DEZ RÉIS DE ESPERANÇA.
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
Poema de António Gedeão
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Janita
ResponderEliminarda frente de infantaria
levo daqui este momento
e amanhã o converto
em "Canção para o desconfinamento"
(claro que cito o espaço
onde este momento foi roubado)
:) Não carece citar o espaço, Rogério. Falo a sério.
EliminarEste belo poema de Rómulo de Carvalho, por si só, é um Hino a este 'desconfinamento' destinado a voltar a novo confinamento, confinado ao isolamento. Pode escrever!
Todo o Poeta também é um pouco Profeta!
Abraço.
Olá amiga Janita!
ResponderEliminarAdorei este belo poema!
Muito apropriado para os tempos que estamos vivendo.
Beijinhos com carinho!
Olá, Josélia.
EliminarO nosso António Gedeão, pseudónimo do Professor Rómulo de Carvalho, foi um grande Senhor das Letras. Grande pedagogo e grande Poeta!
Beijinhos.
O Gedeão estaria a prever o Covid??
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
O comportamento pessimista de Gedeão pode ser explicado pelos fatores genéticos dos portugueses em geral, e dos poetas portugueses em particular.
EliminarA Esperança, Pedro, foi sempre um factor a considerar, em todos os ciclos de vida em Sociedade e, especialmente, a nível da vida pessoal de todos nós.
EliminarBeijinhos, boa semana
Teresa, mas tu, que te dizes optimista, também trazes contigo esse factor da genética «negativa» dos portugueses, ou não?
EliminarPara além do mais, não conheço, no Poeta em questão, nada de comportamentos pessimistas.
Não há regra sem excepção!
EliminarEu canto a alegria de viver.
Embora com uma pequena nuance de esperança, o poema é triste, mesmo muito triste, na minha interpretação.
Perante as tuas constantes contradições, variando ao sabor das marés das tuas mudanças de humor, Teresa Offbauer, limito-me a flutuar qual flor sem caule nesta antologia do espanto, sem pranto nem desencanto! :))
EliminarAi, Teresa, onde está o pessimismo neste específico poema do Rómulo de Carvalho? Ou na Lágrima de Preta? Ou na Pedra Filosofal?
EliminarApontar as verdades que mais nos doem, não me parece que seja pessimismo; para mim, é lucidez.
beijinho
Tem que haver sempre um pouco de esperança para evitar o desespero.
ResponderEliminarUma bela interpretação.
Abraço, saúde e boa semana
Que seria de nós, pobres seres racionais, se apenas e só nos guiássemos pela razão sem guardarmos, num recantozinho da alma, espaço para albergar a esperança, não é Elvira?
EliminarUm abraço e boa semana, com saúde.
Bom dia
ResponderEliminarUm lindo poema com uma bela interpretação .
Não conhecia mas o que é bom vale sempre a pena conhecer !
J R
Gostaria que houvesse uma versão cantada, deste belo poema, com um pouco mais de impacto aos nossos ouvidos, isto sem desmerecer a voz e a interpretação de quem o cantou aqui, obviamente.
EliminarBoa semana.
Bom dia:- Poema lindissimo. Se calhar apetecia mesmo um adulto voltar a ser criança, colocar os joelhos ao pé da boca e deixar a vida correr. Só que...sabemos que tal não pode acontecer.
ResponderEliminar.
Bom inicio de semana
Cumprimentos
Houve pelo menos um momento da minha vida, em que só me apetecia sentar-me a um canto, unir os joelhos com a boca e deixar-me assim ficar muda e queda. Felizmente, apelei a essa centelha d luz que é a Esperança, ergui-me, enfunei o peito de ar e segui em frente.
EliminarQuem de nós nunca teve um momento de fraqueza que atire a primeira pedra!
Boa semana.
Ah!!! :) Gosto muito, muito do A. Gedeão e adorei ouvi-lo interpretado pelo Samuel :)
ResponderEliminarSe não fosse tudo isso que aqui se canta e mais outras tantas coisas que se subentendem, também eu roeria "as unhas e os dedos até os fazer em sangue".
Beijinho, Janita :)
Sei de alguém que vai entender este poema como ninguém, Maria João. :) Postei-o a pensar nele.
EliminarBeijinhos e boa semana.
Não conhecia o poema e, logo, também não conhecia a música. Fez muito bem em publicar.
ResponderEliminarPodia conhecer o poema e não conhecer a versão cantada, a exemplo do que acontece comigo.
EliminarObrigada.
Beijinhos, boa semana.
Óptim aescolha!
ResponderEliminarGedeão é um excelente poeta.
Boa semana, abraços
Sim, sem dúvida, São.
EliminarUm abraço e boa semana. :)
Boa escrita, sem dúvida.
ResponderEliminarSobre a música, não me pronuncio.
Boa semana, Janita, um beijinho.
Penso que o poema não foi escrito para ser cantado, António.
EliminarComo o foram muitos dos poemas do Ary dos Santos, por exemplo, logo, esta música/canção representa tão somente uma homenagem ao Poeta, adaptada e bem, ao momento presente.
Não houve a mínima pretensão de criar aqui, um momento musical por excelência. Fiz-me entender?
Beijinho e boa semana, António. :)
Li o poema de António Gedeão em voz alta, sem roer as unhas.
ResponderEliminarA fotografia do cabeçalho é tão linda.
Saudações do país vizinho da encantadora Holanda, embora, actualmente, não queiram lá os alemães... e os portugueses também não!!!
A fotografia de cabeçalho já a mudei, esta ainda a não tinha 'estreado' e é também muito bonita, não achas?
EliminarÉ verdade, sim. Agora também por lá reforçaram as medidas de segurança. E parece que nem alemães nem portugueses nem suecos, não personas gratas. Quem manda, pode!!
Beijos.
Esperança, sim. É o que o poema me transmite.
ResponderEliminarE já estou a fazer a mala para me mudar para o palácio da imagem. Afogo o stress naquela água.
Um beijinho, Janita
Sandra Martins
Por isso, Sandra, o vesti todo de verde...:)
EliminarA água onde flutuam nenúfares, parece-me pouco própria para nos banharmos nela. Melhor ficar só a desfrutar da paisagem e tomar um café na esplanada do Castelo.
Um beijinho e boa semana, Sandra!
Parece a propósito este poema com o nosso estado actual. Gostei da adaptação musical, muito bem conseguida.
ResponderEliminarObrigada, Ricardo!
EliminarBoa semana.
Boa noite!
ResponderEliminarUm poema e imagem, magistral. Foi uma boa escolha!
Adorei a imagem do cabeçalho! Parabéns
**
Quero de volta o meu silêncio...
Beijo e uma excelente Semana...
Obrigada, Cidália! :)
EliminarAh!Ah!Ah! Não pretendia banhar-me na água mas, tão-somente olhar para ela.
ResponderEliminarSeria o suficiente para "afogar o stress" ou as "mágoas".
Gostei muito da fotografia do cabeçalho. Creio que disse que a sua família lá foi em passeio.
Assim, á boleia, vamos conhecendo a Holanda!
Beijinho Janita!
Sandra Martins
:) Ah, bem...assim até fico mais descansada, Sandra!
EliminarAquela água esverdeada só é boa para refrescar os olhos, não o corpo.
Beijinho
Rômulo Vasco da Gama de Carvalho, este é o verdadeiro Antonio Gedeão. Ou seria o contrário? É sempre bom reler os poetas guardados na memória e nas estantes. E Gedeão não é para ser esquecido, e a partilha está perfeita para o momento. Os artistas sempre foram antenas da raça.
ResponderEliminarEntre a poesia e a ciência, Gedeão nos deixou peças antológicas como A máquina do mundo.
Gosto muito do "poeminha" dialogando com a música Januária, lá no meu cantinho.
Um beijo, minha amiga Janita!
Pois...nunca sabemos em que ponto acontece a fusão entre o homem e o pseudónimo, mas creio que ambos são unos e coesos no sentir, diferenciando-se na forma de o expressar. :)
EliminarPeço desculpa pela minha ousadia, José Carlos. Sou assim mesmo; onde chego, leio e, na hora de comentar, vou deixando que os dedos procurem livremente as teclas ao sabor do que me ocorrer no momento. Esteja eu na 'casa' de um Poeta ou de um escritor.
Um beijo, amigo José Carlos! :)
Foi um elogio. Gostei. Faça outras vezes. Me faz esta ousadia. Fique a vontade. Mudo o discurso. O cantinho é nosso. Dos amigos como você.
EliminarBeijo, minha amiga Janita!
Muito obrigada pela compreensão e carinho, amigo José Carlos.
EliminarUm forte abraço.
Leia-se me faz bem esta ousadia.
ResponderEliminarPremonição pura do grande Gedeão
ResponderEliminarNão conhecia e gostei
😊