"As velas
ardem com chamas longas em cima deles e deitam fumo; a mecha enegreceu-se. A
paisagem e a cidade diante da janela ainda estão mergulhadas na escuridão, não
se vê nenhuma luz na noite. – Cada um gera também aquilo que acontece consigo.
Gera-o, invoca-o não deixa de escapar àquilo que tem de acontecer. O homem é
assim. Fá-lo, mesmo que saiba e sinta logo, desde o primeiro momento, que tudo
o que faz é fatal. O homem e o seu destino, seguram-se um ao outro, evocam-se e
criam-se mutuamente. Não é verdade que o destino entre cego na nossa vida, não.
O destino entra pela porta que nós mesmos abrimos, convidando-o a passar. Não
há nenhum ser humano que seja bastante forte e inteligente para desviar com
palavras ou com acções o destino fatal que advém, segundo leis irrevogáveis, da
sua natureza, do seu carácter."
Nota da editora: Um pequeno castelo de caça
na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões
decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente
de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma
época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois
de quarenta anos sem se verem. Um passou muito tempo no Extremo Oriente, o
outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera
deste momento pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular…
§ - Se o cheirinho que vos deixo deste romance do escritor húngaro, Sándor Márai , mais a nota da editora, tiver sido o suficiente para vos despertar a curiosidade, então leiam-no. Creio que não se irão arrepender!