terça-feira, 9 de abril de 2024

TERÇAS-FEIRAS MUSICAIS.

 


Amália Rodrigues
"Prece"




Talvez que eu morra na praia
Cercada em pérfido banho
Por toda a espuma da praia
Como um pastor que desmaia
No meio do seu rebanho.

Talvez que eu morra na rua
E dê por mim de repente
Em noite fria e sem luar
Irmã das pedras da rua
Pisadas por toda a gente.

Talvez que eu morra entre grades
No meio de uma prisão
Porque o mundo além das grades
Venha esquecer as saudades
Que roem meu coração.

Talvez que eu morra no leito
Onde a morte é natural
As mãos em cruz sobre o peito
Das mãos de Deus tudo aceito
Mas que eu morra em Portugal.

*********

Já agora, e porque não? - um cheirinho deste filme - numa coprodução luso-francesa - que tão bem retrata o drama, as alegrias e as cumplicidades entre os emigrantes portugueses em todo o Mundo, especialmente em França. 
Comum a todos eles, um só desejo: O regresso à sua terra natal... com algumas excepções, claro! 
Escolhi o making of, por nos dar uma maior aproximação com os actores. 
Vi este filme, seguramente, umas duas ou três vezes. Não me importava nada de o rever nos nossos canais televisivos. 
Quem também viu o filme, recorda-o agora, quem não viu, ficará com curiosidade de o ver. O que aconselho vivamente!








40 comentários:

  1. Gostei de ouvir a nossa DIVA.
    Tenho jazigo em Düsseldorf e outro no Porto.
    É mais provável que eu morra num hospital em Düsseldorf.
    Amanhã, vejo o vídeo sobre os emigrantes portugueses em França.
    Agora vou para a cama e digo simplesmente boa noite 😴

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    1. Mais uns minutos e tinhas 'despachado' isto, Teresa.
      Provavelmente, não viste o filme, mas talvez te lembres do nosso amigo CBO ter falado nele. Nessa altura ainda eu o não tinha visto, gostei tanto do seu resumo que enquanto o não vi, não descansei.
      Poucas pessoas pensam na sua última morada. Aqui, não tenho um palmo de terra onde os meus ossos possam repousar, mas na minha santa terrinha, sim tenho.
      Como quero ser cremada, não penso muito nisso.
      Tem um bom Dia!

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  2. Amália, a grande fadista.
    Lembro-me do filme. Teve um grande sucesso. Não cheguei a vê-lo. Pensei que passasse numa das salas de cinema da área, mas não passou e perdi a oportunidade.
    Há várias razões por que os portugueses quererão regressar. O facto de estarem longe da família, o clima, o alto custo de vida do Canadá... Talvez já não considerem este país como o país da oportunidade.

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    1. Por muito que a tentem imitar, ela, a grande Diva do Fado, será sempre inimitável. Aquele seu timbre de voz é inconfundível.
      Pensei que aí, no Canadá, os emigrantes se sentiam tão bem que acabassem por assentar arraiais. Considero o Canadá um belo país para se viver, bem como a Holanda. Já com a Alemanha e a França, é diferente. Mas isto sou eu a conjecturar uma vez que nunca emigrei.
      Ainda podes ver o filme, Catarina, no YouTube, talvez. : )


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    2. Este tipo de filme não vai para o youtube tão cedo, apesar de ter sido realizado há 10 anos. Mas fui confirmar. Não está.
      Uma outra fadista que me esqueci de mencionar ontem: Teresa Tarouca. De família aristocrática que cantava o fado em público. Naquela altura suponho que foi um grande “feito” da parte dela. Vi no Google que faleceu em 2019.
      Quanto à emigração ou imigração, a comunidade portuguesa, espalhada por este vasto país, totaliza quase 450 mil. Setenta por cento vive na província do Ontário.

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    3. Lembro-me bem da jovem e morena Teresa Tarouca cantar o Fado, sim. Quando se ama o que se faz não há artes menores e cantar bem o Fado é uma Arte. Sinceramente, nunca senti uma especial admiração por ela, acho que cantava razoavelmente bem, mas não tinha uma voz excepcional.
      Como a Teresa mais aristocratas cantaram o fado, noutros tempos. Uma delas foi a D. Maria Teresa de Noronha, uma senhora pertencente à nobreza, descendia de uns Condes quaisquer, e casou tb com alguém de "sangue azul", cujo título não guardei na memória. Era tia de D. Vicente da Câmara, outro aristocrata do Fado. :)
      Não só os boémios e pobretanas que cantam e gostam de Fado. : ))
      Quatrocentos e cinquenta mil portugas espalhados por terras canadienses é obra.

      (Vou ficar à espera que me corrijas, pois nunca tenho a certeza do gentílico referente ao Canadá: canadiano, canadense ou canadiense? :)

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    4. Em português europeu, o termo mais usado é canadiano.

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    5. Agora já não me vou esquecer! 👍

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  3. O que esta mulher sofreu faz agora 50 anos!!
    Fascista, voz do antigo regime, chamaram-lhe tudo.
    Ela foi estupidamente e injustamente confundida com o rosto de um dos três efes.
    Beijinhos

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    1. Um dos maiores defeitos do povo tuga é classificar e perseguir as pessoas que na sua ideia ou são burgueses, logo, inimigos do povo, ou da Direita 'fascista' . Tão depressa endeusam as figuras públicas como as põem na lama. E quem mais fala é quem mais tem que se lhe diga...
      Pois, Fátima, Fado e Futebol, não é? No caso da Amália só lhe conhecia o gosto pelo fado.
      O engraçado, mal grado o meio século após a Revolução, o triângulo continua a ser o mesmo. : ))
      Beijinhos

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  4. Nunca gostei de ouvir a Amália mas tirando uma ou duas canções e não sei dizer a razão. Como eu fui e sou também emigrante e jamais retornada vi esse filme que me comoveu muito.
    Beijocas e um bom dia

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    1. Desculpa lá Fatyly, respeitando os teus gostos, que tens todo o direito de os ter, deixa que te diga que és bocado 'esquisita' nos teus gostos... Não gostar de alguém sem saber porquê é estranho.
      Retornados são os que retornam ao lugar de onde saíram. Não considero isso ofensivo. Mas se já nasceste em Angola, filha de pais portugueses, és emigrante em Portugal?
      Beijinhos a cofiar a barba que não tenho... :)

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    2. Sim sou esquisita desde pequena e sou como sou e não sei deixar de ser quem sou! Quanto ao "retornado" nunca ninguém me apelidou com esse brinde, mas ainda hoje agradeço a Portugal por me ter recebido embora há uns anos e já no trabalho diziam -me o que não deviam e com isso deram-me mais força para continuar. Só quem passa por elas é que entenderá o que digo!
      Beijos

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    3. Toda a gente passa «por elas», mas nem todos da mesma maneira.
      Já eu, que não ligo nenhuma aos epítetos, estar-me-ia borrifando caso alguém me chamasse de retornada se eu voltasse a ir viver para o Alentejo. Uma vez que migrei! Nasci no Sul e vim para o Norte do mesmo País.... : )
      Abracinhos.

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  5. Bela escolha musical!
    Tive o prazer de ver este filme que me comoveu imenso.
    Beijinhos Janita

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    1. Eu achei-o divertido, apesar de ter passagens algo comoventes, sim. Sobretudo quando o casal se vê confrontado com aquela questão da herança e os filhos não querem vir para Portugal.
      Beijinhos, querida Manu.

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  6. A Amália e o Quim Barreiros cantam músicas que eu entendo, por isso gosto deles. Desta música gosto muito mais da letra do que da dita!

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    1. Desculpe, Tintinaine, mas sem desprestígio para o galhofeiro Quim, essa comparação não tem o mínimo cabimento.
      Enfim, a liberdade de expressão pode ser usada com ou sem intenção de se ser sarcástico.
      Vá lá, gostou da letra já não é mau...

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  7. Bom dia
    Amália é rainha e ponto final.
    O filme ainda o vi recentemente e é sem dúvida das grandes interpretações à boa maneira portuguesa .

    JR

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    1. Ponto final, e está tudo dito!! : )
      Boa tarde, JR!

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  8. Creio não conhecer este fado da Amália, que tinha cá em casa uma uma admiradora sua. Tenho por aí discos e DVDs vários e até é possível que num deles esteja este fado.
    Não vi o filme, de que ouvi falar à época. Aprecio o Joaquim de Almeida e sobretudo a Rita Blanco, que acho fabulosa nos papéis em que a vi.
    Creio que a maioria dos emigrantes prefere o sono eterno em Portugal, que em vida não deixam de visitar uma vez por ano, tal como a maioria dos seus descentes directos. Isto no que respeita aos mais antigos, mas acho que também os mais recentes.
    Beijinhos.

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    1. Creio que este Fado que nos fala do povo emigrante e que escolhi para fazer 'pendant' com o filme, não é dos mais conhecidos da Fadista nem sequer o que mais gosto. Sou apaixonada pelo 'Lágrima'. Desse é que eu gosto muito! : )
      E fico por aqui.
      Beijinhos

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  9. Já vi o filme pelo menos três vezes.
    Gostei muito de ouvir Amália.
    Agradeço este momento musical e fílmico.

    Abraço

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    1. É um filme que se vê bem, não sendo uma obra-prima cinematográfica. Ainda bem que, tal como eu, gostaste e trisaste. : ))
      Eu é que tenho motivos para te agradecer, Leo.

      Beijinhos.

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  10. Reconheço em Amália um valor incomum, apesar de não ser seu fã. Foi das melhores cantoras/fadistas que Portugal conheceu.
    O filme ... não, obrigado.
    Beijinho, Janita.

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    1. Quando há cerca de dez anos fui visitar a Casa Museu com o seu nome, ali ao Largo do Rato, com as sardinheiras a pender das varandas e ao cimo da escada aquele seu retrato de corpo inteiro, eu, que nunca fui de grandes e fanáticas paixões por artistas nem sequer pelos Beatles, senti um arrepio percorrer-me o corpo desde a cabeça descendo pela espinha.
      Tive uma reação estranha, que não esperava ter. Foi como se o espírito da Amália andasse por aquelas pequenas divisões da sua casa. Enfim, António. Conto-te isto, porque se tiveres oportunidade de visitar a casa onde Amália morou, talvez possas sentir o mesmo que eu.
      Beijinhos.

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    2. Conheço a casa que referes, Janita. E sim, sente-se esse arrepio.

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    3. Então, sabes do que falo e o que quis dizer, António!
      Um abraço.

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  11. Isto hoje vai aos pingos... ; ))))
    Ainda sobre os emigrantes portugueses no Canadá e apenas por curiosidade. Já fiz este comentário algures, mas vou repetir.
    Ao longo dos anos tenho conhecido centenas e centenas de famílias portuguesas. A conclusão a que cheguei (sem consultar estatísticas) é que a maior parte dos portugueses são da região centro norte e norte. Algarvios e alentejanos, pouquíssimos.

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  12. Uma fadista que alimenta minha alma de luz sempre que a ouço!
    Um abracinho cantante, Janita!
    👄💙👄Megy Maia

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    1. Cada pessoa é um mundo em si mesma. As coisas que a uns aborrece ou nada diz, a outros provoca uma emoção profunda.
      Compreendo-a Megy Maia.
      Um abraço afadistado! 😊

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  13. Rogério V. Pereira09 abril, 2024 23:23

    Li o poema
    antes de ouvir Amália
    Não o devia ter feito
    ela deu-lhe outra alma
    e "A prece" ganho jeito

    Quanto ao filme...
    tivesse eu tempo

    Beijo

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    1. Tens razão, Rogério!
      Uma coisa é ler o belo poema de
      Pedro Homem de Mello isolado.
      Outra é ir lendo-o ao som do Fado.

      Assim como arranjas tempo para ir a este e àquele evento, também tens de encontrar um tempinho para ver um filmezinho, de vez em quando.
      Digo eu, que tenho tempo pra tudo! 😊
      Beijinho.

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  14. Olá janita

    talvez seja eu quem tenha estado em falta consigo, mas prometo alterar...
    Houve tempo em que não ouvia muito fado... embora seleccione aquilo de que mais gosto, confesso que a Amália foi única e é.

    E, já agora, o seu "cantinho" tem muito bom gosto e não pense que é troca de galhardete...
    um abraço

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    1. Ora, Maceta, assim deixa-me sem jeito, como dizem os nossos irmãos de além-mar! 😊
      Faça somente o que o seu tempo e vontade lhe permitirem e não se preocupe com mais nada. Se há coisas em que não me sinto na obrigação de fazer são visitas nestes meus passeios blogosféricos. Vou onde gosto, onde me sinto bem e sou bem recebida. Por favor, fique à vontade comigo.
      Um abraço.


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