-- Tanto quanto me
lembro, foi naquela ocasião em que o Larry se estava a despedir publicamente do
socialismo da ala esquerda e quis que os amigos participassem também – disse
eu.
Continuando
sentado junto da lareira, Luck levou ao queixo a mão esguia, como se
subitamente sentisse uma nevralgia.
-- Estamos a falar
do socialismo russo? – perguntou na sua voz soturna.
-- Do socialismo que
quiser. Ele estava a desradicalizar-se…a expressão é dele…e precisava de ter os
amigos a assistir.
-- Ora e quando é
que isso teria sido exactamente, Mr. Cranmer?
-- perguntou Bryant do outro lado.
-- Há uns dois anos.
Mais. Foi quando ele se desligou do passado antes de concorrer ao lugar na
Universidade.
-- Novembro de 92 – disse Luck.
-- Como?
-- Se estamos a
falar da renúncia pública do Doutor ao socialismo radical, estamos a falar do
seu artigo intitulado «A Morte de Uma Experiência», publicado na Socialist Review em Novembro de 92. O Doutor ligou a sua
decisão a uma análise daquilo a que chamou o continuum clandestino do expansionismo russo, fosse sob o poder dos
czaristas, dos comunistas ou, como de agora em diante, sob a bandeira dos
federalistas. Referiu-se também à descoberta da nova moral ortodoxa do
Ocidente, que comparou aos estádios iniciais do dogma social do comunismo sem o
idealismo fundamental indispensável. Um ou dois dos seus colegas da ala
esquerda acharam até que o artigo era um acto grave de traição. E o senhor?
-- Eu não achei
nada.
-- Discutiu o
assunto com ele?
-- Não. Dei-lhe
apenas os parabéns.
-- Porquê?
-- Porque era isso
que ele queria.
-- Diz sempre às
pessoas o que elas querem?
-- Se estou a aturar
alguém que me está a maçar, Mr. Luck, e quero ir fazer outra coisa, sim, muito
provavelmente digo – respondi eu, e deitei o olho ao meu relógio francês que
batia as horas na sua redoma de vidro. Mas Luck não se deixava levar tão
facilmente.
-- E…Novembro de
92…quando o Pettifer escreveu esse famoso artigo…deve ter sido a mesma altura
em que o senhor se reformou do que quer que estava a fazer em Londres, estarei
certo?
Não me agradou
ver Luck a estabelecer paralelos entre as nossas vidas, e detestei o seu tom
peremptório.
(Continua)
Vamos ver os desenvolvimentos...
ResponderEliminarBoas leituras e bom fim de semana!
A ver vamos, Graça!:)
EliminarBeijinhos, bom fim de semana.
Nunca li nada dele.
ResponderEliminarAbraço e bom fim de semana
Elvira, eu estou a ler o segundo livro deste autor.
EliminarUm abraço e votos de bom fim de semana
Bom fim de semana e boas leituras, Janita.
ResponderEliminarAs leituras são mais à semana, Catarina.
EliminarUm pouquinho também, ao fim de semana, mas pouco!
Vamos ver se consigo levar até ao fim esta ideia peregrina de transcrever uns excertos do livro que ando agora a ler.
Mais tarde direi qual o título.
Pode dar-se o caso de algum leitor já o ter lido e saber.
Mas olha que isto não é nenhum enigma, atenção! :)
O Espião Que Saiu do Frio (The Spy Who Came In from the Cold) é, na minha opinião, o melhor romance de John Le Carré.
ResponderEliminarBom fim de semana, Janita, sem dilemas terríveis.
O mais conhecido, pelo menos, é, Ematejoca.
EliminarHá muitos anos que oiço falar nele, mas não creio que o tenha lido.
Li, "O Fiel Jardineiro", e estou agora a ler este.
Terríveis, não direi, mas dilemas tenho sempre!!
Bom fim de semana, Teresa.
Aonde vai chegar...
ResponderEliminarBjbj Lisette
...Até onde a minha - e a vossa - paciência, o permitir, Lisette! :)
EliminarBeijinhos
Eu acabei de ler carta a uma nação cristã de sam harris.
ResponderEliminarE então, que tal, Daniel?
EliminarTambém gostava de ler esse livro de Sam Harris para tirar umas dúvidas, cá minhas. Ou não...Pode até dar-se o caso de ficar ainda mais confusa.
:)
O livro é muito bom. Lê num instante. Há também outros sobre o assunto que gostei muito. Posso dizer-te onde o arranjar.
EliminarOk, Daniel!
EliminarEnvia-me essa informação por e-mail.
Obrigada.
amo esse tipo - o Jonh Carré...
ResponderEliminarum verdadeiro "caçador de almas..."
beijo
Este romance que ando a ler é muito interessante e um pouco diferente do seu (dele) estilo literário.
EliminarPara além de nos envolver numa boa dose de mistério e suspense, tem passagens românticas e até cómicas.
Vamos ver se consigo deixar, aqui, nem que seja uma pálida ideia da magia desta história.
Um beijo e obrigada, Poeta!
Ainda bem que com a etiqueta descobri o autor - estava curiosa sobre de quem seria...
ResponderEliminarAinda bem que com a etiqueta descobri o autor - estava curiosa sobre de quem seria...
ResponderEliminarNunca pesquisei nada de John le Carré, na Internet, mas suponho que encontrarás muita informação acerca do escritor e da sua obra, Gábi.
EliminarObrigada, beijinho