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Esta ausência não foi por nós pedida,
este silêncio não é da nossa lavra,
já nem Pessoa conversa com Pessoa,
com o feitiço sempre imenso da palavra
Este tempo só é o nosso tempo
porque é nossa a dor que nos sufoca
e faz de cada dia a ferida entreaberta
do assombro que esquivando-se nos toca
Esta ausência é dos netos, dos filhos, dos avós,
é a casa alquebrada pelo medo,
é a febre a arder na nossa voz
por saber que o mal a magoa em segredo
Este silêncio é um sussurro tão antigo
que mata como a peste já matava;
vem de longe sem nada ter de amigo
com a mesma angústia que nos castigava
Esta ausência é uma pátria revoltada
que se fecha em casa sempre à espera
que a febre não a vença nem lhe roube
a luz mansa que lhe traz a Primavera
Esta casa somos nós de sentinela,
à espera que a rua de novo nos console
e que festeje debruçada à janela
a alegria que só nasce com o sol
Esta ausência mais tarde há-de ter fim,
por nada lhe faltar nem inocência;
que se escute o desejo de saúde
anunciando que vai pôr fim à inclemência
Que se abram as portas e as janelas,
que o medo, derrotado, parta sem destino
por ser esse o sonho colorido
que ilumina o riso de um menino.
José Jorge Letria
(20 de Março de 2020)
«Que se abram as portas e as janelas»
ResponderEliminarQue se abram
A minha janela sempre ficou aberta
A minha porta sempre ficou no trinco
Apareça
espera-vos um sorriso de garoto
este meu, pois não tenho outro
Porque é que não ferveram a porcaria do morcego???
ResponderEliminarBeijinhos
Um poema feito de esperança, na esperança de melhores dias.
ResponderEliminarAbraço poético.
Juvenal Nunes
Bom dia
ResponderEliminarVou utilizar uma frase que nem todos gostam , mas aqui faz todo o sentido .
Assim seja .
JR
Um excelente poema do José Jorge Letria, bem demonstrativo deste tempo estranho que passamos.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Muito lindo o poema trazido,Janita e a imagem inicial, muito legal! beijos, chica e ótimo dia!
ResponderEliminarExcelente poema! Obrigada, gostei imenso da mensagem deste poema do José Jorge Letria, Janita!
ResponderEliminarBeijinho
Não sei se a desconfiança é geral, ainda que cuidados e caldas de galinha.... Mas a não presença física do outro, isso sim, pesa imenso no nosso bem-estar do dia a dia.
ResponderEliminarbjis.
Que assim seja!
ResponderEliminarAbraço
Li em silêncio e, fascinado pela inspiração e criatividade poética, em silêncio me deixei ficar.
ResponderEliminar.
Um dia feliz
Saudação amiga.
Um poema simplesmente brilhante!! :)
ResponderEliminarBoa noite!
Beijo
A desconfiança como condimento da infelicidade
ResponderEliminarÉ difícil lidar com ela
Gostei da recordação
Um poema tão actual, que retrata na perfeição o tempo que vivemos.
ResponderEliminarQue venha bem depressa a confiança que tanto desejamos.
Beijinhos Janita
😘😘😘
Por motivos vários, aos quais a minha vontade «não» foi alheia, estive afastada do meu e dos vossos cantinhos, por um curto período de tempo, mas que a mim me pareceu longo.
ResponderEliminarAos Amigos e visitantes que tiveram a generosidade de me acompanhar na leitura e apreciação deste poema, reflexo de um sentir ainda tão fresco na memória colectiva, o meu Muito Obrigada.
Um abraço para o:
Rogério Pereira
Pedro Coimbra
Juvenal Nunes
Joaquim Rosário
Elvira Carvalho
Chica
Maria João Brito de Sousa
José (500)
Rosa dos Ventos
Ricardo
Cidália Ferreira
Porventura
e Manu.
Bem-Hajam!