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Retrato de Adele
Bloch-Bauer, by Gustav Klimt (1907)
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Acredito que se um homem vivesse a sua vida
plenamente, desse forma a cada sentimento, expressão, pensamento, realidade, a
cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um novo impulso de energia tão
intenso que esqueceríamos todas as doenças da época medieval e regressaríamos
ao ideal helénico, possivelmente até a algo mais depurado e mais rico do que o
ideal helénico.
Mas o mais corajoso homem entre nós tem medo de si próprio. A
mutilação do selvagem sobrevive tragicamente na auto negação que nos corrompe a
vida.
Somos castigados pelas nossas renúncias. Cada impulso que tentamos
estrangular germina no cérebro e envenena-nos.
O corpo peca uma vez, e acaba
com o pecado, porque a acção é um modo de expurgação. Nada mais permanece do
que a lembrança de um prazer, ou o luxo de um remorso.
A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é
cedermos-lhe.
Se lhe
resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o
desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal.
Já se
disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no
cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo.
Oscar Wilde, in “O Retrato de Dorian Gray”