemida que enfrenta o mar, deixando olhares perdidos nos sobe e desce das aguas, onde os barcos bailam e muitas vezes não regressam.
    Bela semana com paz e alegria e poesia nos olhos.
    Bjo amiga

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    1. Que comentário lindo e animador, Toninho.
      Um bálsamo para a minha alma ler as suas amigáveis palavras!
      Felizmente não vivo sob o signo dessa desgramada insónia, não. Acontece-me de quando em vez, mas nem sempre me levanto. O frio é muito, pois reduzo a temperatura do aquecimento central quando me deito.
      Também fiquei feliz por o poema lhe agradar.
      Muito grata, amigo Toninho.
      Que os seus dias sejam igualmente felizes, harmoniosos e vividos com Paz e Amor.
      Um beijo amigo.

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