sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

"AS PALAVRAS"











As fotografias são minhas, obtidas com a devida aquiescência dos proprietários da Barber Shop, cuja montra fotografei. Sem nenhuma qualidade, sei, mas com o sol a incidir na montra, foi o que se pode arranjar!...





São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
Barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?



 Poema de Eugénio de Andrade
in “Até Amanhã”


Nota: Dedico este post ao Remus, administrador do blog de fotografia, 

A propósito de uma conversa que tivemos sobre o significado  das  palavras. :)

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31 comentários:

  1. O que seria de nós sem as palavras...??
    Que elas nunca se gastem!

    Beijinhos e bom fim de semana prolongado
    (^^)

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    1. Olá, Afrodite! :)

      Não sei o que seriamos...já que fui sempre muito 'palavrosa', só sei que para mim, todas as palavras têm 'peso'- contam, porém, algumas são pronunciadas de ânimo tão leve...que o vento as leva! :) Dessas não reza a história. Não me dizem nada. Não gosto delas.

      Beijinhos, bom fim de semana.

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  2. E como viver sem elas? as Palavras, claro!
    Até amanhã Janita
    Entre Os Meus Dias ∫ Facebook ∫ Instagram
    ✿ в૯¡j¡ทђѳ

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    1. De facto, Mena! Como viver sem elas?
      Sobretudo, sem aquelas que nos beijam...:)

      Beijinhos.

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  3. Bom dia. Passando para me deliciar com as suas sempre belas publicações. As fotos são fascinantes. O poema é divino.
    Se estiver em Portugal, um feliz dia de feriado.
    .
    Tema de hoje

    Manhã, nascer do sol, solfeja a cigarra no arvoredo
    .
    Deixando cumprimentos poéticos.
    .

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    1. Olá, Gil António!

      Não só estou em Portugal, como este dia, 08 de Dezembro, é, desde há dezoito anos, um dia de Festa. Dia em que fui Avó, pela primeira vez! Há lá coisa melhor?

      Um abraço.

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  4. Bom dia querida amiga ,maravilhosa partilha ,desejo-lhe uma sexta-feira muito abençoada ,beijinhos

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    1. Boa noite, querido amigo Emanuel.

      Foi uma sexta-feira linda e maravilhosa, sim!

      No próximo post, falar-vos-ei dela...:)
      Beijinhos

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  5. Que interessantes.
    Ameio poema. Obrigada pela partilha

    Beijo. Feliz feriado

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    1. Eu é que agradeço, Cidália!
      Grata pela companhia e simpatia.

      Beijinhos.

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  6. Tb gosto de gestos acompanhados de palavras. : ))
    Bjos

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    1. Nem estava à espera que dissesses outra coisa, Catarina!
      A forma de comunicar pode variar e em todas nos podemos fazer entender, mas os gestos, as acções, essas é que o vento nunca leva. :))
      Beijinhos

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  7. As palavras são aquilo que tu quiseres fazer delas. Mesmo as que são atiradas para magoar....
    Percebes o que quero dizer Janita?

    Abraço grande

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    1. Percebo, claro, Ricardo.
      As que são atiradas com o intuito de ferir, ignoramo-las, deixamos que resvalem por nós, sem nos tocar...Podemos demorar um pouco até ganharmos essa arma de defesa, mas com o tempo conseguimos...oh, se conseguimos. Até nos rimos. :)

      Abraço muito muito grande, meu querido.

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  8. Achei a barbearia bem apresentada, Janita. A informalidade kitsch é que cativa.
    Deixem-se de algoritmos.Não acabem com o barbeiro!
    Acrescento:no mundo tudo está já inventado. Não nos invendam, p...., pronto! Deixem alguma coisa como dantes.

    De laço, gravata ou colarinho
    atado ou desapertado o que há (?)
    é pescoço, pois!,

    Se a gente sessenta,
    muitas vezes já se sentou e
    o barbeiro não nos degolou.
    Não é isso?

    Bj.

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    1. Sabe, Agostinho? Acho que aquela Barbearia é ponto de encontro de gente dedicada à Música e às Letras.
      Quando lá entrei para pedir permissão para fotografar a montra, até vi uma raposa embalsamada em cima de um pequeno balcão. Havia uma cadeira, antiga, do género das que se viam nas barbearias do século XIX. Pincéis e outros apetrechos relacionados com esta arte, sim que barbear à navalha é/era uma arte. Fiquei tão surpreendida que perguntei ao jovem, loiro, de corte de cabelo rapado dos lados e poupa ao alto, se ali se faziam barbas e cabelo, disse que sim e eu saí apressada...:)
      Raramente lá passo, mas ultimamente, tenho passado mais.

      Beijos

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  9. Um post dedicado a mim? Mas tem-se que pagar para ter-se um post dedicado neste "O Cantinho da Janita"?...
    Desconfio que ainda vou entrar pela madeira a dentro e ainda vou ter que pagar uma quantia choruda. E logo agora que as finanças andam mal... é o Natal... é o fim de ano... são os impostos... é o seguro...

    Mas existem duas ou três coisas que estão menos bem neste post. E já que tenho a fama de dizer sempre mal de tudo o que Janita publica e escreve, este post não podia fugir à regra.

    1.º: Um post que é dedicado a mim e não tem associado fotografias de moças desnudas? Onde está o "regalo" disso? Dá-me fotografias de uma montra de uma barbearia. O que está a querer insinuar? Que eu preciso de cortar o cabelo? Que preciso de cortar os pêlos?

    2.º: Sou administrador? Chiça!!! E ganho bem como os outros administradores das empresas? Não!? Então, de que vale ter o título de administrador se não ganho nada com isso? Acho que prefiro ser o autor. O autor do tasco "Pontos de Vistas", em que vai servindo diárias fotográficas a preços económicos. :-D

    3.º: Neste poema, o Eugénio de Andrade não diz que as palavras beijam. Vai daí, aquilo que disse ainda continuará válido. "palavras que nos beijam" nunca vi nem presenciei. Mas se calhar o problema até será meu. Se calhar sou poucas vezes beijado. E será que por isso é que me deu a barbearia? Acha na barbearia seria beijado?!
    :-D

    Agora um momento de confissão:
    Nunca na minha vida fui a um barbeiro fazer a barba. E mais: Nunca ninguém fez-me a barba. Fui sempre só eu que fiz a minha barba.
    Qualquer dia tenho que perder a virgindade. Afinal de contas até pode ser bom e eu estou a perder uma grande sensação. Até porque detesto fazer a barba. Acho que é uma perda de tempo. :-P
    Onde é que fica a barbearia?
    :-) :-D

    Muito obrigado por esta dedicatória e em sinal de agradecimento, sinta-se beijada por estas minhas estapafúrdias palavras. Agora vou ver se arranjo uma fotografia de um homem nu, para ver se faço um post de dedicatória bem à medida para a Janita.
    :-D

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    1. Ai, a confusão que vai nessa cabeça! Acha que depois de um dia como o que passei hoje, maravilhoso, vou ter paciência para responder à risca ( ou à rasca) a este comentarão descomunal, em tamanho e sentido?
      Tire o cavalinho da chuva, mas é, Remusinho...não percebeu nada, nadica de nada; no que à barbearia concerne e às palavras respeita!

      1º- Moças desnudas vê-as o meu caro amigo, de preferência de boca fechada.

      2º- É administrador, sim senhor! o Pontos de Vistas é um blogue de alto gabarito, caso contrário não me teria como leitora e visitante assídua.

      3º- Neste poema o Eugénio de Andrade, faz notar aquilo que eu lhe queria fazer ver: a importância das palavras, e de como elas nos podem beijar, repito, beijar, ou ferir.

      A sua confissão não me surpreende. Se me disser que só se barbeia de três em três dias, ainda fico mais sua amiga. Só prova que é homem de barba rija!!! :P :DD

      Não, não me dedique nada, por favor...

      Gostei do agradecimento, mas não me deslumbrei por aí além...:-)

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    2. Não deslumbrou por aí além?
      É como dizem, é impossível contentar quem tem altas expectativas...

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    3. Não se zangue, Remus, então que é feito desse seu fair play? Deslumbrada eu ficaria se me enviasse simplesmente um beijo! Foi isso que quis dizer...:)
      Lá está...vê como há palavras que custam a sair? Não sei porquê, um beijo ou um abraço, é a coisa mais inocente e amiga que podemos dar a alguém de quem gostamos ou simpatizamos, e eu simpatizo consigo. Pronto!

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  10. Gostei das fotos das frases e do poema. As palavras dizia a minha avó são como pedras atiradas pelas crianças. se as usamos à toa, nunca se sabe o estrago que farão.
    Um abraço e bom fim-de-semana

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    1. E estava a senhora sua avó muito certa, Elvira!
      Por isso Eugénio escreveu que as palavras podem ser como punhais, um incêndio que tudo destrói, mas também podem ser tão belas, como gotas de orvalho.

      Um abraço e feliz fim de semana.

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  11. Voltei. Acabei de ver o Presidente no Intendente com o Sr. Júlio, barbeiro. A cortar a barba, não haja confusões. Publicidade à dormiu? Sim senhores.
    Haja barbeiros, sapateiros, modistas e costureiras, engraxadores, etc. e tal, quando não, um dia destes, cânones, François, beefs, and so on, deixam de vir.
    Aproveito para dizer que gosto do Eugénio.
    Bj.

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    1. dormiu > borliu
      cânones > camones
      François > francius

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    2. Amigo Agostinho, aqui, na blogosfera, também temos uma Barbearia muito conceituada, sabia?
      É a Barbearia do Senhor Luís, conhece?

      Estou aqui no blogue há tanto tempo que nem vi o telejornal, logo, agradeço essa informação que me dá quanto à visita do Presidente ao Intendente! :)

      Beijo.

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    3. Peço desculpa pela imprecisão. Apanhei aquilo de surpresa, a atravessar. Afinal, o Presidente referiu-se ao Intendente mas a barbearia onde estava seria no norte do País.
      Há vento e pouca chuva, até agora... Domingo.
      Bj.

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    4. Ora essa, Agostinho.
      Pois se até os jornalistas cujo trabalho é informar, fidedignamente, os leitores, se enganam, como não haveria eu de desculpar uma imprecisão do meu caro amigo?

      Também acho que há mais vento do que a chuva que tanto precisamos. Vamos ver como se porta o temporal Ana.

      Beijinhos.

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  12. Muito bonito o poema de Eugénio de Andrade!

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    1. Também acho este poema uma delícia, Graça.

      Beijinhos.

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  13. Palavrear, que coisa linda,
    semeia contextos por todo o lado.
    Mas antes que a coisa descambe
    (há palavras que ninguém lambe)
    há que invocar um aliado.

    Eugénio de Andrade é do melhor, Janita. Bem postado.

    Um beijinho :)

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    1. Semeando palavras plenas
      de contexto
      e sem nada a descambar
      cá vamos escrevendo um
      simples texto
      sem lambidelas nem cuspo
      porque somos amigos
      gostamos de luz
      mas também do lusco-fusco.

      Tonterias rimadas é o que é! :)

      Beijinhos, AC. :)

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