Resistência
Ninguém me castra a poesia
se debruça e me põe vendas
censura aquilo que escrevo
nem me assombra os poemas
Ninguém me apaga os
versos
nem amordaça as palavras
na invenção de voar
por entre o sonho e as letras
Ninguém me cala na
sombra
deitando fogo aos meus livros
me ameaça no medo
ou me destrói e algema
Ninguém me aquieta
a escrita
na criação de si mesma
nem assassina a musa
que dentro de mim se inventa
A propósito de inventar e reinventar ( o amor ) , quando em 2017 numa sua entrevista ao jornal Expresso, a jornalista lhe pergunta:
"E como é que um amor se reinventa ao longo de 54 anos?" -
A poetisa responde:
"Não sei. Não faço ideia nenhuma. Reinventa-se.
Hoje, quando olho para o Luís, ainda tenho o mesmo encantamento. É
aquela coisa assim: “Eu não posso viver sem ti.” Ainda digo “amo-te” antes de
adormecer. Acordo de noite para o ouvir respirar, cheirar... A paixão pode
magoar, mas é tudo o que há de mais maravilhoso. Não era capaz de viver com
nenhum homem que não fosse por paixão."