quarta-feira, 31 de julho de 2013

Matar Desejos Não É Pecado.

Fui espreitar o perfil de um novo vizinho  de quem- em boa hora -  me tornei leitora/seguidora, e vi, que à partida, tínhamos um gosto em comum! As belas quadras do maior poeta popular de todos os tempos, o algarvio, natural de Loulé, António Aleixo!
Os leitores que me conhecem há mais tempo, sabem bem desta minha paixão pelas suas quadras, quintilhas e sextilhas.  Já a ele dediquei vários posts, e, hoje, vai sair mais outro. Não é hábito dizer-se, que o que é do gosto, regala a vida?!?   




"O Beijo Mata o Desejo"
 MOTE

«Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.»

GLOSAS
 
Porque te amo de verdade,
Estou louco por dar-te um beijo,
Mas contra a tua vontade
Não te beijo e tenho ensejo.

Sabendo que deves ter
Milhões deles p'ra me dar,
Teria que enlouquecer
Para um beijo te roubar.

E como em teus lábios puros,
Guardas tudo quanto almejo,
Doutros desejos futuros
O beijo mata o desejo.

Roubando um, mil te daria;
O que não posso é jurar
Que não te aborreceria,
E eu quero-te desejar!   
António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo."
 
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31 comentários:


  1. Gostei muito Janita... logo eu que adoro rimas e que tantos beijos dou! :)


    Vou espreitar a etiqueta "António Aleixo" para recordar os outros posts que dedicaste a este versejador nato!


    Beijinhos dados com gosto
    (está breve o dia...)
    (^^)

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    1. Ainda bem que falaste nesse pormenor das etiquetas a que eu não tenho prestado muita atenção e é de extrema importância, quando queremos ir procurar posts relacionados com o mesmo tema, Afrodite!
      Andei a ver e nessa etiqueta só tenho dois posts! Os outros ou estão em Poesia ou em Poetas. Isto, quem não sabe é como quem não vê...:)) Ainda encontrei este, talvez um dos primeiros que publiquei, uma vez que é de 2010. Tenho de começar a ordenar melhor as minhas publicações!

      Este deve ser dos mais interessantes. Quando puderes gostaria que visses.

      Beijinhos, e que o dia esteja mesmo para breve.:)))
      Entendido!:)

      http://francis-janita.blogspot.pt/2010/06/o-improvisador-de-sonhos.html

      ( eu tenho-me mantido em silêncio, com receio de perturbar...)

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    2. Tonta... estou à espera que marques o dia!
      Entretanto falamos melhor.

      Vou ver o link sim... a etiqueta que eu segui de facto só dava para este post e para mais um.

      Ainda há dias estive a reorganizar as minhas etiquetas... porque são para mim uma ajuda preciosa para não repetir músicas, ou poemas... ou mesmo temas.


      Mais beijocas...
      (^^)

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  2. Aleixo e Zeca, ambos poetas do Povo, que somos todos os nós !!!
    http://www.youtube.com/watch?v=7N0U2u78KtQ

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    1. É verdade, Ricardo!
      Apesar de um ser Doutor
      e o outro, quase iletrado
      ambos poetas do Povo
      e pelo Povo idolatrados!

      Gostei muito da Balada dedicada ao Aleixo. Até a voz do Zeca Afonso me soou mais enérgica e convicta. Ou terá sido apenas impressão minha?
      Um beijo e obrigada, Ricardo.

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    2. Esta música é do álbum "Baladas e Cancções" de 1964. A fase das baladas de Coimbra do Zeca.

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  3. Também gosto da poesia popular de António Aleixo, já uma vez por outra coloquei no meu blogue... :)

    Beijocas e boas leituras... poéticas!

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    1. Ainda bem que gostas da poesia de Aleixo, Teté.
      Para ser sincera, creio que não há um português que não goste.

      Poesia no teu blog? Quem diria...:)

      Boas leituras poéticas e não só...O "Madrugada Suja" é totalmente diferente daquilo que eu imaginava e ainda apenas li cerca de 1/3 do livro. O início é arrepiante e logo no capítulo seguinte começa outra história, que me parece irá encadear na primeira e na que se seguirá. Estou a adorar. Creio que o MST tem agora um estilo de escrita mais solta e com laivos de um humor muito ao jeito de Miguel Torga. Vais ter de o ler, Teté!

      Beijocas e continuação de boas banhocas!:)

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  4. Olá, Janita!

    Foi mestre na arte da poesia popular; como neste poema recheado de trocadilhos à volta de beijos e desejos - como só ele era capaz.
    Bonita escolha!

    Boa semana, e beijinhos.
    Vitor

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    1. Olá, Vitor!

      António Aleixo foi Mestre na arte de improvisar versos e um homem que sentiu na pele a vida dura e discriminatória do tempo do fascismo. Por isso ele se "vingou" dessa sociedade hipócrita, que media - e mede - o valor de um homem pelo estatuto social:

      "Uma mosca sem valor
      pousa com a mesma alegria
      na careca de um doutor
      como em qualquer porcaria"

      Grande Aleixo!

      Beijinhos amigos e bom resto de semana, Vitor!

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  5. Excelente! Obrigado pelas palavras visita ao meu blog. Sim li também o comentário da 'rainbow'. Concerteza e sempre que possível continuarei a visitar ambos os blogs.

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    1. Olá, Adrian.

      Um prazer receber a tua visita e foi também com muito gosto que divulguei e divulgo o teu excelente blog de fotos maravilhosas. Passo por lá muitas vezes, embora nem sempre comente. A "Rainbow" também gostou muito.

      Aquele blog é um pouco - ou muito - sui generis, uma vez que a interacção é feita através dos leitores e não, como normalmente acontece, entre o administrador do blog e os visitantes. A princípio estranhei, mas agora já entranhei:))
      O anfitrião tem uma vida muito ocupada, mas gosto muito que ele escreve...:)

      Um abraço, Adrian!

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  6. Olá Janita,

    Confesso, envergonhado, que não conheço muito bem a poesia de António Aleixo.
    Vou "investigar" e depois digo mais alguma coisa.

    Abraço grande

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    1. Amigo Argos,

      Compreendo perfeitamente que não conheças bem a poesia de António Aleixo. Ele, em vida, só publicou um livro de poemas, " Este Livro que vos deixo" e o segundo de obras inéditas, que também tenho o trazer de possuir, já foi editado pelo seu filho, uns anos após a sua morte. Mas, procura nesta imensa biblioteca que é a Internet e pode ser que te desperte o interesse.
      Depois, gostaria de saber a tua opinião.

      Há um poema dele que gosto muito e tem por título:

      "A Gentil Camponesa"

      Tem como Mote esta quadra.

      " Tu és pura e imaculada,
      Cheia de graça e beleza
      Tu és a flor minha amada,
      És a gentil camponesa."

      É um poema simples mas encantador. Tenho a certeza que vais gostar.

      Grande e amigo abraço, Argos!

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    2. Olá Janita,

      estou a pesquisar. Gostei deste poema mas também estou a gostar da sua crítica mordaz e actual!

      Abraço grande e bom fim-de-semana

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    3. A característica predominante na poesia de A.A. é precisamente, a crítica satírica e mordaz ao Regime do Estado Novo.
      E quanto do que ele escreveu se pode aplicar aos tempos em que vivemos!

      Bom fim de semana também para ti, Argos.

      Um beijo.

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  7. Tenho esse livro e, naturalmente, gosto muito das suas quadras, algumas delas aprendi com o meu pai.
    Quem é esse teu novo vizinho para eu tb lhe fazer uma visita?

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    1. O Aleixo faleceu com apenas cinquenta anos e tem sido lido e admirado ao longo de gerações, Catarina. Não me admiro que tenhas aprendido com o teu Pai.

      Pois o meu "novo" vizinho, só é novo para mim, já que tem muitos anos de blogosfera e creio que já o tenho viso no teu blog e tu no dele:))

      É O "Kok", Catarina!:))

      Nunca leste o seu perfil? :)

      Um abraço!

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  8. Gosto imenso de ler António Aleixo e tenho "Este Livro Que Vos Deixo".
    E o vizinho Janita quem é? seráque posso saber para cuscar?

    beijinho e uma flor

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    1. Só poderias gostar, Flor!

      Também tu és uma poetisa de grande sensibilidade.

      Vai lá cuscar ao blog do Kok que vais gostar, Adélia.
      Ele tem lá de tudo um pouco. Desde fotos incríveis a histórias de amor belíssimas. É muito brincalhão, mas escreve textos que nos deslumbram, no Bagos, um espaço a que ele chama de "armazém de rações"!:))

      Beijinhos, querida e desculpa a minha ausência ultimamente. Já não vou ao FB, há montes de tempo.
      A partir de dia 09 entro em férias e depois terei mais tempo. Este ano não vou até à Charneca, vem cá o meu filho.

      Beijinhos.

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  9. Parece unânime- também eu gosto muito do Aleixo e das suas quadras.
    Beijinho

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    1. Unanimidade absoluta, Pedro! Eu adoro o Aleixo, vejo nele um exemplo de sabedoria e perseverança.

      Beijinho, tenho andado um pouco afastada dos Devaneios, mas sinto muito a falta daquela proverbial boa disposição.
      Em breve, tudo irá ao seu lugar.:)
      Beijinho.

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  10. Respostas
    1. Mais nosso não poderia ser, Eufrásio!

      Representa a mais genuína sabedoria popular, aquela que se aprende com a vida, e dos poucos privilegiados a quem Deus dotou de talento nato, para a improvisação poética.

      Um beijo.

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  11. Janita, Querida

    A espontaneidade mental de Aleixo, marcou (marca) a honestidade/personalidade e o pensamento do HOMEM, além do forte sentido de justiça (ou falta dela) que escasseia.
    Boa escolha.


    Beijos


    SOL

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    1. Olá SOL.

      Por aquilo que tenho lido acerca da vida de Aleixo, tudo indica que ele sempre se sentiu injustiçada pela vida madrasta que teve, e com razão!
      Contudo, nesta quadra, podemos antever um certo brio e, talvez, uma nesga de orgulho, pelo talento que Deus lhe deu:

      "Pobre de mim, aos frangalhos
      Arrastando a minha cruz,
      Carregado de trabalhos
      Vou dar um livrinho à luz!"

      Pena ter morrido na miséria e o reconhecimento do seu valor, ter vindo quando ele já cá não estava para ver.

      Beijinhos, SOL

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  12. Rimas, só leio o que põem à frente. Não é por não gostar, simplesmente não é do que ando à procura. Isto ultrapassa muito a ideia que tinha do Aleixo. A elaboração está bem além do que se diz popular. Grande escolha, Janita.
    Beijo

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    1. Olá amigo, Zé Maria. Que gosto tenho em ver-te por aqui!

      Já que só lês quadras que te põem à frente, vê lá como o Aleixo era uma pessoa sagaz e conhecedor do comportamento humano:

      "Lê-se um livro com carinho
      e, ao deixá-lo, a visão passa
      pois ninguém segue o caminho
      que a moral dos livros traça."

      Já viste quanta verdade há nisto?

      Obrigada, Zé Maria, pela visita!:)

      Beijinhos.

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  13. Epa epa! Minha amiga fico muito sensibilizado (quase corei) com o destaque e os elogios que dás ao que publico. Muito obrigado!
    É bom sabermos que apreciam o que fazemos.

    Sobre o António Aleixo, tenho os dois livros aqui mesmo na secretária onde escrevo. De todas as coisas que disse, em verso, creio não haver uma que não seja verdade. Daí que continui a ser apreciado e no entanto, tão esquecido e tão pouco lido!
    Disse ele:
    "Era ainda muito novo,
    Já tinha grande vontade
    De ser um poeta do povo,
    Ainda com pouca idade."

    Beijos e sorrisos :))

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    1. Pois, Kok,

      Por sinal também tenho, aqui na minha frente, os dois livros de António Aleixo. De vez em quando lá folheio um ou outro para reler algumas quadras e outras publicações, como o Auto do Curandeiro!
      Infelizmente, o ministério da educação não opta, na leitura obrigatória escolar, livros de autores populares e muito menos de poesia. A não ser, em tempos idos, os Lusíadas!
      Isto, a propósito de te lamentares ele ser pouco lido!

      Um sorriso e um beijo para ti!:)

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