Imagem da povoação de Serradilla ( Cáceres) Espanha, Terra-Natal do autor do poema.
Só assim a resume
Quem a contempla do mais alto cume,
RECORDANDO A MINHA TERRA
Naqueles montes de velhos carvalhos
Que povoam a terra aonde eu nasci,
Entre verdes vales, suaves colinas
E alegres riachos amados por mim
Vivem encerradas lembranças formosas
Grandes aventuras, ilusões caprichosas.
Aromas de flores com sonhos de amor
Lembranças sonhadas com tanta doçura
Que enchiam a alma de um doce sabor,
Porque as vivemos com tanta ternura
Que deixaram marcas em nosso coração
De bela harmonia, de luz, de ilusão.
Esses juncos verdes cobrindo a margem
Do pequeno riacho de água cristalina,
Eram o descanso da camaradagem.
E grande sombra do velho carvalho
Sob o sol ardente, dava-nos frescura
E o rumor da água um doce torpor.
Que tardes aquelas…e que belas sestas
Que doces, que frescas e que sabor tinham.
Eram o prelúdio que antes das festas
Os dias de Agosto já nos ofereciam.
E pouquito a pouco se estava notando
Que acordava o dia e ia refrescando.
Já não falta muito. As eiras se acabam.
Guardada a colheita que o celeiro enche
É o pão saboroso que esperando estavam.
Com ele se acaba a larga cadeia
De duras labutas, de suor honrado,
Que com esse grão… fica compensado?
E os rapazitos brincando na eira
Atiram-se ao debulho com algaravia
Sob o olhar, às vezes severo
Do homem que debulha; havia alegria
Brilhando em seus olhos. Quando era pequeno…
Também o fazia! Disse ele risonho.
Isso lhe ensinaram os seus pais a ele;
E isso lhe deixaram quando morreram:
Trabalhar com vontade sem esmorecer
Criar os filhos como eles o fizeram.
Ser justo e honrado…um homem de bem.
Amigo de todos…de rezar também!
E por isso rezam todas estas gentes.
São gentes humildes que vão pouco à missa
E apesar de tudo, são quem mais acredita.
Porque vão cumprindo de forma precisa
Todos os preceitos que manda o Senhor
Sem duvidar nada do seu Amor.
E naquela serra que ao povo, zelosa,
Protege com mimo como boa mãe,
No sítio mais alto, olhando amorosa
Está uma cruz de pedra. Coisa mais serena
Não se encontrará; igual a um gigante
Nossa cruz de um Século está vigilante.
Todas estas coisas estão escondidas
Por entre os carvalhos. E naquelas terras
De suaves colinas, de pedras queridas,
Que viram um dia meninos em guerras
E as doces sestas debaixo das árvores
O correr das águas, límpidas, cristalinas…
Assim era a minha terra, assim eram suas gentes;
Atentas, amáveis, sempre carinhosas
Sempre ajudando…sempre diligentes.
Quisera dizer que sim, que tudo segue na mesma.
Porém, seria cinismo dizer uma coisa assim.
Os anos passam velozes.
E os campos abandonando
Pois as gentes vão buscando
O que lhe oferecem mil vozes.
E a mim dá-me muita pena
Pela minha terra e o seu povo.
Eles que foram valentes
E lutaram serenamente
Já não podem fazer frente
À fome, que traiçoeira,
Espreita de uma maneira
Que os afunda tristemente.
Os campos se vão secando
E a aldeia se vê vazia.
Triste sina, terra minha
Que tão só te vais ficando!
Porque os meninos que então
Víamos as espigas debulhar,
Partimos para lutar
Em outros sítios, para ver
Se essa comida negada
Nesta terra tão amada
Com o nosso suor a encontramos
Longe da terra que amamos.
Triste sina, de verdade
Deixar o lugar querido
Para procurar outro ninho…
Não é uma calamidade?
E aqueles velhos carvalhos
Com as suas sombras formosas…
E as sestas peregrinas,
São como todas as coisas…
Coisas de antes…esquecidas?
OH não! Não. Apesar de estarem ausentes,
Estas coisas tão amadas
Estarão sempre presentes
Na verdade…sempre serão recordadas.
Naqueles montes de velhos carvalhos
Que povoam a terra aonde eu nasci,
Entre verdes vales, suaves colinas
E alegres riachos amados por mim
Vivem encerradas lembranças formosas
Grandes aventuras, ilusões caprichosas.
Aromas de flores com sonhos de amor
Lembranças sonhadas com tanta doçura
Que enchiam a alma de um doce sabor,
Porque as vivemos com tanta ternura
Que deixaram marcas em nosso coração
De bela harmonia, de luz, de ilusão.
Esses juncos verdes cobrindo a margem
Do pequeno riacho de água cristalina,
Eram o descanso da camaradagem.
E grande sombra do velho carvalho
Sob o sol ardente, dava-nos frescura
E o rumor da água um doce torpor.
Que tardes aquelas…e que belas sestas
Que doces, que frescas e que sabor tinham.
Eram o prelúdio que antes das festas
Os dias de Agosto já nos ofereciam.
E pouquito a pouco se estava notando
Que acordava o dia e ia refrescando.
Já não falta muito. As eiras se acabam.
Guardada a colheita que o celeiro enche
É o pão saboroso que esperando estavam.
Com ele se acaba a larga cadeia
De duras labutas, de suor honrado,
Que com esse grão… fica compensado?
E os rapazitos brincando na eira
Atiram-se ao debulho com algaravia
Sob o olhar, às vezes severo
Do homem que debulha; havia alegria
Brilhando em seus olhos. Quando era pequeno…
Também o fazia! Disse ele risonho.
Isso lhe ensinaram os seus pais a ele;
E isso lhe deixaram quando morreram:
Trabalhar com vontade sem esmorecer
Criar os filhos como eles o fizeram.
Ser justo e honrado…um homem de bem.
Amigo de todos…de rezar também!
E por isso rezam todas estas gentes.
São gentes humildes que vão pouco à missa
E apesar de tudo, são quem mais acredita.
Porque vão cumprindo de forma precisa
Todos os preceitos que manda o Senhor
Sem duvidar nada do seu Amor.
E naquela serra que ao povo, zelosa,
Protege com mimo como boa mãe,
No sítio mais alto, olhando amorosa
Está uma cruz de pedra. Coisa mais serena
Não se encontrará; igual a um gigante
Nossa cruz de um Século está vigilante.
Todas estas coisas estão escondidas
Por entre os carvalhos. E naquelas terras
De suaves colinas, de pedras queridas,
Que viram um dia meninos em guerras
E as doces sestas debaixo das árvores
O correr das águas, límpidas, cristalinas…
Assim era a minha terra, assim eram suas gentes;
Atentas, amáveis, sempre carinhosas
Sempre ajudando…sempre diligentes.
Quisera dizer que sim, que tudo segue na mesma.
Porém, seria cinismo dizer uma coisa assim.
Os anos passam velozes.
E os campos abandonando
Pois as gentes vão buscando
O que lhe oferecem mil vozes.
E a mim dá-me muita pena
Pela minha terra e o seu povo.
Eles que foram valentes
E lutaram serenamente
Já não podem fazer frente
À fome, que traiçoeira,
Espreita de uma maneira
Que os afunda tristemente.
Os campos se vão secando
E a aldeia se vê vazia.
Triste sina, terra minha
Que tão só te vais ficando!
Porque os meninos que então
Víamos as espigas debulhar,
Partimos para lutar
Em outros sítios, para ver
Se essa comida negada
Nesta terra tão amada
Com o nosso suor a encontramos
Longe da terra que amamos.
Triste sina, de verdade
Deixar o lugar querido
Para procurar outro ninho…
Não é uma calamidade?
E aqueles velhos carvalhos
Com as suas sombras formosas…
E as sestas peregrinas,
São como todas as coisas…
Coisas de antes…esquecidas?
OH não! Não. Apesar de estarem ausentes,
Estas coisas tão amadas
Estarão sempre presentes
Na verdade…sempre serão recordadas.
Poema da autoria do Poeta Juan Francisco Bravo Real.
Meu querido e bom amigo a quem agradeço a gentileza e prontidão com que acedeu ao meu pedido de postar no meu blog este poema.
A tradução do poema original para português foi efectuada por mim,
pelo que qualquer
erro existente, não é da responsabilidade do autor.
IBÉRIA
Terra
Quanto a palavra der e nada mais
Só assim a resume
Quem a contempla do mais alto cume,
Carregada de sol e de pinhais.
Terra tumor de angústia, de saber
Se o mar é fundo e ao fim deixa passar...
Uma antena da Europa a receber
A voz de longe que lhe quer falar.
Terra de pão e vinho
A fome e a sede só virão depois,
Quando a espuma salgada for caminho
Onde um caminha, desdobrado em dois
Terra nua e tamanha
Que nela coube o Velho-Mundo e o Novo...
Que nela cabem Portugal e Espanha
E a loucura com asas do seu Povo.
Poema do Poeta, Escritor e Dramaturgo Miguel Torga que nasceu em S.Martinho de Anta, no norte de Portugal, mas que sentia uma forte ligação com o País vizinho.
No dia Mundial da Terra esta é a minha singela homenagem a dois poetas e a todos aqueles que amam, preservam e louvam a Terra-Mãe.