São
belas - bem o sei, essas estrelas,
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!
Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!
Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste,
Sei... não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!
Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
É só de ti - de ti!
Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti! - em ti!
A ti! Ai, a ti só os meus sentidos
Todos em um confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!
Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!
Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste,
Sei... não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!
Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
É só de ti - de ti!
Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti! - em ti!
A ti! Ai, a ti só os meus sentidos
Todos em um confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.
Poema de Almeida Garrett, in "Folhas Caídas'"
Aqui declamado por João Villaret.
O que é bom é bom, até em forma de sentidos.
ResponderEliminarJoão Villaret foi um enorme declamador.
Fizeste bem trazer aqui estas pérolas.
Beijio, Janita, boa semana.
O título do poema é o mesmo que dei ao post, António.
EliminarPara que se forme a pérola, muito tem a ostra que sofrer...
Beijinho, boa semana, para ti também, António.
Concordo com o António: fizeste muito bem trazer aqui estas pérolas. Tenho aqui ao lado o livro e o CD.
ResponderEliminarUma semana poética são os meus sinceros votos.
Que bom, Teresa. Tens, então, um punhado de pérolas, contigo! :)
EliminarPara ti desejo uma semana com tudo o que te fizer feliz, querida Teresa.
Beijinho.
Pois, sim. Também. :)
ResponderEliminarPois sim e porque sim, pois claro! :)
EliminarUm beijo, Luísa.
Boa semana. ( o melhor possível )
Visão, audição, olfato, paladar e tacto, Tão bem expressos neste poema !!! ... e como eles se transformam numa vida ... "em ti" !
ResponderEliminarBonito !!! ... e então declamados por este "monstro sagrado" da declamação, maravilhoso !
Beijo, Jani ! :)
Oh, Amigo Rui...puseste o 'cê' no tacto e não puseste no olfacto, porquê?? Estou a brincar, não te zangues. :))
EliminarFiquei muito contente por ter escolhido um poema que também te agradou. Ando assim numa fase de boas escolhas... :)
Um beijo, Rui. :)
(muita paciência tens de ter para me aturar)
Um poema muito bonito e declamado a primor por esse grande declamador, que foi João Villaret.
ResponderEliminarObrigado.
Um abraço e uma boa semana
Temos bons declamadores, ou tivemos, mas Villaret é inigualável.
EliminarEu é que agradeço a sua apreciação, amiga Elvira.
Um abraço, boa semana.
Este poema é lindo e muito bem dito pelo Villaret, que era um portento.
ResponderEliminarBji.
Ler o poema e de seguida ouvi-lo, dito ma magnífica voz de J.V. é um encanto, uma maravilha, um êxtase...
EliminarObrigada, José, boa semana.
Beijinho
Lindíssimo, foi bom voltar a ouvir.
ResponderEliminarBeijinho Janita, tem uma boa semana.
Também acho lindos estes poemas, Adélia. Sempre tão românticos e actuais.
EliminarUm beijinho e excelente semana, Flor.
Adorei as Folhas Caídas no tempo do liceu. Poemas lindos, leves, verdadeiramente românticos...
ResponderEliminarBeijinhos poéticos
Alguém tão sensível e romântica como tu, só poderia gostar, Graça. Gostamos...:)
EliminarUm beijinho com laivos de poesia.
Romântico? Sou um pouco
ResponderEliminarum tanto quanto tenho de louco
Tivesse eu o génio de Villaret
e teria empunhado o poema
e, apagadas as velas
seria minha a cena
Ah, Rogério, Rogério…
EliminarAlguém que trata
por miúda a companheira
de meio século, em cena,
é um romântico incurável
empunha qualquer poema
sem nunca denotar canseira…
;))
Grande romântico, o grande Garrret!
ResponderEliminarBeijinhos!
Sem dúvida, Vieira Calado.
EliminarQue belos eram os poemas
dos homens românticos de outrora
tão diferentes da poesia d'agora...
Beijinhos
Habituei-me a ouvir o grande João Villaret desde pequenino lá em casa.
ResponderEliminarAinda hoje se ouve sem cansar.
Beijinhos
Eu não era pequenina, mas era adolescentezinha. Ainda não havia televisão lá em casa, via-o e ouvia-o na pastelaria que ficava ao lado do prédio onde morava.
EliminarO que eu gostava de ouvir a Procissão...
Beijinhos.
Memórias vivas
ResponderEliminarBjs
Vivas e inesquecíveis, Mar Arável.
EliminarBeijinhos
Passei por aqui para ver se havia novidades e deixei esturricar as batatas.
ResponderEliminarEhehehe...Batatas nunca deixei esturricar, agora o arroz, quantas vezes se queimou por causa dos blogues...o arroz e os tachos!!
EliminarBeijinhos, sem cheiro a esturro.:)
Querida Janita:
ResponderEliminarAgora que ando a aprender a arte de declamar, agora diz-se dizer poesia, tenho que te dizer que este lindo poema de amor faz parte do meu reportório.
Curiosamente, embora Villaret fosse um enorme actor não dizia poesia respeitando o poema e a pontuação, como podes verificar pelo vídeo, simplesmente dizia-o como o sentia e improvisando por vezes.
Um beijinho
Um beijinho
Ai, é, amiga Fê??
EliminarTens a vida cheia, toda virada para as artes. Que bom!!
Já antes se chamava diseur a quem 'dizia poesia', isso não é novo. Novidade, foi eu ter ficado a saber que além de andares a aprender, ou melhor, aperfeiçoar a arte de escrever poesia, também a dizias com arte.
Já sabes, vai treinando, porque numa próxima vez que falarmos ao telefone, vais declamar-me ou 'dizer'-me, este poema. Vou, desde já, começar a apurar o sentido da audição.
:)
Beijinhos, querida Fê. Força!!
Um mimo para mim, este post, a lembrar o que é bom. É o bom é sempre bom qualquer que seja o tempo é o espaço.
ResponderEliminarObrigado. Agora, passo...
Bj.
Obrigada, caro Agostinho.
EliminarO que é bom, é ver passar por aqui, neste meu modesto espaço, gente que sabe passar com graça e elegância, como todos os que por cá passam, aliás.
Agora, vou eu passar, em passo lesto, ao post de trás...
Beijo. :)
Muito belo o poema, e ao lê-lo se sente quase como uma carícia.
ResponderEliminarBeijokas arreimadas a sorrisos!
§-ouvir Villaret é sempre um prazer!
Olá, querido amigo Kok!
EliminarTambém tu és um romântico. Só assim, entenderias este poema como uma carícia...e é! :)
Beijokas, muitas e sempre com o sorriso que mereces. :)
*-*