CONTO DE FADAS
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras de uma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é d'oiro, a onda que palpita.
Dou-te comigo o mundo que Deus fez
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A Princesa do conto: “Era uma vez...”
*
Florbela Espanca, em "Charneca em Flor"
Pelo título do poema, pensamos que se nos vai deparar uma história de amor perfeita, mas o nome do poema engana.
Florbela fala-nos sobre um amor fracassado, sobre abandono e saudade. Talvez um dos seus casamentos falhados (foram três!) tenha inspirado a autora nestes versos. Talvez...!
_________________________________
Nota: A imagem das flores, exóticas, em cima, também foi uma oferenda; de uma boa, longa e pura amizade!
As flores são muito bonitas. Li o poema e acho que a obra de Florbela Espanca é muito sofrida e negativa excepto alguns poemas!
ResponderEliminarBeijocas e uma boa tarde!
Lá bonitas são as flores, sim, mas quando olho bem para elas parecem-me cogumelos.
EliminarSe a vida da Poetisa foi marcada por depressões e desencantos, numa procura incessante da felicidade que nunca encontrou, é natural que os seus poemas sejam o espelho da sua alma.
Beijos e um bom dia, Fatyly.
A vida amorosa de Florbela Espanca ainda é algo reservado.
ResponderEliminarOlá, Poeta e artista plástico multifacetado!
EliminarMuito grata lhe fico por ter vindo fazer-me companhia.
Acerca da Poetisa alentejana e segundo reza a sua biografia, Florbela Espanca, poetisa portuguesa, nascida em Vila Viçosa, foi uma das primeiras feministas de Portugal.
A sua poesia é conhecida por um estilo peculiar, com forte teor emocional, na qual o sofrimento, a solidão e o desencanto estão aliados ao desejo de ser feliz. ( Afinal, o desejo normal de todo o ser humano, seja poeta ou não seja )
Sobre a sua vida amorosa, é normal que esteja envolta num certo e reservado mistério, se atentarmos nem todos os seus relacionamentos amorosos serem do conhecimento público, mas que lá que teve três maridos, teve!
Se não vejamos:
" Após sofrer um aborto espontâneo, Florbela permaneceu doente por um longo período. Em 1921, divorciou-se de Alberto e passou a viver com um oficial de artilharia, António Guimarães e, sofreu com o preconceito da sociedade.
Em 1923, publicou o “Livro de Sóror Saudade”. Nesse mesmo ano, enfrentou novo aborto e separou-se do marido.
Em 1925, casou-se com o médico Mário Laje, em Matosinhos."
Como todos sabemos, foi em Matosinhos que a Poetisa veio a morrer vítima de uma excessiva dose de barbitúricos, aos 36 anos de idade.
Como poderá ser alegre a poesia de uma pessoa que teve uma vida tão infeliz?
Aceite um abraço meu.
Bela flor Janita e trazer Florbela é de uma feliz generosidade, que muito gostei de ler. A vida dela cheia de baixas não poderia inspirar conto de fadas onde tudo termina bem.
ResponderEliminarGostei e grato pela partilha.
Carinhoso abraço e feliz fim de semana.
Bjs no coração amiga.
Olá Toninho.
EliminarGrata lhe fico eu pela gentil visita e palavras.
Um beijinho e um bom fim de semana.
Esta mulher passava o imenso sofrimento que a invadia e perseguia para tudo o que escrevia.
ResponderEliminarBeijinhos, bfds
Tal e qual, Pedro.
EliminarFlorbela foi uma alma inquieta e em constante sofrimento interior.
Beijinhos e um bom fim de semana
A Florbela é a única poetisa portuguesa que conheço!!!
ResponderEliminarMas temos outras e boas, Tiintinaine.
EliminarUm abraço, bom fim de semana
Bom dia
ResponderEliminarÉ Florbela Espanca , e está tudo dito.
JR
Relativamente à carga emotiva que passava para os seus poemas, sim, era única.
EliminarBoa noite!
De outros posts, eu e a Maria J. B. Sousa já sabemos que a Janita tem um amante peruano. Ainda não conseguimos foi apanhar o casalinho a jeito... mas estamos atentos, muito atentos.
ResponderEliminarClaramente esta planta foi, novamente, uma oferta do tal peruano. É que pelas cores, até faz lembrar um xaile do povos dos Andes.
:-P
😅 Para a maioria dos portugueses a palavra "amante" sugere uma relação amorosa ilícita e vergonhosa, ou seja, amar fora 'da lei', para mim, não!
EliminarPara mim, amante é aquele/a que ama alguém ou é amado/a. Por isso sim senhor, tenho, não um, mas vários amantes, platónicos , entenda-se... nada que exceda a decência e os bons costumes...Por sinal, nenhum é peruano e nunca nenhum me ofereceu flores... Azar o meu! 😛
😂 😋
Abraços a rir às gargalhadas.
A sua vida foi marcada por desafios pessoais, incluindo a luta contra a solidão e a busca por um amor idealizado, temas que permeiam os seus poemas. Entre as suas obras mais conhecidas estão "Livro de Mágoas" e "Charneca em Flor", que revelam a sua habilidade em expressar sentimentos complexos e universais.
ResponderEliminarBoa noite 😘 desejando-te um fim de semana florido 🌺
Bom dia, Teresa!
EliminarDizes bem: a busca ( ou não, mas o desejo) por um amor idealizado pode ser a causa de muitas frustrações. Só que umas pessoas conseguem ultrapassar as desilusões, outras, emocional e mentalmente mais débeis, ficam presas a essa infelicidade. Julgo ter sido o caso de Florbela.
Tudo isto são conjecturas minhas, obviamente.
Um abraço com votos de um bom fim-de-semana.
As flores são muito bonitas.
ResponderEliminarO poema da Florbela é lindo, mas como sempre de uma tristeza imensa.
Bom fim de semana.
Beijinhos Janita
As flores são uma oferta do nosso amigo Kok que, de vez em quando, me envia flores da sua varanda. Flores essas que a sua Lina - (ga)Lina, como ele lhe chama, dado ser a dona do seu galinheiro, - cultiva com ternura e muito amor.
EliminarQuanto à Sonetista Florbela, estamos plenamente de acordo.
Foi uma pessoa triste que escreveu poemas tristes.
Beijinhos, Manu.
Bom fim de semana
A tristeza e a ternura do poema jamais podem ser compensadas pela beleza visual daquelas flores lindas e cheirosas. "Lendo" ambas diria que a beleza é maioritariamente mais perfumada nos versos da Florbela.
ResponderEliminarBeijinhos e sorrisos º_º
§-mas as flores (também) são lindas ;) ;)
Não coloquei ali as flores para servir de compensação.
EliminarElas merecem mais do que ser simples prémio de consolação, Kok!
Quanto ao poema e a tristeza que por ele perpassa já foi tudo falado e refalado... Não me apetece falar mais de coisas tristes.
"Quero cantar, ser alegre,
Não me deixo entristecer.
Quem é triste morre cedo,
Inda não quero morrer."
😋
Beijinhos, Kok. 😘 😘
Janita,
ResponderEliminarAmo Florbela sempre.
Lindos versos e quando penso nessa Poeta
eu lembro que quando ouvi para 1a vez
foi por Miguel Falabela interpretando,
então fui conferir:
que amor era esse?
que mulhr era essa que escrevia
assim tão profundamente sobre esse amor?
Estudando entendi que era um amor
que ela não teve a oportunidade de
viver. Era o amor maternal.
Então me apaixonei definitivamente
por ela e por seus versos.
Obeigada por nos brindar
com + essa linda publicação.
òtimo fim de semana
Bjins
CatiahôAlc.
entre
sonhos e delírios
Olá, Cátia!
EliminarNão foi apenas a ausência de amor maternal que tornou Florbela triste e amarga, foi a ausência pura e simples de toda e qualquer forma de amar.
AQUI podemos ouvir Falabela declamando alguns dos seus poemas e isso é francamente notório.
Um abraço grato pela oportunidade que me deu, de ouvir este actor que tanto admiro, pela versatilidade das sua actividades artísticas.
Bom fim de semana.