terça-feira, 27 de setembro de 2016

DA INFÂNCIA, COM SAUDADE!



Tinha a menina Loló
Uma sábia bonequita
Aquilo bastava só
Puxar-lhe a gente uma guita
Que lhe pendia por trás
Sob o vestido de lã
Abrir a boca e záz..
Dizer: Papá e Mamã.

Ora a Loló também tinha
uma gata; era maltesa
essa porém, coitadinha,
era muda com certeza!
miava apenas, mais nada
de maneira que a pequena
andava desanimada
até chorava com pena.

Um dia pensou; talvez
a doença tenha cura.
a doença era a mudez
da citada criatura.
Se o mesmo fizer à gata
à mona, quem sabe lá
a língua se lhe desata
e diz Mamã e Papá.

Dito e feito, a pequerrucha
quando a bichana dormia
puxou-lhe a cauda gorducha.
dois saltos fenomenais
uma forte arranhadela
e quem chamou pelos pais?
não foi a gata;
foi ela!!...

Desde então a Loló
se passa ao pé de um gato
ou de um cão, não lhe toca
nem por graça,
pois lhe serviu a lição.
Não compreende, porém
qual venha a ser, afinal
a serventia que tem
a cauda de um animal…




Alguém se lembra deste poema de Acácio de Paiva?


Fui buscá-lo a um livro escolar da terceira classe- 

como se dizia no meu tempo - igual ao meu e, como já aqui referi, encontrei à venda numa estação dos CTT.

Maravilha, poder reler o que ainda sei de cor!!

Quantos de vós, o sabeis?

 :))




Adenda: Em virtude do comentário de um Amigo, o Kok, que se lembra, ainda, de um texto deste livro de Leitura, adiciono a foto do mesmo.
Desafio todos os amigos, que sejam da nossa geração , a tentar lembrar-se de um poema ou texto. Se estiver, aqui, no livro, colocá-lo-ei neste post dedicado às nossas memórias de infância. Obrigada! :)

PARA TI, KOK, COM AMIZADE!
----------------------------------------

Querido Amigo Ricardo R., como o prometido é devido, e sabendo eu do teu amor pelo mar, termino este post com um texto que espero te encante, tanto quanto me encantou! :-)




30 comentários:

  1. eheheh também tive um desses Janita

    E olha, que bom foi rever a Loló :))

    beijocas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :)) Mas decoraste o poema ou não, Noname?

      O meu gosto pela poesia nasceu nos bancos da escola primária.
      Lia os poemas tantas vezes que os decorei, até hoje.:)

      Beijocas!! :))

      Eliminar
    2. Não, não decorei, o meu gosto pela leitura é velho, já o le,r é relativamente recente, digamos que um dia decidi que: perdida por cem, perdida por mil (questões oftalmológicas com alguma gravidade)

      beijocas

      Eliminar
    3. Lamento e compreendo bem, Noname.

      Sofro de glaucoma e tenho de fazer o controlo da tensão ocular, regularmente. Embora o meu caso seja diferente do teu, uma coisa é certa: isto das «Internetes» não nos faz nada bem aos olhos. Mas desistir disto, que era bom...está bem está...!

      Beijinhos, NN.

      Eliminar
    4. Não concordo - Computadores e internet foram a minha carta de alforria - uso as acessibilidades, leio com a letra aumentada sem qualquer custo - e segundo o médico (no meu caso) não é dos computadores que me pode vir mal ao mundo, pelo que e embora leia muito no PC, gosto muito mais de ler livro, cheirar livro, tactear livro, e neste caso sim, tenho que reunir condições, para o poder fazer, preciso de luz solar, a luz eléctrica, mesmo a azul, não me ajuda nada. Vingo-me no Verão e nos dias claros, na varanda ou numa qualquer esplanada :))

      beijocas e boas leituras para nós e para os como nós :))

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Acredito. No tempo do Pedro os livros já seriam diferentes.:)

      Beijinhos.

      Eliminar
  3. Do livro tenho ideia de ter conhecido (era um com uns meninos na capa correndo "p'rá gente", não era?
    Mas do poema não tenho ideia. Lembro-me é dum texto: Jorge, que "me saiu" no exame em forma de ditado e que foi um desastre!
    Beijos para leres com sorrisos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ehehehe Era esse todo, Kok!

      Andei à procura do texto que te saiu no exame e fotografei-o. Irei, de seguida, colocá-lo no post para que te alegrar a vista e as boas memórias.:)

      Eu lembro-me é do texto que me 'saiu' na prova de Português, mas no quarto ano. Tinha por título "Caçada aos Búfalos em Angola". Era leitura e interpretação do texto. Sem falsa modéstia devo dizer que não me saí mal. :))

      Beijinhos sorridentes, para mais tarde recordar!! ;)


      Eliminar
    2. Muito obrigado. Obrigado pela atenção e intenção.
      é esse mesmo texto, sacana, que me atormentou a infância, tanto que jamais o esqueci.
      De má memória? Sim. Agora à distância percebo que me fez reapreciar a 3ª classe (o meu 1º chumbo).
      Ao mesmo tempo penso que tenha sido uma estreia à escala mundial; quem é que repete a 3ª classe?

      Beijokas

      Eliminar
  4. Não, não me lembro, mas gostei de ler.

    Beijinhos de Düsseldorf.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ainda bem que te agradou a simplicidade ternurenta deste poema e o texto sobre os bons modos à mesa e a educação do menino Jorge, Teresa.
      Tão diferente do que se passa nos dias de hoje!!

      Beijinhos para Düsseldorf :)

      Eliminar
  5. O único texto que me lembro desses livros é de uma historieta de uma mãe que tinha umas mãos muito feias e em que a filha reparava constantemente, até a mãe lhe contar a história de um incêndio num berço... Não sei é em que classe foi! :)

    Beijocas

    ps - as histórias destes livros chateiam-me um bocado por serem um bocado moralistas demais para o meu gosto...;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Irei procurar a ver se é neste, ou no outro livro, que se encontra essa história, Teté.

      Sabes que eu estava a contar com o reparo acerca da moralidade destas histórias, mas pensava que fosse da parte da Graça. Ela é que não gosta nada dos textos e poemas de Augusto Gil e outros.
      Afinal, tu também não gostas...:)
      Eu não me preocupo com a moralidade implícita nos textos, se a houver, gosto e pronto!
      Mas gostos não se discutem, não é verdade?

      Beijocas! :)

      Eliminar
  6. Não dou para o peditório. Não recordo nada da coisa. Bem sei que a minha memória já teve melhores dias, mas, francamente, não sei de que estão a falar. De exames, recordo o da 3.ª classe, feito na escola que frequentava (com um professor que leccionava as 4 classes e que já havia sido professor de meu pai), e o da 4.ª classe, na escola concelhia, em que fui aprovado com distinção e preparado para o exame de admissão ao liceu, em que também me saí bem. Tenho para aí alguns livros da "primária", de edições recentes, que adquiri, mas que, creio, nunca abri.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Essa é boa! E tão esperançada que eu estava na sua contribuição, José. Então, não se lembra nada que lhe tenha ficado gravado na memória, relativamente a este livro e ao da 4ª classe. Se foi aprovado com distinção ( por sinal também fui) deve lembrar-se da prova de Português e do texto que lhe «calhou».
      Sacuda essa preguiça e vá ver os livros que aí tem, recentes, mas iguais aos antigos.
      Ai, ai...:(

      Beijinhos

      Eliminar
  7. Pois...os meus livros eram muito diferentes, anos oitenta!
    Não tenho direito a texto :(

    Abraço grande

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ricardo,

      Só para que não fiques triste vou procurar um poema ou texto que julgue te agradar e publico-o, para ti, aqui!! :)

      Pois...não tenho culpa de ter vindo ao mundo uns anitos antes de ti. :-)

      Beijinhos!

      Eliminar
    2. Sabes?
      Num desses livros, ou parecido, que está está na nossa biblioteca, li um poema que em criança adorava e agora continuo a gostar.

      Professor diz-me porquê?
      Por que voa o papagaio
      que solto no ar
      que vejo voar
      tão alto no vento
      que o meu pensamento
      não pode alcançar?

      Professor diz-me porquê?
      Por que roda o meu pião?
      Ele não tem nenhuma roda
      E roda gira rodopia
      e cai morto no chão...

      Tenho nove anos professor
      e há tanto mistério à minha roda
      que eu queria desvendar!
      Por que é que o céu é azul?
      Por que é que marulha o mar?
      Porquê?
      Tanto porquê que eu queria saber!
      E tu que não me queres responder!

      Tu falas falas professor
      daquilo que te interessa
      e que a mim não interessa.
      Tu obrigas-me a ouvir
      quando eu quero falar.
      Obrigas-me a dizer
      quando eu quero escutar.
      Se eu vou a descobrir
      Fazes-me decorar.

      É a luta professor
      a luta em vez de amor.

      Eu sou uma criança.
      Tu és mais alto
      mais forte
      mais poderoso.
      E a minha lança
      quebra-se de encontro à tua muralha.

      Mas
      enquanto a tua voz zangada ralha
      tu sabes professor
      eu fecho-me por dentro
      faço uma cara resignada
      e finjo
      finjo que não penso em nada.

      Mas penso.
      Penso em como era engraçada
      aquela rã
      que esta manhã ouvi coaxar.
      Que graça que tinha
      aquela andorinha
      que ontem à tarde vi passar!...

      E quando tu depois vens definir
      o que são conjunções
      e preposições...
      quando me fazes repetir
      que os corações
      têm duas aurículas e dois ventrículos
      e tantas
      tanta mais definições...
      o meu coração
      o meu coração que não sei como é feito
      nem quero saber
      cresce
      cresce dentro do peito
      a querer saltar cá para fora
      professor
      a ver se tu assim compreenderias
      e me farias
      mais belos os dias.

      Alice Gomes (1946)

      Abraço grande

      Eliminar
    3. Que lindo; tão cheio de passagens tão verdadeiras, Ricardo R. :-)
      Durante a leitura pareceu-me estar a ler algo de tua autoria. Tu escreves tão bem! Sabes que te vejo, em criança, com o mesmo espírito curioso e deslumbrado com os mistérios da Natureza?
      Esse menino poderias ser tu.

      Mas...e o texto sobre o Mar que escolhi para te agradar? Gostaste ou não? :-)

      Beijinhos, Ricardo.

      Obrigada.

      Eliminar
    4. Gostei, adoro o "meu"mar, ao fim do dia ou ao amanhecer, entendes?

      Abraço grande e obrigado

      Eliminar
    5. Entendo, sim.

      Um beijinho e muitos abraços. :)

      Eliminar
  8. Que engraçado, Janita, os meus pais tem esses livros.

    Beijinho.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acredito, Ricardo!
      Nós, os Pais dos trintões, de hoje, estudámos todos pela mesma Cartilha. :)

      Beijinhos

      Eliminar
  9. Eu lembrei-me vagamente deste poema...mas não me lembro de mais nada a não ser capa do Livro da 3ºa classe...
    Será que "Batem leve levemente como quem chama por mim..." fazia parte da 3ª????Fiquei cheia de vontade de ir ver o livro :)))beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Papoila,

      A »Balada da Neve» é de Augusto Gil; sei-a de cor e ensinei-a ao meu neto João quando ele era pequeno.
      Quando ficava com a voz embargada, na passagem em que as crianças deixam as pegadas na neve, o raça do rapaz, achava um piadão à mudança de tom da minha voz e ria, ria, como um perdido.
      Não sei em que livro está, ainda tenho de ver se é neste ou no outro.

      Beijinhos :))

      Eliminar
  10. Quem quer ver a barca bela
    Que se vai deitar ao mar
    Nossa Senhora vai nela
    E os Anjos vão a remar

    São Vicente é o piloto,
    Jesus Cristo o general.
    Que linda bandeira levam
    Bandeira de Portugal!

    Não sei se consideras batota, eu fiz assim: fui procurar o livro e lembrei-me/reconheci os textos «As Mondas», «As vindimas» mas nada de saber de cor, quando cheguei à Barca Bela, lembrei-me mesmo!!! E sabia-o. Bjsss

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eheheh Não é batota nenhuma, Papoila.

      Fico muito contente por teres tido a curiosidade de ir ver. LOl

      E a "Bela Infanta", lembraste? Também sei de cor! :)

      Beijinhos

      Eliminar
  11. Ora vê lá se te lembras deste :)


    Palram pega e papagaio
    E cacareja a galinha
    Os ternos pombos arrulham
    Geme a rola inocentinha

    Muge a vaca, berra o touro
    Grasna a rã, ruge o leão,
    O gato mia, uiva o lobo
    Também uiva e ladra o cão.

    Relincha o nobre cavalo,
    Os elefantes dão urros,
    A tímida ovellha bala,
    Zurrar é próprio dos burros.

    Regouga a sagaz raposa,
    Brutinho muito matreiro;
    Nos ramos cantam as aves,
    Mas pia o mocho agoureiro.

    Sabem as aves ligeiras
    O canto seu variar:
    Fazem gorjeios às vezes,
    Às vezes põem-se a chilrar.

    O pardal, daninho aos campos,
    Não aprendeu a cantar;
    Como os ratos e as doninhas
    Apenas sabe chiar.

    O negro corvo crocita,
    Zune o mosquito enfadonho,
    A serpente no deserto
    Solta assobio medonho.

    Chia a lebre, grasna o pato,
    Ouvem-se os porcos grunhir,
    Libando o suco das flores,
    Costuma a abelha zumbir.

    Bramam os tigres, as onças,
    Pia, pia o pintainho,
    Cucurica e canta o galo,
    Late e gane o cachorrinho.

    A vitelinha dá berros
    O cordeirinho balidos,
    O macaquinho dá guinchos,
    A criancinha vagidos.

    A fala foi dada ao homem,
    Rei dos outros animais:
    Nos versos lidos acima
    Se encontra em pobre rima
    As vozes dos principais.

    Vozes dos animais de Pedro Dinis

    Não tenho saudades da minha primária, pois levei bastantes reguadas e até tive direito a orelhas de burro :(

    Um beijinho amiga Janita

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :))) Então não me hei-de lembrar, amiga Fê?

      As Vozes dos Animais, não sei tudo de cor, mas sei muitas quadras. Talvez as 4 ou 5 primeiras e depois frases soltas.:)

      Belos tempos!!

      A tua professora devia ser das 'más'. :(
      A minha era uma excelente professora, daquelas que ensinam com verdadeira vocação. Tinha um coração de ouro.

      Beijinhos, querida Fê!!

      Eliminar