terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Mundo Só Tem Graça E Encanto Quando Se Vive Um Grande Amor.


«O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente vir
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha»
 
 
 
 
Sempre admirei os casais que conseguem  manter-se unidos ao longo dos anos, superando dificuldades, ultrapassando os escolhos da vida, caminhando lado a lado, com respeito, amor e a cumplicidade inerente a um relacionamento sólido e duradouro. Dos famosos, com essa capacidade - e sorte - lembrei-me, hoje, de Jorge Amado e Zélia Gattai. Infelizmente, ambos já desaparecidos, mas que deixaram uma obra literária que os liberta da lei da morte, como disse Camões.
Dá pra pensar em pão sem manteiga, arroz sem feijão, ou música sem som? Bahia sem Amado, Amado sem Zélia, Gil sem Caetano e Caetano sem tom?
Romeu sem Julieta, Carnaval sem samba, poesia sem versos, ou futebol sem golo? Mulher sem vaidade, sonho sem cor, adeus sem chorar ou jardim sem flor?
Jorge Amado no céu, Zélia Gatai a caminho, o brasileiro sorrindo, o amor se encontrando. A poesia em festa, o céu com mais poesia, os anjos tocando, os dois se beijando. Os pobres versos de um nada poeta, aí estão apenas para me ver mais perto desse reencontro importante de dois amantes poetas, que se valiam do exemplo a dois para justificar seus versos perfeitos, marcantes, sensíveis.
Sobre Zélia Gattai, Jorge Amado disse um dia:
 “A vida me deu mais do que pedi e mereci. Não me falta nada. Tenho Zélia e isso me basta.”
 
                                                                                
 
 
                                                                                     
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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DEMÓNIOS COM ASAS, D'OUTROS TEMPOS.

Hoje venho propor-vos uma viagem de lambreta!  Quem se candidata a condutor/a?

Eu vou atrás...

                                                                            



Poema da Auto-Estrada
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leva calções de pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.

Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
 
 

Como rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonor’eta
Vai na brasa de lambreta.
 
(Poema de António Gedeão)
 
 
Desejo-vos um feliz fim- de -semana.
 
Beijinhos.
 
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

OS SONHOS PODEM ESPERAR...


ESTE É O MEU PRESENTE DE ANIVERSÁRIO, CARLOS!
 GOSTAS?
 
Estranho título para um post em que pretendo homenagear o Amigo Carlos Barbosa de Oliveira, hoje Aniversariante, hábil e dedicado administrador  DESTE e DESTE  blog, não acham?
 
Mas há uma dupla razão para isso. O Carlos, não acha nuita graça ao facto de se darem Parabéns a alguém que carrega com mais um ano em cima dos ombros. Pelo menos foi essa a ideia com que fiquei o ano passado, embora eu considere que, apesar de todos os males actuais, a vida é sempre uma dádiva. Ele também, claro.
A outra razão, foi o penúltimo comentário com que  o amigo  Carlos me presenteou e me ficou a martelar na mente. Dizia assim:
 
"...Velho sonho, velho sonho, não é... até é bastante recente, mas gostava de poder mudar-me definitivamente para o hemisfério sul. Só não o faço, porque a minha mãe, com 98 anos a completar na próxima semana, precisa de mim."
 
Bem, Carlos, deixa que te diga - e por favor não me leves a mal - do imenso privilégio que tens, em teres ainda a tua Mãe contigo! Esse teu sonho de te mudares definitivamente para o hemisfério sul, quer seja a Argentina, Brasil ou Chile, ou outro país qualquer, pode esperar. Desfruta e proporciona à tua Mãe a companhia e o afecto de que ela agora  precisa. Creio que essa é a dádiva maior que a vida nos pode dar. Não imaginas as saudades que eu tenho da minha.
Mas hoje o dia é de alegria na blogo! Desculpa!  Espero que gostes deste poema:
 
 
Pequeñas Soledades
Hay dos pequeñas soledades en el cuarto que comparten,
y sospechosamente me vuelvo crédulo ante lo que no veo.
En cada gesto de éste espacio aposentan sus nombres;
en la expresión de las bisagras, en la luz de sus juguetes.
En el viento que golpea y que aborda sin permiso.
Hoy la noche está en mi regazo, y yo continúo aprendiendo de ustedes.
Entre tanta libertad desordenada, pero amable.
Con idioma propio.
Pequeñas soledades, he venido en busca de sus huellas. Las del beso y del abrazo. Ustedes se transcriben en las espesuras que producen las lluvias en el corazón de este verano, en la posteridad. En la vitalidad del árboles. Tras cada paso que doy adoptan mi voluntad abrazándome en los caminos. Ustedes son mis axiomas. O dos malechores que conspiran a mis viajes.

Definitivamente, la vida me es mayúscula cuando los pienso saludables entreteniendo a las olas de los mares argentinos.

Aquí sentado, quisiera comenzar a esculpir el tiempo
y darle mi forma. Tal vez alguna noche comprendan, que las pequeñas soledades no son tan pequeñas...
  Jorge Daniel Córdoba, poeta argentino.
 FELIZ  DIA DE ANIVERSÁRIO, CARLOS.
 
Um beijinho de Parabéns para a tua Mãe.
 
Desejo sinceramente que todos os teus sonhos se realizem.
 
Beijinhos. :-)
 
 
 
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PARAÍSOS PERDIDOS.

                                                                            



A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim, um pouco de quando era assim.
Soneto de Fernando Pessoa.
 

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sábado, 20 de outubro de 2012

"SE BEM ME LEMBRO..."




Já não Escreverei Romances
 Já não escreverei romances
Nem contos da fada e o rei.
Vão-se-me todas as chances
De grande escritor. Parei.

Mas na chispa do verso,
Com Marga a aquecer-me,
Já não serei disperso
Nem poderei perder-me.
 
Tudo nela é verbo e vida;
Xale, cílio, tosse, joelho,
Tudo respinga e acalma.
Passo, óculos, nada é velho:
 

Quase corpo, menos que alma.
Já não lavrarei novelas,
Ultrapassado de ficto:
A vida dá-me janelas
A toda a extensão do dicto.
 

Mas sem elas, mas sem elas
 (As suas mãos) fico aflito.
Vitorino Nemésio in Poemas a Marga.


Um dos meus sonhos é conhecer o arquipélago dos Açores.
Não uma ilha, mas todas...:))
Se bem me lembro, este é um velho sonho meu!
E o vosso?.... Já foi realizado?
 
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terça-feira, 16 de outubro de 2012

OS AIS DO MEU PAÍS....

                                                                        
                                                                                

Triste de quem der um ai...sem achar eco em ninguém!
 
Alguém se identifica com algum destes ais de Mário Viegas?
 
 
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domingo, 14 de outubro de 2012

FADO E CAVALOS BAIOS...


FADO DAS CALDAS


Calça justa bem esticada
Tá já manchada p'lo selim,
E plainas afiveladas.
Antigamente era assim;
Mantas de cor nas boleias (ai)
P´ras toiradas e pr'as ceias.

 


De milorde a guizalhada,
À cabeça da manada
Trote largo e para a frente,
Com os seus cavalos baios,
E as pilecas eram raios
Fidalgos iam com a gente.

E p'la ponte de Tornada
Por lá é que era o caminho
Bem conduzindo a manada
E a passo, devagarinho,
E quem mandava o campino (ai)
Era o mestre Vitorino.

De milorde a guizalhada,
À cabeça da manada
Trote largo e para a frente,
Com os seus cavalos baios,
E as pilecas eram raios
Fidalgos iam com agente.

Praça cheia, toca o hino
É dos Gamas, gado matreiro
Victor Morais, o campino,
Anadia, o cavaleiro
E que sortes tão bem mandadas
Haviam nessas toiradas.

De milorde a guizalhada,
À cabeça da manada
Trote largo e para a frente,
Com os seus cavalos baios,
E as pilecas eram raios
Fidalgos iam com a gente.

E nos tempos que não vivi
Findavam as brincadeiras
Nas barracas do Levi
Com dois tintos das Gaeiras
Entre cartazes, letreiros
Ai de toiros, cavaleiros

De milorde a guizalhada,
À cabeça da manada
Trote largo e para a frente,
Com os seus cavalos baios,
E as pilecas eram raios
Fidalgos iam com a gente.
 
 
Este post foi-me inspirado por esta «pileca»
 do blog do meu amigo LOL.

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

HÁ SORRISOS QUE NOS ESPERAM.

 VOAR
Passamos uma vida presos…

Qual pássaros em suas gaiolas!
Medo de amar!
Medo de olhar a vida de frente!
E naquele pequeno espaço,
Cantamos nossas dores e sonhos!


Muitas vezes se abrem
As portas de nossas gaiolas
Mas permanecemos ali
Acostumados...
Encolhidos...

Nas nossas vontades e sonhos!
Não tenhamos dúvidas!
À primeira oportunidade
Devemos alçar




O voo dos falcões!
Calmo
Confiante
Determinado
Amar sem medo!
Brincar um pouco com a vida!
Não ter medo dos rochedos!

E sobre eles
Estender nossas asas
Corajosas de falcões!
E sair em busca
De nossos sonhos!
Como o Condor...

Tentar enxergar
As pequeninas coisas à nossa volta
E saber apreciá-las!
Dando um sentido novo
À nossa vida!

Não sermos como pássaros de gaiolas,
Mas, Falcões e Condores do céu!
A cada dia existe
Uma renovação constante
E nunca um dia
Será como o outro...

Não há dores eternas!
Não há lágrimas eternas!
Não há perdas eternas!
Há sorrisos esperando-nos...
Dias de sol
O abraço dos amigos, dos filhos.
E tantos sonhos lindos!

Um amor nos espera
Para voar... voar... voar...
Porque a vida
É um recomeçar diário
De um voo!
E gaiolas
não foram feitas
Para pássaros
Tampouco para Falcões!
Frei Leonardo Boff,  teólogo, escritor e professor universitário brasileiro.
 
 
Expecting to Fly: Uma obra prima! Lembram-se?

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domingo, 7 de outubro de 2012

MÚSICA...E BEM-ESTAR.


Todos temos a nossa canção. Aquela que nos faz recordar determinado momento marcante da nossa vida, e que fica por esse motivo a pertencer-nos.

Sabemos que o ritmo mexe com todo o nosso corpo, das hormonas às emoções! Muitas vezes, basta uma melodia para nos renovar a energia e até dissipar a tristeza a que nos sentimos presos, verdade ou não?

Há várias canções ligadas às diferentes fases da minha vida, mas há uma que marcou uma época e da qual gosto muito: “Porto Sentido”.
 
O vídeo dessa canção já é bastante conhecido, pelo que hoje vos trago, uma outra faceta de Rui Veloso.
 
E qual é a vossa canção? Gostaria muito de saber.:))
 
 
                                               
 
Bem, na verdade, a faceta do Rui que eu vos queria apresentar era ele a cantar em espanhol, com  Luz Casal a canção
 " Inesperadamente".
 Infelizmente, não a encontrei disponível no YouTube. Sorry!
 
                                                   
                                                                                       
ADENDA: Na sequência do comentário de um leitor amigo, quero esclarecer que, de facto, encontrei o vídeo no Youtube. Por qualquer motivo que desconheço, não consegui carregá-lo para o blog. O que deveras lamento. Podem, se o desejarem, ouvi-lo e vê-lo seguindo este link.


http://www.youtube.com/watch?v=xPKdTlGDrnA


 
 
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Angústia Fria.

 
TÉDIO 
 
 

Há no firmamento

Um frio lunar.

Um vento nevoento

Vem de ver o mar.
Quase maresia
A hora interroga,
E uma angústia fria
Indistinta voga.
 
Não sei o que faça,
Não sei o que penso,


O frio não passa
E o tédio é imenso.



 

Não tenho sentido,
Alma ou intenção...
Estou no meu olvido...
Dorme, coração...

 
 
                                                  


        
"Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer."
 
Poema e citação de Fernando Pessoa
                                                             

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

MESTRES.


Dedico este post ao Mestre L.O.L. administrador do blog
 
 
" Pedro Mestre nasceu na Aldeia da Sete, concelho de Castro Verde em 1983.
Desde cedo começou a dedicar-se á música tradicional alentejana, desenvolvendo vários projectos enquanto tocador e construtor de viola Campaniça bem como cantador.
É fundador/ensaiador de grupos corais alentejanos, integrando alguns deles, nomeadamente o "Grupo Coral Misto da Academia de Serpa", o "Grupo Coral Feminino As Atabuas de São Marcos da Atabueira", o "Grupo Coral e Etnográfico - Os Cardadores" da Sete, Grupo Coral Feminino "As Papoilas" do Corvo, integrando estes dois últimos a ACA - Associação de Cante Alentejano "Os Cardadores", a qual preside.
 
                                                     
Integra vários projectos musicais a nível nacional e internacional com destaque para: "Grupo Viola Campaniça"; "Grupo de Musica Tradicional Rastolhice"; "Grupo de Polifonias 4uatroaoSul"; "Encontro de Violas - Viola Campaniça e Viola Caipira - Pedro Mestre e Chico Lobo" e "Les Voix Du 7 Sóis" Orquestra do Festival - "Sete Sóis Sete Luas".
Desde 2006 que desenvolve o projecto "Cante nas Escolas", enquanto animador de música tradicional/cante alentejano, nas escolas do 1º ciclo do ensino básico, no concelho de Almodôvar e Serpa…."
 
 
 
 
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