Quarenta
e dois anos após ter ficado viúva, com três filhos menores o mais
novinho com apenas dois anos de idade, a vida, essa madrasta, voltou a fazer
dela uma viúva. Agora, tem quatro filhos seis netos e duas bisnetas.
Quando
lamentava a sua desdita por ter visto partir dois maridos, qual deles o melhor, mais generoso mais seu amigo e bom companheiro, alguém, do outro lado da linha,
não a acompanhou no lamento. Disse-lhe, porém,
as palavras que ela reconheceu serem uma verdade que nunca lhe havia ocorrido
nas horas de dor, de então, e de agora. Palavras essas que, diz, jamais
esquecerá.
Ao seu lamento:
-
Já viste, Luís?- duas vezes a mesma infelicidade...
Obteve a clara e lúcida resposta:
-
Madrinha… Pense, antes, e sempre, nas duas vezes que a Vida lhe deu a oportunidade
de ser feliz. Quantas pessoas passam pela vida sem ter tido uma única
vez, sequer, essa oportunidade?...
E mencionou alguém
que ela conhece bem.
Hoje, para lá do
arco-íris, algures num lugar onde são acolhidos os bons e os justos, há duas
almas, generosas e amantíssimas, a olhar por ela…
Eu, que captei o
luminoso arco-íris, quando o sol rasgou as nuvens após uma forte chuvada, sinto-me
orgulhosa pelo interlocutor que, do outro lado da linha, a centenas de quilómetros
de distância, constatou uma verdade tão simples quanto terapêutica…Um bálsamo
para o coração sofrido da minha irmã…
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