Nas minhas caminhadas quase diárias,
seja o percurso feito num sentido ou noutro, é sempre o mesmo, por ser o melhor
e de piso mais plano e regular. Mais ou menos a meio do trajecto, passo por uma
casa desabitada onde dantes vivia, sozinha, uma velha senhora.
Por motivos que
não conheço bem, mas o diz-que-diz fez saber que os desentendimentos entre
os dois irmãos, quanto à partilha dos bens, estarão na base da lenta degradação
e abandono em que a casa se encontra.
Hoje, reparei que o matagal em que
se havia transformado o pequeno jardim foi retirado deixando a descoberto
vestígios de vidas já extintas. Interrompi a caminhada e parei junto ao portão
preso com arames.
O poço lá está junto à casa...e a corola avermelhada, de uma roseira morta, empresta algum pálido colorido ao verde dos fetos e das ervas.
Porém, a natureza, alheia e indiferente ao desleixo humano, lá
vai cumprindo a sua missão de fazer renascer o ciclo de vida que tem a seu
cargo. Pequenos rebentos começam a brotar
dos ramos que ainda há pouco, num olhar rápido, eu via secos e imaginava
mortos.
Mas o mais belo e surpreendente, foi
ver a resistente cameleira que, sem mimo nem cuidados, se encheu de lindas
camélias incentivada pelo cálido sol primaveril neste Inverno vestido de Primavera.
Registei o momento e segui em passo
mais vagaroso até casa. A imagem da velha senhora, sempre diligente e apressada,
seguiu comigo. Quando abri o meu portão e entrei no jardinzito, olhei à minha volta.
Um pensamento ensombrou o meu olhar.
Tomara que um dia os meus não se desentendam…
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Afasta esses pensamentos, Janita. Que triste é ver situações dessas.
ResponderEliminarEu afasto-os, Luísa, mas eles insistem em me perturbar.
EliminarBeijinhos.
Os bens materiais levam as pessoas ás maiores loucuras.
ResponderEliminarMas amiga se cultivarmos o bem nos nossos pensamentos.
Colheremos na nossa vida muitos sorrisos de luz e de felicidade.
Sorrisos de força.
Megy Maia
Levam, quando as pessoas se deixam cegar pelo egoísmo.
EliminarObrigada, Megy! :)
Infelizmente esses desentendimentos acontecem...Uma pena! Lindo post! Bjs,chica
ResponderEliminarAcontecem sim, querida Chica! Até com aqueles que nunca julgaríamos capazes de complicar o que seria simples.
EliminarBeijinhos.
Deverias ter acabado o teu passeio com um pensamento positivo. “Tenho esperança que os meus se vão entender”... apenas um exemplo. : ))
ResponderEliminarBonito passeio e bem registado!
: )
Tens razão, Catarina, esperança eu tenho, sim, mas que ninguém pense que as coisas ruins só acontecem com os outros.
EliminarUm beijinho. :)
Bom dia
ResponderEliminarQuantas famílias estão infelizmente nessa situação .
Sabe-se lá o sacrifício que os pais fazem para fazerem uma casa e a manter em bom estado para depois os filhos a deixarem num estado lastimoso , por causa de birras entre eles .
Felizmente nem todas são assim !!
JAFR
Na Baixa portuense vêem-se prédios quase a ruir, de tão degradados. Destoam e desfeiam tudo à volta, o que é uma pena. As causas podem ser de vária ordem.
EliminarBoa noite, Joaquim.
A natureza - a vida... - abomina o vazio e tudo remenda e preenche à sua maneira.
ResponderEliminarBeijinho, Janita :)
A Natureza tem a sabedoria que falta ao Homem, Maria João!
EliminarUm beijinho. :)
Caminhaste, espraiaste a vista, deste atenção a pormenores. Em suma, estás em consonância com a vida. Nesse caso, por que foste rebuscar nuvens de preocupação? Ai, ai, juízo!
ResponderEliminarUm beijinho, Janita :)
Olha, hoje não me apeteceu caminhar. Trabalhei e fui às compras. :) Talvez se houvesse por aqui perto, um Parque próprio para caminhadas onde o caminho fosse ladeado de bonitas plantas, árvores de folha perene e chilreio de passarinhos, os meus pensamentos fossem mais alegres.
EliminarAssim, como queres que eu não perca o juízo? :))
Um beijinho, AC! :)
Chamar desentendimento a ruturas de relação familiar é fazer tábua rasa a valores de família. Nas minhas andanças de intervenção cívica e política tenho defendido que há sempre, associada à propriedade, uma dimensão de responsabilidade social. Casas nesse estado, onde o litigio não fica resolvido em determinado prazo, deveriam ver sua posse transferida para a Segurança Social para a pôr ao dispor de quem precisa…
ResponderEliminarEssa casa podia ser uma cresce, que te parece?
Ah, Rogério, se as pessoas fossem todas perfeitas, o mundo teria continuado a ser o Paraíso.
EliminarExpropriação? Acha que seria essa a solução? Não creio!
A não ser que houvesse uma avaliação justa do imóvel e, aí, o Estado tomaria a sua posse e dar-lhe-ia destino de modo a que, nem crianças nem adultos, ficassem sem tecto.
Parece-me muito bem! :)
Olá,Janita.
ResponderEliminarAté no meio da decadência e abandono é possível encontrar beleza, a provar que a mãe natureza nunca deixa os seus créditos por mãos alheias, e que também pode dispensar o contributo do ser humano...
Já quanto ao tema de heranças e herdeiros, nada mais resta fazer do que esperar que tudo corra pelo melhor...
Bonito post, e muito bem aproveitado esse passeio.
Beijinhos amigos
Vitor
Olá, Vitor. :)
EliminarPor norma, quando caminho, não atento muito no que me rodeia, talvez por fazer sempre o mesmo percurso, mas ontem parei, pensei e vim desabafar convosco.
Havendo sol e chuva, a terra se encarrega de fazer o resto. Sabes que, por vezes, sinto vontade de começar a colocar parte das minhas tralhas nos Ecopontos? Já sei que com a casa nenhum dos meus herdeiros vai querer ficar.
Mas, por outro lado, como agora tudo se compra e vende, quando chegar a hora eles que tenham esse trabalho. :)
Beijinhos, Vitor.
Li um livro em tempos que punha a hipótese dos humanos de repente desaparecerem e como a natureza iria voltar e retomar os espaços que os humanos ocupavam. O livro chama-se O Mundo Sem Nós.
ResponderEliminarA vedação de metal da casa parece bonita.
Eu então, quando desaparecer, não sei a quem deixar a minha tralha.
Olá! :)
EliminarQue bom ver-te por cá, Daniel.
Num mundo sem nós, recomeçaria um novo mundo, quiçá, bem melhor.
As grades da vedação da casa não são tão bonitas como as que vês, aquelas são uma protecção e espécie de corrimão das escadas. Foi por entre as grades da casa que meti o braço para tirar as fotos, sempre com receio de deixar cair o telefone lá dentro. Havia de ser bonito! :)
Não te preocupes que ainda estás a tempo de arranjar herdeiros, rapaz! :)
Beijinhos!
Olá Janita,
ResponderEliminarRegistei o facto da Natureza conseguir ser mais forte que as desavenças e os maus tratos e seguir o seu caminho, sendo que o melhor é o da cameleira! Linda e exuberante!
Quanto ás desavenças em caso de heranças, é um assunto que dá "pano para mangas". Eu tenho, graças a Deus, uma família grande mas não é com as heranças que governo a minha vida. Nunca foi.
Não tenho filhos, tenho é sobrinhos. Muitos
E não posso controlar o que poderá passar pela cabeça de cada um.
Só posso tentar viver o melhor que conseguir, comigo própria e com eles, aproveitando o máximo que conseguir.
Um abraço do Algarve, bem apertado.
Sandra Martins
Olá, Sandra.
EliminarSe esta casa continuar sem haver que lhe deite a mão, quando vier o calor talvez a Natureza, sozinha, não consiga manter o verde que agora vemos.
A maior herança que os pais podem deixar aos seus descendentes, são as 'ferramentas' para que eles possam ter condições de traçar o seu próprio caminho.
Mas quem tiver casa própria, conseguida com muito trabalho e suor, já deixa um bom legado. Assim os filhos saibam honrar a memória dos pais e resolver tudo da melhor maneira.
Um grande abraço.
Fiquei com pena e comovida com a degradação da casa, mas a natureza encarrega-se de embelezar o abandono.
ResponderEliminarE nada de pensamentos negativos, os teus saberão cuidar do teu cantinho.
Beijinhos Janita
Acho que vou mudar o meu itinerário de caminhante, Manu.
EliminarAquela casa mexe com a minha paz interior! Tanto mais que conheço uma das herdeiras. Mulher interesseira, segundo se diz.
Beijinhos, amiga!
Casas abandonadas como essa há por aí muitas e as razões são, não raras vezes, as mesmas: as partilhas. Pode acontecer, e acontece, que os seus proprietários não têm posses para as recuperar. Deveria haver um prazo razoável para a sua recuperação, findo o qual as câmaras poderiam tomar delas posse, pagando um justo valor a quem dele tivesse direito.
ResponderEliminarQuanto à vegetação: já dizia Pascal, na senda de Aristóteles, que a Natureza tem horror ao vácuo.
bji.
Aparentemente e pelo aspecto exterior, esta casa só precisava de um bom reboco e uma pintura, agora no interior, não sei, nunca lá entrei. O abandono nota-se pelo jardim, que mais parece uma selva.
EliminarTodo o vácuo é horrendo, até o coração das pessoas.
Beijinhos.
A natureza sempre se renova. É muito triste que por bens materiais irmãos se tornem inimigos. Mas não deve pensar nisso, nem entristecer-se por antecipação. Pense positivo.
ResponderEliminarAbraço
Infelizmente, é triste mas acontece. Conheço irmãos que depois de décadas, ainda hoje não se falam por causa de discórdias relacionadas com partilhas e outras. Enfim, não pensam que, quando partirem, vão como vieram: sem nada!
EliminarUm abraço.
Os abandonos são tão tristes!
ResponderEliminar-
Não peco por gostar de ti...
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"Novidades".
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Beijos. Boa noite!
São mesmo Cidália! :)
EliminarBeijos.
Vi isso acontecer a algumas casa no bairro dos meus avós - mesmo sendo num dos bairros mais nobres e apetecíveis de Lisboa. Tudo por causa de habilitações de herdeiros morosas....
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