Poeminha da Negação da Afirmação
Sou um homem bem comum
sem nenhuma aspiração.
Não quero ser general
e muito menos sultão.
sem nenhuma aspiração.
Não quero ser general
e muito menos sultão.
Sou moderado de gastos,
de ambição reduzida,
não sonho ser big-shot
estou contente da vida.
Nunca invejei o próximo
nem lhe cobiço a mulher
pego o meu lugar na fila
e seja o que Deus quiser.
nem lhe cobiço a mulher
pego o meu lugar na fila
e seja o que Deus quiser.
Não sou mau pai, nem mau esposo,
Grosseiro nem invejoso
– só um pouco mentiroso.
Grosseiro nem invejoso
– só um pouco mentiroso.
Saudação Aos Que Vão Ficar
Como será o Brasil
no ano dois mil?
As crianças de hoje,
já velhinhas então,
lembrarão com saudade
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
E o que será loucura?
deste antigo país,
desta velha cidade?
Que emoção, que saudade,
terá a juventude,
acabada a gravidade?
Respeitarão os papais
cheios de mocidade?
Que
diferença haverá
entre o avô e o neto?
Que novas relações e enganos
inventarão entre si
os
seres desumanos?
Que lei impedirá,
libertada
a molécula
que o homem, cheio de ardor,
atravesse
paredes,
buscando seu amor?
Que lei de tráfego impedirá um inquilino
– ante o lugar que vence –
de voar para lugar distante
na
casa que não lhe pertence?
Haverá mais lágrimas
ou
mais sorrisos?
Mais loucura ou mais juízo?
E o que será loucura?
E o que será juízo?
A propriedade, será um roubo?
O roubo, o que será?
Poderemos crescer todos bonitos?
E o
belo não passará então a ser feiura?
Haverá entre os povos uma proibição
de criar pessoas com mais de um metro e oitenta?
Mas a Rússia (vá lá, os Estados Unidos)
não
farão às ocultas, homens especiais
que, de repente,
possam duplicar o próprio tamanho?
Quem morará no Brasil,
no ano dois mil?
Que pensará o imbecil
no
ano dois mil?
Haverá imbecis?
Militares
ou civis?
Que restará a sonhar
para
o ano três mil
ao ano dois mil?
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A 28 de Março de 2012, a morte de Millôr Fernandes,
escritor/ poeta/humorista e cartoonista, de renome, apanhou o Brasil de surpresa.
Ficou conhecido como o Grande Millôr.
Pouco antes havia falecido outro grande humorista;
Chico Anísio,
de quem espero poder trazer aqui alguns dos seus incríveis momentos de humor.
Se a vontade me não esmorecer, espero homenagear, tal como fiz
com o post anterior, alguns dos maiores representantes da vida
cultural, humorística, musical e intelectual do país irmão.
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""" Reti"""
ResponderEliminarSó um pouco mentiroso........ também eu, loool
.
* Saudade de ter ... Saudade *
.
Feliz início de semana
Bom dia.
De tudo o que o Poeta escreveu só reteve esse bocadinho? Tantas virtudes referidas e só memorizou um defeitozinho...!
EliminarBoa semana, obrigada. :)
Gostei muito querida amiga desejo-lhe uma semana muito abençoada ,muitos beijinhos no coração felicidades
ResponderEliminarO Millôr era um escritor multifacetado, Emanuel.
EliminarOs seus Haikus ou Hai-Kais, como ele gostava de dizer, são muito belos.
Um beijinho, obrigada.
Gostava muito deste senhor. Obrigada pela partilha desta homenagem.
ResponderEliminarAbraço e uma boa semana
Na minha resposta à Cidália Ferreira, vou deixar uma hiperligação - já que a poetisa refere não conhecer o poeta - que a Elvira, e quem mais quiser, poderá aceder e ler um dos seus poemas mais interessantes.
EliminarUm grande abraço e o meu obrigada.
Que bela lembrança a tua. Faz isso, não esmoreças.
ResponderEliminarBeijo em Tu
Veremos se não esmoreço, NN...sabes que eu sou um pouco como os cataventos. ehehehe
EliminarBeijinhos, comadre.
Desconhecia. mas adorei os poemas que servem muito bem de reflexão. Uma bela homenagem. Obrigada Janita!
ResponderEliminarBeijo-Boa noite
Como diria um meu amigo: 'É imperdoável' não conhecer Millôr Fernandes. :)
EliminarAceda a este TRIÂNGULO AMOROSO, e leia um dos seus poemas mais divertidos e bem concebidos. Já lá vão mais de 5 anos que o publiquei e sinto bastante saudade desse tempo.
Obrigada eu, Cidália.
Um beijo e boa semana
Ora aí está um 'sujeito' que aprecio. Segui-o vários anos (não recordo se no Diário Popular se no Diário de Lisboa, pois lia ambos, por razões diversas). Tratava bem a língua e tinha um humor extraordinário. Bem haja.
ResponderEliminarUm bji.
Eu calculava que sim, que o José apreciaria este humorista fantástico. Se o desejar, veja em cima, na minha resposta à comentadora que o antecedeu, a hiperligação para o seu Poema Matemático. Tenho a certeza que já o conhece, mas penso que gostará de reler.
EliminarUm beijinho e o meu agradecimento.
Diário de Lisboa
EliminarObrigada, Rogério!
EliminarBoa memória! :)
Se o meu Amigo o ler, não deixará de lhe agradecer.
Millôr é meu irmão!
ResponderEliminarQuando ler um haiku
Eliminarescrito pelo Rogério
acreditarei nesse parentesco.
:) Isto também não é um Haiku,
porque para o ser teria de,
às seguintes regras obedecer:
Ser um poeminha curto composto por três versos,
de dezassete sílabas:- o 1º com 5 - 2º com 7 e 3º com 5 :))
(estou a ensinar a missa ao cura?
eu sei...é mais uma minha loucura.)
;)
Era tudo menos um homem comum, diria eu.
ResponderEliminarBeijinhos
É verdade Pedro. E diria muito bem! Arrependo-me, agora, de não ter deixado entre parêntesis o prefixo (in).
EliminarMillôr seria tudo excepto um homem comum, apesar dele assim se achar.
Beijinhos.
Grande Homenagem...Bem merecida. Adorei :))
ResponderEliminarAdoro este titulo:-(Saudação Aos Que Vão Ficar) Diz tanto .
Hoje:- Estaria mentindo, se a sede não fosse o desejo.
-
Bjos
Votos de uma boa Terça-Feira
Parece grande, mas é pequena, Larissa, se tivermos em conta o valor deste Grande Homem!
EliminarBeijinhos e até mais logo! :)