Nas minhas frequentes deambulações pelo CR (Crónicas do Rochedo) vou percorrendo os caminhos já muitas vezes percorridos. Desta vez detive-me demoradamente nos postais incluídos na etiqueta:
«Há Poesia no Rochedo»
Gostei tanto deste poema, que pensei estar a lê-lo pela primeira vez.
Só depois, ao ler os comentários, verifiquei que o conhecia desde que o li, naquela publicação, vai para mais de sete anos.
Hoje, partilho-o também convosco, porque o acho muito, muito bonito.
"Poema melancólico não sei a que mulher"
Dei-te os dias, as horas
e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.
Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.
Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
( Miguel Torga)
Toda a POESIA do transmontano é fascinante!!!
ResponderEliminarQuando escrevi os comentários na tua postagem anterior, muito piúrsa por causa da mentalidade alemã, lembrei-me que andava sempre como o cão e o gato com o Carlos, e agora, tenho tantas saudades dele.
Beijinhos de amizade 💓 lembrando sempre o nosso amigo portuênse.
É para que não tenhamos arrependimentos tardios, que devíamos moderar os nossos ímpetos. Digo-o, agora, a mim mesma, tantas e tantas vezes, Teresa...:(
EliminarUm beijo grato pela tua presença, querida Teresa.
Bem, Janita, os ímpetos eram dele a insultar a minha segunda pátria e os seus políticos. E tu sabes isso muito bem. Eu nunca insulto ninguém. Mesmo assim, gostava muito dele e tenho saudades.
EliminarBeijinhos da amiga com coração 💓 alemåo.
Teresa.
EliminarNão me referia propriamente ao vosso relacionamento que, apesar de tudo, se manteve sempre num patamar de estável cordialidade, falava de uma maneira geral e em especial, para mim.
Saudades sentimos todos, dele e da nossa querida Teté.
Beijinhos de coração aberto.
Agora fiquei com um aperto no peito :(
ResponderEliminarBeijinhos
Também eu, Pedro, também eu!!!
EliminarPedro e Teresa.
EliminarA última coisa que eu gostaria, era vir remexer em feridas, reavivar lembranças que causem de algum modo tristeza, mas lembrar os amigos ou familiares, que já não estão entre nós, é também uma forma de os manter vivos. Penso eu, embora não volte a abrir a cx. de comentários, como já o fiz antes, se me voltar o desejo de ter por aqui, juntamente connosco. O Carlos adorava a blogosfera. Não vos quero trazer constrangimentos.
Um beijinho para ambos.
Excelente, o poema do Torga do qual me não recordava minimamente.
ResponderEliminarQuanto ao CBO, só comecei a acompanhar as Crónicas do Rochedo alguns meses antes da sua despedida e fi-lo sempre em silêncio, como faço com a esmagadora maioria dos bloggers que vou lendo. Creio que só me manifestei na sua derradeira publicação...
Beijinho, Janita.
E é tão bonito este poema...
EliminarA minha amizade com o Carlos sofreu muitos altos e baixos, ambos éramos bastante temperamentais e eu nem sempre soube lidar com a aparente rudeza, que chegava a raiar a grosseria, com que ele se manifestava contra certos políticos da nossa praça. Enfim, agora é tarde. Mas ele sabia o quanto o estimava e admirava.
Essa é a certeza que me traz algum conforto.
Beijinho Maria João, obrigada.
Realmente uma poema lindo demais... Faz-nos sempre "bem" recordar as boas pessoas. :/
ResponderEliminarBjos
Votos de uma óptima Quinta-Feira
Fico contente que a Larissa tenha gostado deste lindo poema.
EliminarObrigada.
Duas excelentes recordações, a do Carlos e a do Miguel Torga, um dos meus poetas preferidos!
ResponderEliminarAbraço
Dois Grandes Homens, Rosa dos Ventos.
EliminarUm abraço
É sempre triste. Mas recordar o que foi bom é sempre maravilhoso!
ResponderEliminarBeijos e um dia feliz!
É isso, Cidália! Recordar os bons momentos do passado, é maravilhoso, sim!
EliminarObrigada, um beijinho.
Nas dunas do teu peito o vento passa
ResponderEliminarSem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
Quanta beleza e quanta ternura estes três versos transmitem!
E também quanta desilusão.
Beijokas abraçadas a sorrisos
Não sei se há ternura se lamento profundo nesses três versos, Kok.
EliminarSeja como for, e cada um os entender, o poema é muito bonito, sim.
Beijinhos e um abraço amigo.
Quase tudo se conquista
ResponderEliminarBj
Se conquista e se perde, Mar Arável.
EliminarBeijinhos, Poeta
Também tenho saudades dele, embora o tivesse conhecido muito mais tarde.
ResponderEliminarAbraço
Obrigada, Elvira.
EliminarUm abraço.
Foi bom recordar...
ResponderEliminarMiguel Torga tem Poemas muito bonitos.
Beijinhos
Só não é de recordar as coisas más, e as pessoas que por nós passaram sem nos deixar rasto no coração, essas, devem ser definitivamente enterradas.
EliminarBeijinhos e obrigada.
Não fui seguidora do Carlos, só quando li a carta de despedida no face é tomei consciência do valor dele.
ResponderEliminarA tua lembrança foi comovente e os versos de Torga ainda me deixaram mais comovida.🙄
Beijinhos Janita
😘😘😘
Querida Manu.
Eliminartemos de estar receptivos a receber tudo o que a vida nos traz, de bom e de mau.
O tempo é o único remédio para quase todos os males.
Um beijinho.
Não me recordo de ler este poema. Provavelmente ainda não o visitava. Não sei. Sei que tenho muitas saudades do CBO.
ResponderEliminarMas eu também não me lembrava, Catarina. Creio que nesta altura já o comentavas sim, o facto de não estares neste post não significa nada. Sete anos é muito tempo, tanto tempo...!
EliminarUm abraço, Catá! :)
O Torga é excepcional. Pela sua força e genuinidade, pela sua arte de dizer a verdade naturalmente agreste, que foi a sua marca de água. Assim, com aspereza, muitos de nós lançam mão à rocha ao "Rochedo" que se foi e afinal ficou.
ResponderEliminarBeijo.