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Texto da página 20 |
O UNIVERSO VISTO PELO BURACO DA FECHADURA (I)
Valéria pede ao Pai que vire o disco. Explica-lhe que Arroz con leche* vive no outro lado.
Diego conversa com o seu companheiro interior, que se chama Andrés e é o seu esqueleto.
Fanny conta que hoje mergulhou com a sua amiga no rio da escola, que é muito fundo, e que lá embaixo era tudo transparente e viam os pés das pessoas grandes, as solas dos sapatos.
O Cláudio agarra num dedo de Alejandra e diz «empresta-me o dedo» e mergulha-o na caçarola de leite que está ao lume, porque quer saber se não está muito quente.
Do quarto, a Florência chama-me e pergunta se sou capaz de tocar no nariz com o lábio de baixo.
Sebastián propõe que fujamos num avião, mas avisa-me de que é preciso ter cuidado com os serámofos e com a hécile.
Mariana, no terraço, empurra a parede, que é o seu modo de ajudar a Terra a girar.
Patrício segura um fósforo aceso entre os dedos e sopra a chamazinha que nunca se apagará.
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* Canção tradicional infantil. (N.T.)
Maravilhosa a imaginação das crianças pela pena de Galeano.
ResponderEliminarAbraço
Que pena, que a pena de Eduardo Galeano se tenha calado para sempre. Ainda assim, deixou-nos uma vasta e bem diversificada obra.
EliminarGrande abraço, Rosa dos Ventos.
gosto de ficção tão ficcionada que é mais "verdadeira" que a realidade
ResponderEliminargostei do texto. beijo
Caro Manuel, percebi perfeitamente a ideia que quis passar e concordo plenamente.
EliminarUm abraço amigo.
Não conheço o autor, porém, acho uma leitura agradável e ao mesmo tempo engraçada. Imaginação de quem esteve exilado.
ResponderEliminarAdorei todos, mas este:
"" O Cláudio agarra num dedo de Alejandra e diz «empresta-me o dedo» e mergulha-o na caçarola de leite que está ao lume, porque quer saber se não está muito quente.""
Beijos e um bom fim de semana.
No mínimo, conhece-o daqui, Cidália. Esta é a terceira publicação que faço com textos deste livro, antes disso, também já havia publicado outros pensamentos e trabalhos de EG, o autor. Mas a nossa memória não tem espaço para guardar tudo. Sei como é. :)
EliminarAbraços e boa semana
Por mais que pensamos imaginar, jamais poderemos mergulhar no mundo de quem vive sob o degredo e numa solitária tendo o buraco da fechadura como janela. Uma maneira de gastar o tempo e não se entregar numa linguagem diferente e por incrível que pareça divertida.
ResponderEliminarUma bela partilha Janita.
Um bom e feliz domingo para uma semana iluminada.
Abraços com carinho.
Tal e qual amigo Toninho. Só quem passa pelas coisas lhes sabe dar o justo valor.
EliminarAgradeço-lhe muito ter vindo até este meu cantinho de confraternização, por vezes algo atribulada, mas sempre honesta e bem intencionada. Eu é que agradeço.
Feliz semana com muita saúde, Toninho.
Um grande abraço.
Um adulto que mesmo exilado consegui na sua enorme vontade, ser criança e narrar a sua fértil imaginação. A canção do vídeo há muito que não a ouvia e ri-me:)
ResponderEliminarBeijocas e um bom domingo
Creio que será no silêncio a que o exílio obriga, que as mentes ficam mais abertas às recordações do passado, Fatyly.
EliminarDaí que tantos livros tenham nascido em cárceres sem
condições nenhumas. As facilidades nem sempre favorecem a criatividade.
Beijinhos e boa semana.
Também gosto de Eduardo Galeano, que tinha sempre um olho no microscópio e outro no telescópio, como disse um jornalista espanhol, além da poesia que emana dos seus textos.
ResponderEliminarHoje, é apenas para dizer-lhe estou renascendo em uma casa nova, quarto e sala., por enquanto.
Beijinhos, minha querida amiga.
Já sentia falta da tua presença
É um gosto enorme voltar a ler as suas frases cheias de ditos espirituosos e conhecedores, Amigo Sant'Anna.
EliminarJá visitei a nova casa de quarto e sala. Tenho para mim que, com tempo, ir-se-ão tratando das obras de ampliação: cozinha e 'banheiro', ou WC, são indispensáveis...:))
Grande abraço muito grato, meu amigo.
Um autor que já pensei ler, mas ainda não deu.
ResponderEliminar:)
Quando der, deu, querida Luísa. Enquanto dá e não dá, vais lendo o autor por cá. :)
EliminarBeijinho.
Como já disse é um autor que estou conhecendo aos poucos aqui no seu espaço. Penso que alguém que está preso, tem que inventar a maneira de libertar o seu espírito. Encontrar a criança que há em si e dar-lhe voz pode ser uma maneira de o fazer.
ResponderEliminarAbraço, saúde e boa semana
Um pensamento verdadeiramente sábio o seu amiga Elvira.
EliminarDe quem entende dos meandros da vida.
Ainda ando a pensar se hei-de continuar com a selecção de alguns dos textos deste livro, mas, penso que valerá sempre a pena, pois há quem aprecie e dê valor a algo diferente.
Um abraço, com votos de muita saúde.
Achei interessante a imaginação deste autor que viaja até a um mundo que só existe na cabeça de um grande escritor.
ResponderEliminarGostei da canção.
Beijinhos Janita
Todos temos recordações de infância, Manu, quem souber romancear essas lembranças, a solidão aliada à reclusão, pode ser um bom momento para as trazer até si.
EliminarUm beijinho e boa semana.