sábado, 31 de julho de 2021

DOCEMENTE... [ Agora também em vídeo 😍 ]

 ...tudo se conjuga.

Foto vinda de algures 
 Países Baixos


Poema para o meu Filho

 

Doce e ácido

procuram entendimento.

Tal como a formiga e a cigarra.

Uma no seu carreirinho 

feito de labuta e

a outra cantando alegre

para quem a escuta.


Não há disparidade

não há lonjuras nem distâncias,

não há idiomas estranhos ao ouvido.

Há, somente, o entendimento entre os corações,

os afectos, 

o tempo que passa,

sem que nada perca o valor nem o sentido.


Foto minha.

 

💟



💟

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quinta-feira, 29 de julho de 2021

VALEU A PENA.

 O dia exaustivo que vivi no hospital levou-me a dormir mais horas do que o meu cérebro e corpo estavam habituados.
No dia seguinte - ontem - despertei às 5 da manhã e puz-me a pé pouco depois.

Creio que nada acontece por acaso...



Nasceu o sol...a Terra cobriu-se de luz.
O espectáculo de magia que a Mãe Natureza nos oferece é deslumbrante.



Mas quantos de nós o consegue admirar em todo o seu Esplendor?
Mesmo quem, por imposição dos ditames da vida,
se deita cedo para cedo se erguer, _
_absorto nos seus afazeres diários, 
dificilmente se detém a admirar a dádiva de estar vivo 
e ver a vida renascer num novo dia. 
Há muitos anos que não tinha esse privilégio...tive-o ontem!



  🌞  🌞  🌞

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Tirem-me Deste Filme...

 ...ou, hospitais não são lugares para risos.

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Há muito tempo que não vivia horas tão angustiantes como as que vivi ontem, provocadas pela longa espera em local  que, embora agradável  à vista por se tratar de uma ala bem decorada e limpa, acabou por se tornar claustrofóbica pela ausência de janelas abertas para o exterior do edifício.


Ainda tentei ocupar o tempo com a leitura do livro que levei, mas o poder de concentração esvaíu-se de forma inexplicável.

 E que tal se eu tentasse ouvir aquele vídeo que havia recebido pouco antes e ainda não tinha ouvido de princípio ao fim?

Saí da sala de espera onde me
encontrava a aguardar juntamente com outros pacientes,
olhei para todos os lados para me cerficar
de que podia aumentar o som sem incomodar  e...
-"pode falar caro Baptista-Bastos!"


Sem que me apercebesse como nem de onde, surgiu-me a figura de uma senhora enfermeira, (justamente quando o Herman baixava a cabeça e eu ainda nem tinha percebido nada) e me pediu, tendo que repetir: -"Importa-se de baixar o som?!".  Confusa e de forma atabalhoada, desfiz-me em mil desculpas e desliguei o telemóvel.


Cheguei a casa  com dores horríveis de cabeça e no pescoço, atirei-me para cima do sofá onde acordei pelas 23h. Tomei um copo de leite de aveia e mergulhei desta vez na cama, de onde saí ainda o sol não tinha nascido. Adivinhem o que fiz após tomar uma boa chávena de café?  Pois...ri a bom rir, a pensar se a senhora enfermeira teria ouvido o tal "Certificado  de virgindade".  😂



(não sei se isto passa por um animal marrante, mas lá que tem ar agressivo, tem )

terça-feira, 27 de julho de 2021

PENAS AO VENTO.

 



Por entre o arvoredo à noitinha

das folhas da laranjeira

Oiço o vento sussurar_ 

não sei

quem saiba de mim,

nem sei se és quem se queira.

Qual ave de arribação 

voas em bando

para longe_ deixando,

sem sentir pena,

 as tuas penas 

espalhadas pelo

meu chão.


  🌱   🌱  🌱  🌱 



domingo, 25 de julho de 2021

OLHARES QUE ÓSCULAM.

 


O
O C
O C U
O C U L
O C U L T
O C U L T E
O C U L T E I

O
O  M
O  M E
O  M E U

O L H A R 

O L 
O L H
O L H A
O L H A N
O L H A N D
O L H A N D O

O B
O B S
O B S E 
O B S E R
O B S E R V 
O B S E R V A
O B S E R V A N
O B S E R V A N D
O B S E R V A N D O

O U T R O S 

O
O L
O L H
O L H A
O L H A R 
O L H A R E
O L H A R E S 

 

 

0000000000000000000000000000000 

 

Ó S C U L A N D O - O S

N A

O B S C U R I D A D E

💋

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sexta-feira, 23 de julho de 2021

HOJE NÃO TENHO NADA DE NOVO PARA PUBLICAR....

 ...depois de muito procurar 

encontrei esta garrafa de vinho e

  quero convosco partilhar.

Aceitam?



Então...bora lá...

 

 Tragam o pão

 eu dou a  broa

tragam o salpicão 

e o queijo da Serra

azeitonas eu tenho. 

Sem desperdício

vamos petiscar

que isto de comer

não passa de um

bom vício.



           

       

[ Não vale cair, só piscar os olhos como faz a Mariza.]

👍

quarta-feira, 21 de julho de 2021

O TEMPO DE TODAS AS COISAS.

 




Todas as coisas têm o seu tempo,

e tudo o que existe debaixo do Céu tem a sua hora.

Saber distinguir qual o tempo e a hora certa,

das horas e tempos errados

nunca o saberemos antever.

[Vamos errando, até acertar.]



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terça-feira, 20 de julho de 2021

ORVALHOS DA MEMÓRIA.

 

Foto e texto da autora do blogue, claramente inspirado no poema.


Todos os que iluminavam a minha vida abandoram a casa.

 A ausência de amor, tudo mata.

 

Aos poucos tudo se foi ressentindo e secando. Não se ouvem risos nem sussuros, tudo ficou quieto e dolorosamente sem vida. 

A ausência de amor, tudo mata.

 

Até as flores e as plantam perderam o brilho e a cor. O orvalho resvala pelas folhas sem as humedecer, tal como as minhas mãos secas e a pele enrugada do meu rosto.

 

A ausência de amor, tudo mata.

 

Aos poucos, sem a seiva do afecto, também eu me sinto a morrer lentamente.

 

Como disse o Poeta:

 "O Amor Tudo Mata Quando Morre".



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domingo, 18 de julho de 2021

NO RESCALDO DOS DIAS.

  



Hoje, voltas o rosto à tua vida presente

Não suportas os olhares e o julgamento de quem possa pensar seres tu, o que não és.

Mas, se às vezes, sem querer, 

o teu olhar cruza 

com o meu _

Vejo no fundo dos teus olhos um lago sereno e profundo.  Aí, jaz a alma  agonizante, 

de uma Mulher que ainda respira, mas

já morreu.

 

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Nota:  O postal tem o meu nome porque fui eu que o fotografei  para participar numa rubrica de Bilhetes Postais. Tinha por título "Dia Do Postal Ilustrado". Quem quiser recordar pode clicar, aqui e aqui.   Creio que muitos de vós ireis gostar de rever os vossos Bilhetes Postais.


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sexta-feira, 16 de julho de 2021

Um Soneto Por Semana. # 18

 

Foto minha.


"O Amor Em Camões"


Além do mar, da guerra e da procela,

Foste o Poeta do Amor e da aventura,

Amor que homens e deuses transfigura,

E que o teu génio sideral estrela.


Nos teus poemas o Amor irrompe, e aquela

Palpitação fremente de ternura

Que adoça, amassa e estende a rocha dura,

Como a do "grande cabo" nos revela.


Sempre o Amor em teus versos de tal jeito

Escorre — como olímpico licor —

Que o coração inunda em cada peito.


Até na boca alvar do Adamastor

A garganta de pedra de que é feito

Canta Amor, ruge Amor, soluça Amor!


Autor: Filinto de Almeida

(1857-1945)

[O mesmo autor do Soneto nº17]


Sem dúvida alguma, o nosso Camões foi o Poeta que mais cantou o Amor.
Uma faceta romântica reconhecida por todos os outros Poetas. Desde os clássicos aos contemporâneos. Concordam?




quarta-feira, 14 de julho de 2021

Simplicidade.

 



Não é muito o que peço...

...uma flor, um olhar terno
um gesto de carinho. 
E junto ao meu peito
A tua voz... 
...sussurrando, docemente, as palavras que nunca me disseram. 
 
     

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  * 

  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  


segunda-feira, 12 de julho de 2021

"A Complicada Arte de Ver" *

 


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura.

 "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Acto banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto.

Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objecto a ser comido, transformou-se em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."


Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementares", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e disse-lhe: 

"Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: "Rosa de água com escamas de cristal". 

Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".


*  Crónica escrita por Rubem Alves  (Excerto)


Já em tempos publicada aqui.

(Na anterior publicação está presente a "Ode à Cebola" de Neruda. Hoje, lembrei-me de quão diferentes dos nossos -  olhares vulgares - podem ser, e são, os olhares dos Poetas.)


Preciso dizer a autoria das fotos? Minhas, claro!
😊


quinta-feira, 8 de julho de 2021

Em Tudo Existe Poesia...

 ...até na ameixa!


Fotos minhas.


Balada da Ameixa Seca.

Vai à mercearia e compra ameixa seca.                
P’ro intestino a ameixa é levada da breca.          

O mal do Ocidente – quem há que não o sinta? –
é não ter a tripa sempre limpa.

Com seus altos valores, o Ocidente
dá por demais ao dente, dá por demais ao dente.

Põe-me os olhos nos povos que só comem arroz:
dão melhores guerrilheiros do que nós.

«Noss’povo», ao contrário, come o que apanha à mão.
Até parece fome de muita geração!

E larga, já comido, o corpo em qualquer canto.
Sonha Terceiro Mundo e é Europa, entretanto.

Encostado ao sobreiro ou ao ficheiro,
«Noss’povo» já nada tem de marinheiro.

Sua tripa, represa, é trabalhosa.
Sua prosápia já só é má prosa.

Portugal-do-casqueiro à Europa-das-latas
manda cortiça, vinho, diplomatas.

  

 Espera contrapartidas: sol-e-vistas

é cartaz que atrai muitos turistas.


Mas com a ameixa seca – coisa pouca –
é que pode acordar sem amargos de boca.

Vai à mercearia e compra ameixa seca.
P´ro intestino a ameixa é levada da breca!

Poema de Alexandre O'Neill


* * * *  




 

 Estas são fresquinhas, deu-mas a vizinha

 Refrescam a boca, disse ela, ind'agorinha.

 

( E digo eu.)


😇

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terça-feira, 6 de julho de 2021

Um Soneto Por Semana. #17

 

Foto minha


Cansaço

 

A velhice é cansaço... E esse cansaço,
não nos vem de trabalho ou movimento...
O que ora faço é demorado e lento
e acho malfeito o pouco que ainda faço.

Tudo me cansa: até o pensamento.
Já pouquíssimo ando e arrasto o passo...
quase sempre dormente ou sonolento,
vivo uma triste vida de madraço.

Nunca fui mandrião nem calaceiro,
nem também muito activo, é bem que o diga,
mas domei sempre a inércia, sobranceiro.

Agora, a própria inércia me castiga,
pois se acaso repouso um dia inteiro
esse mesmo repouso me fatiga.


    Autor: Filinto de Almeida

         (1857-1945)