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A literatura de cordel teve a sua origem em Portugal através dos Trovadores Medievais, que, nos séculos XII e XIII, cantavam poemas, espalhando histórias para a população a qual, na sua grande maioria, não era letrada. Com a criação de métodos de impressão em larga escala na época Renascentista* possibilitou-se a grande distribuição da palavra, que, até então, era apenas cantada. Assim o cordel nasceu, popularizando-se pelo povo por meio da exposição dos papéis pendurados em cordas — ou cordéis, como são chamadas em Portugal.
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Este é um exemplo de versos livres, de cordel.
😇
Correndo veloz montada no Sonho
Qual Lady Godiva, monta o seu corcel
Quer evadir-se do mundo enfadonho
Qual Lady Godiva, monta o seu corcel
Quer evadir-se do mundo enfadonho
Finje ser Poeta, toma o freio nos dentes
e assim vai escrevendo seus versos de cordel.
Literatura menor? - não sabe nem lhe interessa
Verso solto é o que mais gosta, vive sob o seu lema
Sente-se contente sem ambições nem esquemas
Quem gostar, gostou, é a si que agrada
Faz o que gosta e diverte-se "à bessa."
😇😇
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Quem é essa nos versos descrita?
Sou EU!
😇
* O Renascimento promoveu uma reviravolta no comportamento dos europeus. ================================ |
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És tu, sim!
ResponderEliminarPensei que a literatura de cordel fosse literatura cor-de-rosa.
E a mulher europeia, não sofreu uma reviravolta devido ao Renascimento?
Bjos :)
Também eu tinha uma ideia, não muito abonatória, sobre o conceito da "literatura de cordel". Assim que os meus afazeres me deram tréguas, hoje, pesquisei sobre o tema.
EliminarNa verdade, a literatura de cordel mais não é, para além daquilo que descrevi em cima, do que uma impressão de baixo custo o que facilita a sua grande produção e distribuição. Os temas variam muito, mas os mais comuns contam casos e histórias tradicionais das regiões. Quase sempre em verso, daí eu habilitar-me ao exemplo que dei, autorretrantando-me nas minhas andanças blogosféricas. :)
Sim, Catarina, sei do teu repúdio por esta forma de nos referirmo-nos à Humanidade, usando o género masculino.
Coisas ancestrais, sabes? Isto vem do tempo, não muito longínquo, em que a mulher até para sair do País precisava do 'consentimento' dado por escrito, do marido. Só após a Revolução dos cravos, a mulher ganhou liberdade e autonomia.
Mas deixa estar que eu já vou alterar a lei...:))
Beijinhos.
: )) Assim gosto!!
Eliminar👍 😊
EliminarEna! Cheguei aqui!
ResponderEliminarQuanto ao lido,
faria uma ressalva
porquê "à bessa"
se "à brava"
rima bem com "agrada"?
Olá, Rogério!
EliminarQue bom ter cá chegado e também chegar a todo o lado! :))
O "à bessa" do Brasil ficou para rimar com interessa. Também porque foi um amigo do outro lado do Atlântico que me fez debruçar sobre o tema, com o seu comentário no post anterior.
E tinha ele toda a razão, pois eu fiz a minha publicação na senda de uma outra cá da região blogueira. Logo, elaborei algo como se fora poesia de cordel.
Está a ver como conseguiu?
Quem teima e é obstinado
sempre obtém bom resultado.
Obrigada! :)
De cordel ou cordelinho, tu falas de poesia eu falo de vinho!
ResponderEliminarBom fim de semana!
Cada um fala do que lhe agrada
EliminarEu também gosto de vinho
Mas bebo pouco...
...quase nada! 😊
Obrigada, para si também desejo o mesmo.
Bom dia
ResponderEliminarDe cordel só lembro apenas de uns rolos que se compravam nas lojas ou drogarias que era feito nem sei bem de quê e servia para amarrar o que fosse preciso ou para pendurar a roupa a secar .
BFS
JR
Bom dia!
EliminarEntão, veja lá, caro JR, se este extracto de um belo poema de 'cordel' do poeta Raimundo Santa Helena, que nasceu em 1926, no Brasil, e sempre pugnou pela denúncia das mazelas do povo, através deste tipo de poesia, não ficaria bem melhor no seu estendal de corda, do que uma peça de roupa qualquer...
"(...)
Contestação não é crime
Onde há democracia
Só ao cidadão pertence
A sua soberania
No poder coercitivo
Jesus foi subversivo
Na versão da tirania.
Eu sou dono do meu passe
Faço arte sem patrão
Só quem tem capacidade
Deve ser oposição
Porque lutar pelos fracos
É tatear nos buracos
Na densa escuridão."
Desengane-se, quem pensar que a literatura de cordel é 'coisa' dos menos eruditos. :)
Obrigada e bom fds.
Boa tarde amiga
EliminarEu não tenho dúvidas e gostei do poema, só que nunca tinha ouvido falar .
JR
Certamente, amigo JR.
EliminarNinguém se convença que já tudo. Todos andamos por aqui, não só a aprender como a dar a conhecer coisas que nós proprios vamos aprendendo. O nome desse tipo de literatura eu conhecia, não sabia era da sua origem e o que na verdade significava. Achava o termo até algo depreciativo. Afinal, não é!
Um abraço e obrigada.
Eu não sabia porque em Luanda chamavam "livros de bolso". O meu pai era fã dos mesmos e li alguns.
ResponderEliminarO teu poema é mesmo a tua cara e parabéns poetisa:)
Mais um belo post!
Beijocas e um bom sábado
Não é bem a mesma coisa, Fatyly.
EliminarA diferença entre estes fascículos e os livros de bolso, não está no tamanho e sim no conteúdo. Até porque os primeiros podem ter dimensões que os não permitam meter no bolso. :)
Poetisa sei que não sou, sou é obstinada. Mesmo aos tropo-galhopos, lá vou fazendo o que gosto de fazer. :)))
Beijinhos e bom fds.
Por acaso conhecia o termo.
ResponderEliminarEstás uma poetisa feita!
Abraço
Tal como eu. Há tantas coisas que só conhecemos pela rama, não é verdade? Ouvimos ou lemos, determinada expressão, damos-lhe um significado qualquer, mais de acordo com o que as palavras nos sugerem e pronto. Nunca mais pensamos no assunto. Até que um dia alguém nos desperta a curiosidade e vamos ao fundo, até à raiz :)
EliminarNão te convenças disso Leo que eu também não.
Abraço.
Agora é tudo digital, a literatura de cordel deu lugar à literatura das redes sociais.
ResponderEliminarAinda que não pareça, Último, é bem capaz de haver uma grande semelhança, sim! A diferença - já sem contar com o interesse dos conteúdos - é que a das redes sociais, tendo uma grande exposição, não está pendurada em cordas e presa com molas de roupa. É mais um lavar de roupa suja...
EliminarJá conhecia o termo "literatura de cordel" elaborada com simplicidade e para pessoas pouco letradas, contudo o teu poema vai muito além deste tipo de escrita, porque ficou um poema muito bonito e nada banal.
ResponderEliminarÉs uma poetisa de mão cheia.
Beijinhos amiga Janita
Ando a treinar para isso, minha querida amiga Manu. Para vir a ser uma poetisa de mão-cheia. Mas, algo que me diz que vou ser como o burro do Palaio. Se não souberes a história, diz, logo à tarde eu conto, ok?
EliminarBeijinhos, bom Domingo
De vez em quando aparece um ou outro livrinho desses aqui na feira da bagageira.
ResponderEliminarGostei muito do seu poema e não me parece nada que seja literatura de cordel. Aliás sabe como gosto da sua poesia.
Abraço e saúde
Amiga Elvira, e os livrinhos que aparecem na Feira da Bagageira, estão pendurados num cordel e presos com uma mola? Se não, não são!! :))
EliminarNão deixe de me dar o seu parecer acerca das minhas aptidões poéticas...é que isto agora parece que encarreirou.
Haja muita saúde.
Um forte abraço.
Bem, Janita, o que vou dizer dos teus versos "irreverentes" para falar de si mesma? Como diria Caetano Veloso: "você é totalmente demais". Conto-lhe rapidamente uma história. Fui o curador de uma edição de cordéis enfeixados em um livrinho BIG BROTHER BRASIL um programa imbecil e outros cordéis, patrocinado por uma instituição de cultura da Bahia. Ele é um dos melhores cordelistas da terra (Antonio Barreto). Ele resistiu até o limite das suas forças e convicções. Depois, ele receberia por contrato 200 exemplares. Assim, foram enfeixados 11 cordéis em um livro, no formato 11 X 15.
ResponderEliminarAlém da sua cota, ele adquiriu depois mais 200 exemplares.
Durante os eventos, o livro ficava dependurado no cordel. juntamente com os outros, embora não tivesse o mesmo acabamento destes, tal como a imagem que você disponibiliza. Mas ele gostou da edição "luxuosa" de alguns dos seus cordéis.
Todas as suas explicações sobre a literatura de cordel são feitas com propriedade e conhecimento. Gostei das suas lições. Pelo Nordeste brasileiro abundam os cordelistas, mais do que em qualquer outra região brasileira. Mas eles estão espalhados por todo o país. Nossas mazelas são muitas. Portanto, não falta sobre o que versejar.
Eis três estrofes do Big Brother
"Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
o mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
e adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão "fuleiro"
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém"
Um escravo da ilusão."
Beijinhos, minha amiga!
Bem, meu querido amigo e Mestre Sant'Anna, eu já não sei se sou 'totalmente demais' se estou a ficar um pouco lélé da cuca.
EliminarA verdade, é que me vejo a dizer e a escrever coisas que seriam impensáveis serem escritas por mim, há uns anos atrás.
Estarei a ficar demasiado desinibida ou simplesmente ridícula?
Tenho que me debruçar sobre isso, sob pena de cair em mim e morrer de vergonha.
Continuando com a preciação das honrosas palavras referentes a António Barreto, que penso seja o historiador brasileiro, deixe que diga que a princípio fiquei algo confusa pois também temos por cá um cidadão com o mesmo nome. Político e actualmente cronista, chegou a ser Ministro da Agricultura, num dos governos que ficou lá para trás.
Efectivamente, com tanta mazela que os Povos continuam a ter, seja brasileiro nordestino seja português transmontano, deveriam existir mais poetas de cordel.
E, pronto, com a 'foleirada' de programas
tipo reality show que infestam as TVs,
há que cantar e escrever como deve ser,
não se vá atrofiar as mentalidades em formação
dos nossos homens e mulheres de amanhã.
Beijinhos, meu prezado Amigo e muito, muito obrigada pelo tempo que me dedica.
Querida Gracita
ResponderEliminarA Literatura de Cordel ainda é considerada por muita gente como literatura de somenos, falando-se dela de modo depreciativo. É algo que vem de trás e que povoa a mente das pessoas e não tem havido quem tenha a preocupação de elucidar sobre a sua verdadeira natureza.
Por isso, acho muito boa a sua ideia de trazer este tema e exemplificá-la, produzindo versos deliciosos. Portanto, todos os que a visitam e que não soubessem dessa realidade não poderão dizer que não sabem. Está aqui tudo explicado.
Um dos blogues da Gracita Fraga tem o título "Só Cordel" e nele poderemos encontrar poemas que também nos darão uma ideia do que é a Literatura de Cordel.
Adorei esta publicação e o seu poema.
Bom domingo.
Beijinhos
Olinda
Querida Olinda.
EliminarCom a mínima diferença de 3 minutos, menos do que o tempo em que estive no seu blog, estivemos ambas a escrever uma para a outra. Só que eu acedi ao seu espaço através de um blog que não o meu, pelo que desconhecia a sua presença por aqui. Tanto assim, que lhe estou a responder ainda antes de conversar com o amigo Sant'Anna.
É tal e qual diz, o termo 'literatura de cordel' por um qualquer motivo, que me parece vir dos primórdios da Idade Média, em que os iletrados só tinham acesso ao que lhe era contado ou cantado, mas pelo que pude apurar e vos trouxe, foi chegando mais além.
Um grande abraço e mil beijinhos cheio de gratidão, pela sua imensa generosidade e por nos ter recebido em sua 'casa' com toda a pompa e circunstância que a Poesia merece.
PS - Não se preocupe com a troca inicial do meu nome.
Gracita e Janita, afinal, até rimam. 😊
Oh! Sorry :)
EliminarBeijinho.
Olinda