terça-feira, 1 de novembro de 2022

NÊSPERA...EU?



 

A Esterilidade do Quotidiano

"Rara será a existência que actualmente se não deixe balouçar ao sabor das correntes, cada hora impelida a um rumo diferente pela última notícia que se leu ou pela última conversa que se teve.
Sem fim a que aponte, a alma da maioria dos homens flutua na vida com a fraca vontade e a gelatinosa consistência das medusas; um dia se sucede a outro dia sem que o viver represente uma conquista, sem que a manhã que renasce seja uma criação do nosso próprio espírito e não o fenómeno exterior que passivamente se aceita e que por hábito nos impele a um determinado número de acções."

Agostinho da Silva
Ensaísta – Poeta - Filósofo

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Não quero ficar
 esperando
Não quero ficar à sorte
Deitada 
sem fazer nada.
Antes morrer a lutar
do que parada sem norte.

Vou sacudir a poeira
Vou dar corda aos meus sapatos
Não quero ser parecida
com qualquer pessoa sostra*
Não quero ser uma
 nêspera passiva
que se deixou estagnar
e deu azo a tais boatos.

* Preguiçosa




Post Reeditado - DAQUI

[ Com + alguns versitos meus.]

        



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20 comentários:

  1. Sabia, minha amiga? Agostinho da Silva foi o sogro da competentíssima professora Rosa Virgínia Mattos e Silva da Universidade Federal da Bahia. Casada com Pedro Agostinho da Silva, também professor da UFBA. Ele, antropólogo, indigenista,; ela, especialista em português trecentista, dentre outras virtudes de intelectual. Muito solicitada pela "academia portuguesa" e o mundo afora. Tem uma dezena de livros publicados na área. E Agostinho da Silva fez um trabalho fantástico no Brasil, particularmente, na Bahia. Muito contribuiu para a transformação da nossa Universidade enquanto esteve radicado por aqui para fugir do salazarismo. Acho que em outro post já lhe disse estas coisas. Se já o fiz, perdoe-me.
    A "pinça" de Agostinho da Silva é tão significativa que dispensa comentários. Enfim, vamos produzir, sair da acomodação, para o nosso crescimento, para a nossa transformação.
    Preocupam-me as mensagens cifradas que tens deixado, um dia, sim; no outro, também, risos. Uso uma "pequena" hipérbole (é possível existir uma pequena hipérbole) para descontrair, mas não creio que minta em relação "às cifras".
    Beijinhos, minha amiga. Um dia de muita paz para você!

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    1. Sabia sim, José Carlos. Já antes, numa outra publicação minha dedicada ao Professor Agostinho, me o havia dito. De qualquer modo, pode relembrar-me sempre que o desejar, meu Amigo, pois há pessoas que gostam de ler os comentários anteriores e talvez o não saibam. Orgulharmo-nos por aqueles que enobrecem os nossos países, só nos engrandece também.
      Sempre um gosto enorme ler os seus escritos, amigo JC, revestidos de modéstia, como é apanágio dos Grandes.

      Beijinhos meus.

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  2. sostra é do mais lindo que existe :)
    beijos

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    1. Eheheheheh...se tu o dizes e eu sei que tu sabes das coisas, concordo que esse termo tripeiro é do mais lindo, mesmo.

      Beijos, Manel!

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  3. Gosto que cada dia seja uma conquista e não me detenho a ver a vida passar.
    Agostinho da Silva sempre assertivo nos seus poemas que me dizem tanto.
    Beijinhos amiga Janita

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    1. Pequenas conquistas serão melhores do que nenhumas. Isto, quando é possível, querida Manu. Pessoalmente, já não me preocupo como o fazia. Há sempre algo novo num virar da esquina, ou não... :)

      Beijinhos, minha querida Manu.

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  4. Aprendi um termo novo. Sostra.
    Vou deixar de ser sostra hoje, e fazer alguma coisa que valha a pena... : )
    Bjos

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    1. É um dos célebres termos que o CBO usava na sua rubrica "Sotaque do Norte", lembras-te? :)
      Grande abraço, Catarina.

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  5. Gostei dos seus versos.
    Não gosto de pessoas sostras*
    -
    Coisas de uma Vida...
    .
    Beijo. Boa tarde de Feriado!

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    1. Não, Cidália? Mas, olhe que o Mau-Tempo é pessoa de muito saber, e diz que 'sostra' é do mais lindo que existe!!!

      Beijo, bom resto de semana

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  6. Gosto de Agostinho da Silva mas a vida levada de forma tão intensa deve ser muito cansativa.
    Claro que também não quero ser nêspera na declamação de Mário Viegas meu colega no Liceu de Santarém nem no teu arranjo em verso.

    Abraço

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    1. É por pensar exactamente o mesmo que sempre achei um exagero a expressão que muitos adoptaram: 'viver intensamente cada dia, como se fosse o último'. :)

      Esta 'nêspera' é/foi, mais uma gracinha de Mário Henrique Leiria, brilhantemente adaptada e interpretada por Mário Viegas. Coisas de gente com G Grande, sabes? :)

      Forte abraço.

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  7. Agostinho Silva era um sábio.
    E a menina não é nêspera nenhuma, é outra fruta madura que escreve poesia a valer.
    Continuação de boa semana, amiga Janita.
    Um beijo.

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    1. Verdade, Jaime! Sábio pelo conhecimento e sábio pela forma simples e genuína como encarava a vida. As suas "Conversas Vadias" deveriam ser repostas, para que os mais jovens sentissem o sortilégio que nós sentimos ao ouvi-lo.

      Tudo de bom e feliz fim-de-semana, amigo Jaime.

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  8. Na TV, hoje não vemos/ouvimos Agostinhos da Silva; temos, sim, programas infantilóides ou popularunchos; nem sequer Mários Viegas. Uma pena. Daí a ficarmos sostras(*), conformados, no deixa andar. Enquanto o futebol correr bem, vai tudo bem; e se correr mal, temos os experts a elucidar-nos durante horas infindas sobre o porquê de ter corrido mal..
    [(*) conheço o termo e creio que não tem masculino, o que quer dizer, se assim for, que não há homens sostros!.]
    bji.



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    1. Pois não, amigo José. Hoje todos se acham sábios e cantam de galo. No fundo, são uns «sostrões»...:))
      Futebol? Olhe, daqui a pouco já pode sentar-se frente ao televisor.
      Beijinhos

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  9. Uma pena o Mário Viegas ter desaparecido tão cedo.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

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    1. E o pior, caro Francisco, é não haver quem substitua os grandes actores, poetas, dramaturgos e pintores que vão desaparecendo.
      Um abraço e obrigada.

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  10. O Mário
    Uma das principais razões pelas quais gosto de poesia
    🙂

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    1. Olá, Miguel!
      Eis uma boa razão.😊
      Gostei de ter ficado a saber quem foi o mentor desse seu gosto pela poesia.
      Um abraço.

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