Nudez, último véu da
alma
que ainda assim
prossegue absconsa.
A linguagem fértil do
corpo
não a detecta nem
decifra.
Mais além da pele, dos
músculos,
dos nervos, do sangue,
dos ossos,
recusa o íntimo contacto,
o casamento floral, o
abraço
divinizante da matéria
inebriada para sempre
pela sublime
conjunção.
Ai de nós, mendigos
famintos:
Pressentimos só as
migalhas
desse banquete além
das nuvens
contingentes da nossa
carne.
E por isso a volúpia é
triste
um minuto depois do
êxtase.
Poema “O Minuto Depois” de Carlos
Drummond de Andrade
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Bem dito, digo, bem escrito. Não é para todos, digo eu que pouco entendo de poesia, embora aprecie os poetas que alinham as palavras como só eles sabem.
ResponderEliminarAcho que a poesia dos grandes poetas, só eles a sabem entender. Nós, apenas gostamos, ou não!...
EliminarOlhe, eu gostei daquilo que o José escreveu.
Beijos. :)
Sendo o autor quem é o resultado só podia ser sublime.
ResponderEliminarBeijinhos
Drummond de Andrade, a par de Manuel Bandeira, escreveram poemas divinais, que foram, e ainda são, objecto de análise por parte dos estudiosos da arte poética.
EliminarBeijinhos.
Um poema extremamente difícil de interpretar (no meu ponto de vista).
ResponderEliminarMuito "complexo" o Drummond de Andrade.
Interpreto (por ele) que ao êxtase erótico, se segue uma tristeza da alma, uma sua ocultação misteriosa... como se a alma estivesse ausente (?). Que a alma está como que alheada da linguagem fértil do corpo. (?)... e que por isso a volúpia é triste após o êxtase !
Sinceramente sinto dificuldade na interpretação do poema, Janita.
Eu diria que corpo e alma estariam numa conjugação perfeita, após esse êxtase, mas quem sou eu ?... :)
Abraçaço, de corpo e alma, Janita ! :))
Alguém disse um dia que os poemas não são para ser esmiuçados e dissecados, para serem entendidos, Rui.
EliminarSão retalhos da alma do Poeta, que ele colocou ao nosso alcance para nos maravilharmos com as palavras, quer as entendamos ou não. :)
Mas, eu gostei muito da tua análise; o parecer de pessoa que lidou de perto com um grande Poeta.:)
Obrigada, Rui.
Beijinhos, de alma e coração.
Confesso que me identifiquei com as palavras do Rui.
ResponderEliminarBjs
Também eu, Papoila!
EliminarUm beijinho. :)