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Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.
"Despedida" de Cecília Meireles
[ Não minha, por enquanto.]
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Bom dia
ResponderEliminarSão estes momentos que cada vez mais nos faz gostar do que é mais belo no mundo.
JR
E o mais belo do mundo é...Viver!
EliminarBoa noite amigo JR!
Linda escolha,Janita! beijos, de volta, chica
ResponderEliminarBom regresso, querida Chica e um Outono cheio de luz e amor.
EliminarBeijinhos
Deslumbrante de ler
ResponderEliminar.
Saudações poéticas.
.
Uma grande poetisa a Cecília Meireles, sim.
EliminarSaudações cordiais
Fiquei enlevada ao ler este poema.
ResponderEliminarNunca estamos sós, quando se tem um blog que mostra o que de melhor se tem, neste caso os belos versos da Cecília.
Beijinhos Janita
Foi esse Céu fantástico que me levou à escolha deste poema, amiga Manu. No Dia em é celebrada a Poesia não poderia ser eu a escrever os versos.
EliminarGrata, querida amiga pela tua companhia, também.
Um beijinho.
Excelente, Cecília!
ResponderEliminarBeijinhos, Janita.
Beijinhos, António!
EliminarQuando todos falam da primavera, tempo de renascimento, de esperança, tu lembras-te deste poema triste desta poetisa...
ResponderEliminarUm grande abraço
Para aquela imagem de céu arroxeado e o isolamento que se pressente nela, só poderia ser este poema, Catarina. Fosse em que Estação do Ano fosse...
EliminarForte abraço
Esqueci-me de dizer que gosto muito da foto de cabeçalho! Um espanto de foto!! : ))
EliminarOlá, Catarina.
EliminarEsta foto foi captada pelo meu filho e é uma das primeiras que ele me enviou ainda nem o Noah era nascido e moravam eles em Bussum. Quando ambos, livres de preocupações, faziam grandes passeatas de bicicleta.
Parece-me um castelo medieval, hei-de perguntar-lhe. :)
Grande abraço!
Tristeza não tem fim...
ResponderEliminarVamos lá procurar a felicidade na memória!
Abraço
...Felicidade sim!
EliminarA felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor.
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor...
Esta é a minha memória: Vinícius de Moraes. :)
Abraço.
É sempre um privilégio ler Cecília Meireles.
ResponderEliminarBom lembrá-la neste dia de poesia.
Abraço e saúde
Sim, mas um privilégio ao alcance de qualquer pessoa que goste de boa Poesia e disponha de Internet... :)
EliminarAbraço e muita saúde.
Este poema de Cecília Meirelles nos possibilita um interessante estudo sobre linguagem, sobre enunciação a partir do enunciado Despedida. Neste caso, a palavra despedida traz implicitamente a ideia de um acontecimento, de uma cena, por assim vamos associando ou evocando o que se diz e o que se constrói ao dizer.. Não faltarão memória e associação... Mas deixemos de teorização, pois o melhor é trazer um poema do mesmo naipe que dialoga com o de Cecília:
ResponderEliminarDespedida
Eu deixarei o mundo com fúria.
Não importa o que aparentemente aconteça,
se docemente me retiro.
De fato
nesse momento
estarão de mim se arrebatando
raízes tão fundas
quanto estes céus brasileiros
Num alarido de gente e ventania
olhos que amei
rostos amigos tardes e verões vividos
estarão gritando a meus ouvidos
para que eu fique
para que eu fique
Não chorarei.
Não há soluço maior que despedir-se da vida., pode ou é associada a morte
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. p.348.
Um verdadeiro privilégio é receber estes elucidativos e didácticos comentários do amigo José Carlos!! Uma honra que recebo deliciada e grata.
EliminarComo não tenho, nas minhas prateleiras, nenhum livro do Poeta Ferreira Gullar, recorri à maior biblioteca do mundo, na procura de um que mais se identificásse comigo para lhe retribuir a gentileza. Aqui está ele:
"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?"
Beijinhos com Amizade.
https://www.youtube.com/watch?v=rG5VG_6ZtnA
Eliminarouça se não consegue. Traduzir-se
Aqui vão beijinhos que não deixei antes.
Amigo JCarlos, quando lhe quis retribuir a generosidade, fiquei tão eufórica com o poema de FG, que esqueci de escrever o título: Traduzir-se.
EliminarAdorei ouvi-lo agora, cantado na bonita voz da Adriana Calcanhotto.
Novamente, e seguindo a linha de que Amor com Amor se paga, pois com mais nada se pode pagar, trago-lhe AQUI - é só clicar - o próprio poeta Ferreira Gullar a contar-nos como nasceu este poema, ou seja, o espanto de saber como o espanto gera Poesia... :)
Beijinhos, também.
Vim até aqui e saio em silêncio para não perturbar os poetas!
ResponderEliminarOs Poetas que são, e sabem ser, Poetas, não se deixam perturbar por gente que se acerca sem maldade no coração.
EliminarEsteja à sua vontade. Será sempre benvindo! :)
Solidão só por alguns momentos.
ResponderEliminarTambém é preciso.
Mas pouco.
Beijinhos
Claro, Pedro! Isolarmo-nos, de quando em vez, para reflectir na vida e na melhor forma de estar em paz connosco e com os outros é fundamental. Viver qual eremita, isso não. Nem eu aguentaria. Creio que a maneira como convivo por aqui já lhe deve ter dado uma ideia de que «não sei viver apenas por mim e para mim». :)
EliminarBeijinhos.
Viajar com Cecília é sempre uma busca do incompreendido, um dissecar da solidão enraizada. Cecília é um prato cheio para os poetas.
ResponderEliminarO Dia Mundial da poesia com Cecília.
Gostei amiga.
Beijo e paz
O Brasil é um país rico de bons Poetas. Um manancial para os apreciadores de boa Poesia, se bem que Portugal tenha sido o berço do maior de todos: Luís Vaz de Camões. :)
EliminarGrata por ter vindo, Poeta Toninho!
Um forte abraço.