Eu vou atrás...
Poema da Auto-Estrada
Voando vai para
a praia
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leva calções de
pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge,
Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pelo cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Como rasgão na
paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos
sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonor’eta
Vai na brasa de lambreta.
Vai na brasa de lambreta.
(Poema de António Gedeão)
Desejo-vos um feliz fim- de -semana.
Beijinhos.
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Nunca conduzi uma lambreta...
ResponderEliminarÓ Janita, e se nos espalhamos??
Beijinhos e bom fim de semana!!
(^^)
AFRODITE.
EliminarO que é isso...agora ficaste medrosa? Monta-te lá atrás que conduzo eu.:)))
Isto quem sabe andar de bike, anda em tudo que tenha duas rodas!!
Beijinhos. ;)
Saudades das Lambretas, a que se seguiram as Vespas e também da canção ...
ResponderEliminar"Rapaziada, isto agora é que vai dar
P'rás conquistar não é precisa palheta
Porque elas até choram
Para andarem de lambreta !
rsrsrs
Lembram-se ?
Num sorteio, saiu uma ao meu pai e eu dei pulos ! :))... mas o meu pai, receando espalhanços, vendeu-a antes de a "levantar" ! :(((
Bom fim de semana ! :)))
.
Rui da Bica.
Eliminareheheh
quem não conhece essa cantiga? Quer ver?
"Rapaziada, isto agora é que vai dar
P'rás conquistar não é preciso palheta
Rapaziada, elas choram, choram, choram
Até choram por mais só pra andarem de lambreta" :))
Olha que pena! Nem sequer chegou a pôr-lhe os olhos em cima...Realmente, quatro rodas sempre oferece outra segurança...
Beijinho.
Agora há umas lambretas muito giras, mais apetecíveis....
ResponderEliminarNa falta da Harley Davidson, vamos de lambreta! Sempre se poupava muito dinheirinho nos combustíveis:)
Beijinho
JP.
EliminarIsso das Harley Davidson, são motocas mais modernas. Lambretas e Vespas é que era bom.
Quem sabe não regressaremos ao passado? Era cá uma poupança!!
Beijnho.
Mas que bela paráfrase de um dos poemas mais conhecidos da obra "Lírica" de Camões. ADOREI. :)))
ResponderEliminar«Descalça vai para a fonte
Lianor, pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
Os textos nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Trás a vasquinha de cote,
Mais Branco que a neve pura;
Vai fermosa, e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o entrançado,
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura:
Vai fermosa, e não segura.»
Beijinhos poéticos. :))))))))))))))))))))))))))))))
Mestre LOL.
EliminarSabes que eu penso que o Gedeão escreveu este poema numa sátira a esse poema épico de Camões?
Fiquei feliz por teres enriquecido este post com tão belo e famoso poema: "Descalça Vai Para a Fonte" é um dos meus preferidos de Luis Vaz de Camões...
Beijinhos, Mestre!:)
Olá Janita, nã nã nã ...lambreota nim pinsar...porque me aleija a pelota...hehehe...adorei querida amiga esse poema do Gedeão e que não conhecia. Bom fim de semana também para ti. Beijos com carinho
ResponderEliminar:)))
EliminarRosa-Branca.
Agora deixaste-me à nora...
Andar de lambreota...aleija-te a pelota??? eheheh
Nunca tinha ouvido tal expressão. Estamos sempre a aprender!
Beijinhos, com igual carinho amiga!
Lambreta só mesmo para beber!
ResponderEliminarNunca conduzi lambreta, mas sim moto, participei em motocrosses.
excelente escolha o poema do Gedeâo.
Bom fim de semana Janita
Beijinho e uma flor
Flor de Jasmim.
EliminarIsso de lambretas para beber também é novidade para mim. :))
Não consigo imaginar-te em cima duma moto a participar em motocrosses. Ah, mulher de coragem!
Isso é que deve ser uma carga de adrenalina...
Beijinhos e um sorriso amigo.
Olá, Janita!
ResponderEliminarPoema bem escolhido: levezinho e bem disposto para começo de fim de semana.
E quanto a esta Leonoreta que vai na lambreta, segura não sei se irá, mas de certeza que vai contente...
Beijinhos; bom fim de semana; fica bem.
Vitor
Olá Vitor!
EliminarPois eu também acho este poema muito engraçado e representativo de uma época em fase de evolução.
Uma amiga da minha irmã tinha uma lambreta azul. Elas eram mais velhas do que eu e não me deixavam andar nem de pendura, de modo que fiquei sempre frustrada em relação a esse meio de locomoção!!
Beijinhos, Vitor e bom domingo.
Acho que com a crise económica, as pessoas deviam andar mais de lambreta. Se houvessem mais, seria menos perigoso, pois haveria menos carros e tornavam-se um elemento vulgar. Agora assim, andar no meio do trânsito é um pouco suicídio. Mas se calhar vou arranjar uma...
ResponderEliminarZé.
EliminarSerá que terias mesmo coragem de trocar o teu BMW, por uma motoca? Olha que era uma boa solução para poupar e depois tu és um moço a quem o medo não assiste, verdade?
Beijos, Zé!
Quem disse que tenho um BMW? Tenho um familiar que tenho, mas eu não. Além disse o medo assiste-me sim sinhora...,
Eliminar"Alembro-me" realmente que contaste algures que tinhas conduzido um BMW e que tinhas ficado deveras impressionado. Provavelmente a Janita pensou que do "impressionado" para a "compra" seria apenas um pequeno passo. ;))))
EliminarTá bem Zé, não te melindres! Eu sei que o carro é do teu pai, mas também ser proprietário de um BMW não é nunhum crime, pois não?
EliminarEspero que não voltemos ao tempo em que para se poder dizer que se era democrático, se tinha de ser, ou aparentar, paupérrimo. Esquecendo que grandes vultos que lutaram por uma sociedade mais justa - como Àlvaro Cunhal- pertenciam a famílias burguesas.
Bem, isto agora foi um aparte que nem vem ao caso.
Pois, já o nosso amigo LOL dizia que, quem tem cu tem medo, portanto...:)))))
Olha, nem de propósito! Eu a falar no LOL e ele já aqui estava.
EliminarBem-Vindo, Mestre!!! :)
eheheheheh:)))
EliminarRespondemos ao Zé quase em simultâneo... quase. ;)))
Claro que não é crime ser rico. Já muito, muito rico é outra história. Falam do enriquecimento ilícito. Ora, eu acho é que devia ser crime o empobrecimento ilícito.
EliminarMas ninguém aqui é pobre. Temos computadores, não? Somos classe média, mas cheios de classe, claro. ;)
O crime do empobrecimento ilícito. Bem pensado.
EliminarAmiga Janita,
ResponderEliminarA sua evocação da lambreta, trouxe-me logo à memória a canção que Rui da Bica mui oportunamente aqui recorda.
Janita! Então a minha amiga também "chora para andar de lambreta"!?
Bj amigo,
J
Amigo Jorge.
EliminarA canção surgiu quase como uma publicidade às lambretas, mas na verdade eu só a cantava e quem andava nela era a minha mana e a amiga. E sim! Cheguei a chorar para andar de lambreta!!:-))
Beijinho, amigo Jorge.
Tenho uma, que aqui chamamos de Honda Biz, adoro pilotar, arriscar, rss
ResponderEliminarBeijo
Angela.
EliminarOlá Angela, sê Bem-Vinda!
as Honda Biz são aquelas que têm umas antenitas que mais parecem umas formigas??:))
São giras e algumas com bastante cilindrada, não?
Fico com pena de não teres o teu perfil disponivel...
Why not????
Beijinhos e obrigada pela visita.
Aparece, será um prazer para mim!
Por causa deste seu post, vou vestir hoje a minha t'shirt da Vespa! (Por baixo de uma camisola, claro está, porque infelizmente, já não faz calor suficiente)
ResponderEliminarbeijinhos
Olá Hugo.
EliminarE vestiste? Mas vestida por baixo da camisola não se vê a Vespa! Um dia vais mostrar-me essa T'shirt, está bem?
Beijinhos, Hugo!
Janita a lambreta para beber é imperial servida num copo pequeno, aqueles que chamam "o copo para o vinho" nos cafés ou tascas.
ResponderEliminarBoa semana
Beijinho e uma flor
Querida Janita,
ResponderEliminarRómulo de Carvalho (António Gedeão)foi meu professor de Físico-química e por tal motivo gosto de tudo que ele fez no que respeita aos seus poemas. Desconhecia este que acho óptimo e por isso vou reportá-lo no meu blogue "Alentejo", caso se não zangue comigo! É que me faz lembrar a minha Juventude pois tive uma scooter e com ela fiz muitas doideiras a sós ou bem acompanhado com amigas. Recordar é Viver...
Beijinhos muito amigos.
Amiga que bem me fazia sair por aí de lambreta e esquecer tudo o que me atormenta.
ResponderEliminarAdoro este poema.
beijinhos e obrigada pela tua doce amizade.
Bons tempos devem ser lembrados, beijo Lisette.
ResponderEliminarÉ bom trazer à lembrança poemas (originais como este) de grandes poetas portugueses menos divulgados, como é o caso de António Gedeão.
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