Nudez, último véu da
alma
que ainda assim
prossegue absconsa.
A linguagem fértil do
corpo
não a detecta nem
decifra.
Mais além da pele, dos
músculos,
dos nervos, do sangue,
dos ossos,
recusa o íntimo contacto,
o casamento floral, o
abraço
divinizante da matéria
inebriada para sempre
pela sublime
conjunção.
Ai de nós, mendigos
famintos:
Pressentimos só as
migalhas
desse banquete além
das nuvens
contingentes da nossa
carne.
E por isso a volúpia é
triste
um minuto depois do
êxtase.
Poema “O Minuto Depois” de Carlos
Drummond de Andrade
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