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Foto Minha! Onde? |
Embora soubesse bem qual era a ala a que devia
dirigir-se para a consulta marcada havia já umas largas semanas atrás, ao passar
pelo segurança, ao qual devia mostrar o documento comprovativo da marcação, perguntava
sempre qual a cor indicadora do caminho.
Porquê? Nem ela sabia! Talvez para se
certificar, ainda que inconscientemente, do bom acolhimento logo à entrada.
Havia mais de três anos que percorria aqueles
corredores, umas três vezes por ano, mas o ritual era sempre o mesmo. Nesse dia,
a simpatia e cordialidade da informação, tão diferente do tom de voz impessoal e
frio que estava habituada a ouvir, transmitiu-lhe a confiança e a certeza de que
tudo iria correr bem e a seu contento. Assim foi!
Na sala de espera, daquele sector que tão bem conhecia,
pairava no ar uma atmosfera de cordialidade e boa disposição. As pessoas mais
jovens sorriam e levantavam-se cedendo o lugar a alguém de mais idade e com
dificuldade em se movimentar.
Saudavam à chegada e quando saíam, coisa rara nestes
locais. Como se esqueceu de levar o livro que anda a ler, observava com alguma
perplexidade, tudo o que se passava à sua volta.
A dada altura, a senhora que estava sentada a seu lado,
cuja filha aguardava, em pé, um pouco mais adiante e entretanto se sentou quando
um casal deixou dois lugares vagos, levantou-se e (coisa rara) olhou-a de
frente, dizendo:
- “ Vou fazer
companhia à minha filha, para ela não ter medo.”
Soltou uma gargalhada e repetiu, questionando: – “Medo”?
Ambas riram e ficaram com a certeza que se entenderiam às
mil maravilhas. A senhora voltou a sentar-se e começaram a desfiar as maleitas
visuais comuns. Tudo o que a senhora dizia fazia-o com tanto sentido de humor,
que a contagiou.:)
Quando a dita senhora foi chamada para a consulta, ainda a deixou a
rir alto e bom som, quando lhe segredou:
-“Eu ao perto vejo bem, mas ao longe, não, e preciso
ver para distinguir, quando me aparecer um rapaz novo e jeitoso!”.
Em contrapartida, a filha era uma trombuda. Há pessoas
que não sabem a sorte que têm!
Acho que também, hoje, ela foi bafejada pela sorte.
Depois de ser observada pelo cirurgião, ficou finalmente a saber que iria ser
operada. Imaginam, quando? Segundo lhe disse o médico, a sorrir, no dia de
Santa Luzia!
Quando chegou a casa foi ver a data no calendário. Não é que este
ano o dia 13, calha a uma sexta-feira? Vale
que ela não é supersticiosa!:)
Se o desejarem, desejem-lhe boa sorte.
Ela precisa e agradece-vos!:)