Quem
olha, de fora, através de uma janela aberta,
não
vê jamais tantas coisas quanto quem olha de uma janela fechada.
Não
há objecto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais tenebroso, mais
radiante que uma janela iluminada por uma luz difusa.
O
que se pode ver à luz do sol é sempre menos interessante que o que se passa atrás
de uma vidraça. Neste buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre
a vida.
Para além do ondular dos telhados, avisto uma mulher madura, já com rugas, sempre debruçada sobre alguma coisa, que nunca sai de casa.
Para além do ondular dos telhados, avisto uma mulher madura, já com rugas, sempre debruçada sobre alguma coisa, que nunca sai de casa.
Pelo
seu rosto, pela sua roupa, pelos seus gestos, por quase nada refiz a história
desta mulher, ou melhor, a sua lenda e, por vezes, conto-a a mim mesmo, chorando.
Tivesse sido um pobre velho, também a teria refeito, facilmente.
E deito-me, feliz, por ter vivido e sofrido pelos outros como se fosse eu mesmo.
Talvez me digam: “Tens a certeza de que esta lenda é verdadeira?”
Tivesse sido um pobre velho, também a teria refeito, facilmente.
E deito-me, feliz, por ter vivido e sofrido pelos outros como se fosse eu mesmo.
Talvez me digam: “Tens a certeza de que esta lenda é verdadeira?”
Que
importa o que possa ser a realidade situada
fora de mim, se me ajuda a viver,
a sentir que existo e o que sou?
[ Baseado no poema “As Janelas”
de Charles Beaudelaire ]
Janelas abertas os seus olhos
ResponderEliminarOs olhos são as janelas da alma, Poeta.
EliminarHá que olhar bem dentro deles.
:)
Uma grande realidade poética. Adorei :))
ResponderEliminarHoje:- A chave...numa insana desorientação.
.
Bjos
Um óptimo Domingo.
Uma óptima semana, Larissa! :)
EliminarBelíssima partilha querida amiga ,desejo-lhe uma semana muito feliz ,beijinhos
ResponderEliminarExcelente semana também para si, Emanuel.
EliminarInspiração maravilhosa. Adorei conhecer teu blog.
ResponderEliminarBoa semana.
Olá, Edith Lobato.
EliminarSeja muito bem-vinda.
Muito grata pela visita.
Votos de excelente semana.
Esta foto já fez parte de um desafio. A poesia francesa que tão boa e agradável é !!!
ResponderEliminar:) Pois fez, Ricardo!
EliminarUm desafio no qual também participaste.
Boa semana.
Bonito texto, Janita!
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana.
O mérito é de Baudelaire, Graça.
EliminarBeijinhos.
(Excelente semana e as melhoras do teu marido.)
A imagem está brilhante. O texto se imaginar-mos bem, é tão real... mesmo!!! AMEI
ResponderEliminarBeijo de boa noite.
A imagem é uma fotografia minha, com a qual concorri a um desafio/enigma do nosso Amigo Rui, Cidália! :)
Eliminarbeijinhos, boa noite.
Janela da casa
ResponderEliminarou da alma?
Amigo Rogério.
EliminarA que se vê é da casa
a que se lê é a da alma.
:)
Lenda ou não, as janelas trazem luz a espaços menos iluminados caso não existissem, só por Isso, são abençoadas.
ResponderEliminarInfinitos agradecidos por está bela partilha :)
Se as casas têm janelas
Eliminarpara nelas entrarem a luz,
a Alma tem os olhos,
para deixarem fluir todo o encanto
e a paz, que o coração reproduz. :)
Um grande e grato abraço, Rainha do Infinito.
A foto é-me familiar, já passou pelo meu blog ! :)
ResponderEliminarConfesso que o texto me intrigou ! (?)... Creio ter percebido uma "lenda verdadeira" de há já bastantes anos !?... O "mistério", as coisas tão tristes e tantas outras tão agradáveis, que testemunhamos, que nos fazem sentir hoje que existimos, que permanecem na nossa memória e que se passaram dentro de quatro paredes e uma janela ! ...
Confesso que não sei se cheguei a interpretar bem o teu texto !?
Abraço
Ah pois...a fotografia conheces tu muito bem, Rui. :)
EliminarAliás, foste o primeira pessoa a vê-la depois de mim!
Não te preocupes tanto em interpretar e analisar, com a mente e a razão, tudo o que lês. Basta que o teu coração entenda...
Beijinhos e um abraçaço, Amigo Rui.
Hoje é dia de enígmas e filosofias? Esta hora não é, para mim, adequada para tal, até porque o nariz continua pingão.
ResponderEliminar(Ainda espirra?)
1 bji.
Não senhor! Hoje, ontem e amanhã, serão dias de ler, ver, olhar e gostar...ou não. Tudo fica em suspenso! Percebeu? :)
EliminarEspero que se encontre melhor do pingo no nariz.
Já deixei de espirrar há muito, comigo dá-me forte mas passa-me depressa.
Um beijinho.
( a partir de hoje não se aceitam abreviaturas. Quero tudo por extenso.)
O texto que não conhecia é nuito imteressante.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana
É da autoria de Beaudelaire, tinha de ser interessante.
EliminarA imagem já era de seu conhecimento. :)
Um abraço e boa semana, Elvira.
Querida Janitamiga
ResponderEliminarOra cá estou eu depois de longa ausência de visitar-te. Passaram-se muitas coisas que passo a explicar.
Tive alta no sábado depois de ter estado internado durante onze dias no Hospital de Santa Maria com uma pneumonia agravada por umas complicações.
Mas, deixa-me que te diga que fui tratado maravilhosamente. Cinco estrelas! Médicos/as, enfermeiras/os auxiliares toda gente bué fixe. Se alguém me vier falara do SNS parto-lhe as trombas! Espero, agora, que retomemos as nossas trocas de comentários e respostas. Muito obrigado.
Baseado no poema “As Janelas” de Charles Beaudelaire, o estes versos estão lindíssimos. Bravo!
Qjs da Raquel e do Henrique, o Leãozão
Amigo Henrique.
EliminarFolgo muito em saber que o pior já passou.
Tem cuidado contigo, para evitares uma recaída.
Agora que voltaste, claro que lá irei visitar-te na
"A Nossa Travessa", com todo o gosto.
Um grande abraço para ti e um beijinho para a tua Raquel.
Cuida-te!
Gostei muito de ler.
ResponderEliminarSe me importar nada se é real ou ficção.
Beijinhos, boa semana
Assim é que eu gosto de ouvir falar, Pedro!
EliminarSe gostamos, porquê saber se é verdade ou não?
Isso é para casos de justiça.:)
Nos assuntos que nos tocam a alma, é deixarmo-nos levar.
Beijinhos, excelente semana.
Lindo demais!!!
ResponderEliminarBeijinho, Janita, boa semana.
Oh, António, que bom teres cá vindo.
EliminarObrigada!
Beijinho, boa semana.
Olá, janita, maravilhoso Beaudelaire! Certo dia em que passeava com meu dog, olhava as janelas das casas, dos apartamentos e imaginava as pessoas com suas vidas, eram muitas vidas que faziam com que eu pensasse isso. Janelas com cortinas de croché, vasinhos de flores, mas sabia que lá dentro a vida não era tão alegre assim. Outras vezes enxergava a rua de minha janela, as pessoas em seus ritmos alucinantes, muitas em seu egoísmo acompanhando pessoas deficientes que me deixavam como um ponto de interrogação! Enfim as janelas são panos de fundo para que o ser humano se mostre em suas profundezas. Podemos tirar conclusões tanto de fora para dentro como de dentro para fora. É a observação que adoro fazer. Grande Beaudelaire!
ResponderEliminarBeijo, querida!
Olá, querida Tais.
EliminarÉ muito bom tê-la de volta.
Grata pela descrição que aqui nos deixa.
Por detrás de cada janela há, de facto, um mundo por descobrir.
Um beijo e meu obrigada.
Olá, goste de ler o que considero ser uma historia verdadeira, o interesse causa curiosidade.
ResponderEliminarAG
Olá, A. Gomes.
EliminarObrigada pelas suas palavras de apreço e interesse.
Boa semana.
boa semana, Janita, e que haja sempre uma janela aberta para tudo o que for bonançoso.
ResponderEliminarObrigada, Mia.
EliminarNão há tempestade, por maior que seja, que dure sempre.
Um dia, surge a esperançosa bonança. É assim, na vida de toda a gente.
Essa janela conheci logo, porque quando a vi a 1ª vez reparei que tem uns cortinados iguais aos que estiveram em tempos no quarto da minha filha e que os tenho guardados.
ResponderEliminarO texto é algo que penso ser real e de muita reflexão que por vezes fazemos, mesmo que não encontramos alento.
Boa semana Janita e um grande beijinho.
Creio que neste passatempo do Rui não participaste, pois não, Adélia? É que não tenho a mínima ideia da tua janela.
EliminarÉ mesmo, ainda que sem encontrar alento, observar a tristeza as alegrias alheias e vivê-las como se nossas fossem, torna-nos mais ricos de vínculos afectivos.
Boa semana, Adélia e um grande abraço com amizade.
Olá Janita,
ResponderEliminarGostei muito deste post!
Foto e poema.
Tu provavelmente sabes que Beaudelaire é um dos meus poetas malditos preferido.
E também sabes porque destaco esta parte do texto:
"Que importa o que possa ser a realidade situada
fora de mim, se me ajuda a viver,
a sentir que existo e o que sou?"
Abraço
P.S. O Albatroz? :)
Olá, Ricardo.
EliminarNão. Não sabia, nunca tínhamos falado nisso, mas sei porque destacas essa frase e sei porque também foi essa parte que me levou a fazer esta publicação.
Não, não faz parte d'"O Albatroz", é do "Pequenos Poemas em Prosa" ou "Le Spleen de Paris".
Podes ver AQUI
Clica que é uma hiperligação. :)
Abraços.
Desculpa, não me fiz entender!
EliminarEstava a perguntar se conhecias o poema "o albatroz"
Abraço grande
Então é do "As Flores do Mal"?
EliminarNão gosto do 'Albatroz', não.
Abraço.
As pessoas ainda se debruçam à janela para se distraírem?
ResponderEliminar“Antigamente” as raparigas namoravam à janela.
Algumas janelas teriam muitas estórias para contar se lhe dessem ouvidos. : ))
Este, é um olhar para dentro, não para fora da janela, Catarina.
EliminarMas acredito que sim, que ainda haja muita gente que se debruça nas janelas, para se distrair olhando para os transeuntes, quiçá, imaginando o que pensarão, para onde vão, qual será a sua história...
Excelente a foto e o poema. Dalgum modo identifico-me com este último, em especial da perspectiva: _"Que importa o que possa ser a realidade situada
ResponderEliminarfora de mim, se me ajuda a viver,
a sentir que existo e o que sou?"
Parabéns
Continuação de excelente resto de semana
Obrigada, Victor.
EliminarTambém eu me identifico com essa parte, e não só eu, tenho a certeza.
Um abraço, bom resto de semana. :)