(...)
Ao fim da tarde passeio sozinho pela
marginal e olho o casario que se debruça ante a baía.
É impossível não ficar com essa imagem na
memória. E à noite, conduzem-me pelo rebuliço da «Ilha de Luanda».
A vitalidade
da vida nocturna já a conhecia mesmo nas festas que só terminavam na manhã do
dia seguinte. Forma criativa e lúdica de vencer os constrangimentos.
Sente-se
que estamos num limbo efervescente e que esta terra faz justiça à criatividade
que forjou o semba, a quizumba, o kuduro,
e como esses ritmos foram capazes de viajar e se mestiçar em terras
distantes. O mesmo sucedeu a expressões como «bué», «cota», «estamos juntos».
Tudo made in Angola.
Mas há qualquer coisa de Maputo naquele
alvoroço nocturno e me apaixona essa proximidade que, de quando em quando, se
revela distinta.
O meu amigo de viagem – que está jantando comigo
- contempla as luzes do outro lado da baía e
suspira antes de falar:
-- Faz lembrar a tua cidade, não é?
Aceno que sim sabendo que a pergunta tem
outro sentido. E sorrio não tanto para o meu interlocutor mas porque, de
repente, me pareceu ver as luzes de Maputo espelhadas na baía de Luanda.
Afinal, eu e o meu amigo sabemos: os
lugares não se comparam.
Como as pessoas, cada um deles acontece num
momento único, numa única e irrepetível vida.
(
Julho de 2008)
Nota. Encontro-me, neste momento, com Mia Couto, de alma e coração, a re)viver com ele as suas memórias. Estou a adorar...
Por isso, partilho com quem também quiser connosco embrenhar-se nos sons, cores, ritmos e belezas de África. Claro, só para quem quiser e gostar...
Olá Janita,
ResponderEliminarEu gosto, eu quero!
Obrigado pela partilha, até porque África, para mim, será sempre um imaginário, um sonho.
Abraço grande
Olá, Ricardo!
EliminarEu sabia! É tão bom poder contar contigo nesta minha paixão pelos lugares que fazem parte do meu imaginário!
África, esse continente longínquo, cheio de magia e mistério, faz parte, também, de um sonho meu!
Um grande abraço e mil beijinhos!
Olha eu aqui, que também gosto dessas terras longínquas, que já me foram realidade um dia, hoje são só saudade.
ResponderEliminarhttp://noname-metamorphosis.blogspot.pt/2009/10/20081112-se-saudasse-matasse.html
Inclui música, não kuduro, não kizomba -um merengue de Angola de encher as medidas :))
Apesar do adiantado da hora, fui ver e senti essa tua saudade como se minha fosse.
EliminarEm tempos, convivi por aqui, com amigos que passaram a infância em Angola. Contavam histórias tão cheias de nostalgia, que acabei por sentir que também eu lá havia vivido.
O teu post é a prova dessa saudade imensa, que nunca tem fim. É a magia das terras africanas, que vem agarrada à pele...
Se a saudade matasse
Mas não mata, vai moendo
Quem em África já viveu
Por ela fica morrendo
:) Resquícios da desgarrada.
Beijocas, NN. :)
Janita estás muito bem acompanhada, saboreia bem esses momentos.
ResponderEliminarbeijinhos
E contigo aqui, melhor acompanhada fiquei, querida Papoila!
EliminarBeijinhos. :)
Passei só para repetir que aprecio o Mia Couto e para desejar boa noite.
ResponderEliminarGrata por ter passado, José! Uma boa noite também para si!
EliminarBeijinho
Gostei :)
ResponderEliminarGábi,
Eliminare eu gostei que tivesses gostado! :)
Beijinho
Janitamiga
ResponderEliminarA vida de jornalista tem muito que se lhe diga (e se tentar ser escritor pior ainda). Conheço Mia Couto pessoalmente e adoro o que ele escreve. Penso que tenho todos os seus livros (ou quase...)
Par quem viveu na África, no meu caso em Angola sabe o sortilégio que ela tem. E a baía de Luanda era maravilhosa; e penso que ainda é.
A minha cidade é linda
é de querer
a minha cidade é linda
hei-de ama-la até morrer... (Duo Ouro Negro)
Bjs da Raquel e qjs do Leãozão
Desde o Quaternário Superior que não comentas na NOSSA TRAVESSA. Qué pasa?
E quem melhor do que tu, HenriquAmigo, para falar do que é a vida de escritor e jornalista?
EliminarObrigada, pelo bonito e terno comentário.
Um beijinho grande para ti e tua Raquel.
PS- Passarei na Nossa Travessa, mas olha que passo sempre. Não me vês?
Eu não gostava da escrita de Mia Couto, até ao justo momento em que aprendi a gostar.
ResponderEliminarBeijinho, Janita.
Se aprendeste a gostar, amigo António, já não me irei queixar.
Eliminar( Não esqueci o que me pediste para ler, não tive foi ainda a disponibilidade para o fazer com o tempo e a atenção que suponho o artigo merece.)
Oportunamente te darei conta das minhas impressões, fica prometido.
Um beijinho, Observador!
Não é tanto o texto mas sim um dos comentários.
EliminarVai ser fácil.
Beijinho, Janita.
Nunca li nada do Mia Couto, porque nunca me interessei pelo continente África, mas como me encontro na biblioteca central, aproveito e vou procurar um romance dele. HÁ SEMPRE UMA PRIMEIRA VEZ.
ResponderEliminarBjs da Teresa
Imperdoável, querida Teresa!
EliminarEsse teu desinteresse pelo Continente Africano, não devia englobar os artistas e escritores, que falam a nossa Língua.
Vê aí na Biblioteca onde trabalhas, certamente vais encontrar algum romance ou livro de poesia do nosso Mia.
Tens razão: Há uma primeira vez para tudo!
Abração da Janita!
Amiga Janita, despertaste a minha curiosidade, vou comprar para ler nas férias :)
ResponderEliminarDepois dou-te a minha opinião, combinado ? :)
Um beijinho
Combinadíssimo, amiga Fê!
EliminarEstes textos, originalmente, foram escritos para uma revista, posteriormente editados, são pequenas peças literáias que se lêem com muito interesse.
Uma óptima companhia para as tuas férias. :)
Outro beijinho para ti, Amiga!
Janita, depois de leres apaga este comentário, porque fica aqui desfasado eheheh
ResponderEliminarVai ao teu mail
:)) Qual desfasado? Fica é muito bem, aqui!! :))
EliminarJá fui...lol
Beijocas. :)
De vacances, sem aviso prévio?
ResponderEliminarEu lá seria capaz de me ausentar sem o avisar, José?
EliminarJamé!!
Beijinho.
Mia Couto excelente escritor ! Não leio muito, ouço mais música e vejo mais cinema, mas Mia Couto passa nas minhas leituras !
ResponderEliminarE é mesmo, Ricardo.
EliminarA versatilidade e sentido de humor, são características que fazem parte da escrita do escritor Moçambicano.
Com boa vontade há sempre tempo para ocupar os momentos de lazer fazendo um pouco de tudo o que se gosta, não é?
Abraço!