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Sua canção fora a Gota,Sua dança fora o Vira.Chamavam-lhe “o fandangueiro”.Mas seu nome verdadeiroQuando bailava, bailava,Não era nome de cravo,Nem era nome de rosa.- Era o de flor, misteriosa,Que se esfolhava, esfolhava...
E havia um cristal na vistaE havia um cristal no arQuando aquele fandanguistaSe demorava a bailar!E havia um cristal no ventoE havia um cristal no mar.E havia no pensamentoUma flor por esfolhar...Fandangueiro! Fandangueiro?...(nem sei que nome lhe dar...)
Tinham seus braços erguidosNem sei que ignotos sentidos- leitos de Asa pelo ar...Quando bailava, bailava,Não era folha de cravoNem era folha de rosa.Era uma flor, misteriosaQue se esfolhava, esfolhava...Domingos Enes PereiraDo lugar de Montedor...(O bailador do FandangoEra aquele bailador!)Vinham moças da AreosaPara com ele bailar...E vinham moças de AfifePara com ele bailar.Então as sombras dos corpos,Como chamas traiçoeiras,Entrelaçavam-se e a dançaCobria o chão de fogueiras...E as sombras formavam sebe...O movimento as florira...O sonho, a noite, o desejo...Ai, belezas de mentira!E as sombras entrelaçavam-se...Os corpos, ninguém sabiaSe eram corpos, se eram sombras,Se era o amor que se escondia...
Poeta português, de seu nome completo Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello, nasceu a 06 de Setembro de 1904, no Porto, e faleceu a 05 de Março de 1984. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi professor de Português e de Literatura Portuguesa no ensino técnico. É autor de uma vasta obra poética (cerca de 25 volumes de poesia), integrando uma poesia de cunho tradicional. Apaixonado pelo folclore português escreveu sobre isso vários ensaios e fez vários programas de Rádio e Televisão.
Foi distinguido com o Prémio Antero de Quental e o Prémio Nacional de Poesia em 1973. A sua obra poética encontra-se compilada em Poesias Escolhidas. Como estudioso do folclore nacional, escreveu "A Poesia na Dança", "Cantares do Povo Português e Danças de Portugal".
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Linda homenagem e cultivar as tradições é sempre importante.Alegres os vídeos, contagiuantes. beijos, chica
ResponderEliminarOlá, Chica, Bom dia!
EliminarSó respeitando e cultivando as nossas tradições, podemos identificar as nossas raízes. Poucos são os intelectuais que o fazem, sobretudo actualmente.
Beijos
Um português à moda antiga!!!
ResponderEliminarE não por ser antigo, pois antes de o ser não o era, mas sim por amor às tradições regionais minhotas. Apaixonado que era pelo Minho, suas gentes, seus costumes e tradições folclóricas...
EliminarIsto é para lá de interessante!!!
ResponderEliminarBeijinhos, Janita.
Se é para lá, só pode ser interessantíssimo... 😊
EliminarBeijinhos, António!
Gosto muito quando se recordam momentos mais antigos.
ResponderEliminarO poema é lindo!
Beijinhos Janita
Pois é, só retrocedendo às memórias do passado podemos avançar rumo ao futuro. Digo eu, que só sei que nada sei! 😊
EliminarBeijinhos, querida Manu!
Gosto imenso da poesia de Pedro Homem de Mello e sobretudo aqueles que foram musicados como este e O Rapaz da Camisola Verde!
ResponderEliminarObrigada pela partilha!
Abraço
Também eu, Rosa dos Ventos!
EliminarGuardo na memória os seus pprogramas na RTP ligados à Música Tradicional e ao Folclore Minhoto. Era um homem com uma figura imponente! Dava gosto ouvi-lo!!
Nada a agradecer, nestas coisas dos blogues, todos partilhamos, quer sejam criações próprias ou alheias.
Beijinhos
Devia ter escrito "Gosto dos poemas...
ResponderEliminar😊 Podes dizer como melhor te aprouver, pois estás sempre certa!
EliminarCreio já aqui o ter dito. Era eu um jovem quando conheci Pedro Homem de Mello. Apanhávamos o eléctrico na mesma paragem (esta distava poucos metros da sua residência mas o guarda-freio chegava a parar junto à sua porta para ele descer ) e ele também passava pelo café que era o meu poiso. Deu-me a conhecer manuscritos em folhas folhas soltas ou num caderno antes da sua publicação, mas eu era um pouco duro de ouvido para a poesia. Também queria que eu "aprendesse" folclore e com ele fosse até Afife (onde tinha uma vivenda) ou outros locais onde houvesse um qualquer festival. Que eu havia de conhecer a "Rainha" do Vira, cujo nome não recordo, o que nunca aconteceu. Era um homem afável, com uma voz profunda, com quem era agradável conversar, mas eu não tinha ainda pedalada para o acompanhar, o que haveria de lamentar. Era muito conhecido na cidade e viria a ser mais conhecido no País com os programas televisivos sobre o tema de folclore..
ResponderEliminarGosto de alguns dos seus poemas.
bjis.
Nunca tive o prazer de conhecer pessoalmente Pedro Homem de Mello, mas como toda a família do meu genro é de Afife, todos falavam muito, e bem, deste senhor. Dizem que gostava de andar pelas ruas e campos, misturar-se com o povo e manter longas conversas com todos. Só o meu genro e irmãs nasceram no Porto.
EliminarGostei de saber que o José o conheceu de perto.
Beijinhos
O Rapaz da Camisola Verde, negra madeixa ao vento, boina marujo ao lado.
ResponderEliminarBeijinhos
Poema transformado em Fado/Canção, que a Amália Rodrigues popularizou! 😊
EliminarBeijinhos.
Já li alguns poemas dele mas este desconhecia e gostei imenso. Também gostei do vídeo.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
O vídeo tem uma música contagiante que gostei muito e, embora pareça estar deslocado do resto do tema, não está! É até curioso como alguém que fala o português de além-mar, dança tão bem o Vira do Minho. 😊
EliminarBeijinhos e as tuas melhoras!
A menina dança?
ResponderEliminarOlhe que eu sou... O rapaz da camisola verde
De mãos nos bolso e de olhar distante,
Jeito de marinheiro ou de soldado,
Era um rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Perguntei-lhe quem era e ele me disse
“Sou do monte, Senhor, e um seu criado”.
Pobre rapaz de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Porque me assaltam turvos pensamentos?
Na minha frente estava um condenado.
Vai-te, rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Ouvindo-me, quedou-se o bravo moço,
Indiferente à raiva do meu brado,
E ali ficou de camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Soube depois ali que se perdera
Esse que só eu pudera ter salvado.
Ai do rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Ai do rapaz da camisola verde,
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
Negra madeixa ao vento,
Boina maruja ao lado.
- Pedro Homem de Melo
Danço, pois!
EliminarE de preferência o Vira,
que não tem nada que saber
é andar com um pé no ar
e outro no chão a bater.
E eu não sei quem é o rapaz da camisola verde?
Abraço.