Decidi voltar às coisas que mais gosto, às que sempre me encantaram e me fizeram mais feliz. Uma delas é a Poesia. Não porque a saiba escrever, mas porque foi ela que me despertou para a pureza de sentimentos, me alimentou a alma nos momentos em que a vida e as gentes, me decepcionaram e entristeceram, me tiraram do sério, enfim...
Agustina Bessa-Luís - Sophia de Mello Breynner e Eugénio de Andrade. |
Corria o ano de 1958
*
Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.
São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.
Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.
São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.
Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.
Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.
São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.
Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.
São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.
Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.
Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.
[Poema de Agustina ]
*
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados, irreais
E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
[Poema de Sophia ]
*
Passamos pelas coisas sem as
ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
[Poema de Eugénio de Andrade]
Azáleas de um dos meus pequenos canteiros
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É uma vergonha dizer mas não conheço quase nada da poesia de Agustina Bessa Luís. Sofia de Mello Breyner e Eugénio de Andrade conheço bastante bem, inclusive os dois já foram estudados na Universidade Sénior do Barreiro. Boas escolhas as suas, adequadas ao momento.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Tentei ler a Siliba, mas não consegui passar da página 20. é um estilo que não é fácil.
EliminarElvira.
EliminarTambém não conheço muito a obra de Agustina, talvez porque não me tenha seduzido a sua escrita. Quando um escritor não me cativa ao primeiro livro, nunca mais o procuro.
Mas sei que este poema é um dos poucos que escreveu.
Um abraço e noite boa.
Pois...não admira, Último! :) Começaste logo por ler "A Sibila", uma seca daquelas!! :)
EliminarJanita
ResponderEliminara Poesia pode ser refúgio
mas também é bandeira de esperança e luta
mas...
agora descobri a beleza do conto
Rogério.
EliminarTinha a intenção de ir ler o 1º Conto que me recomendou, mas hoje, (ontem) no pouco tempo que estive na bloga, apeteceu-me andar a vadiar pelo blogobairro e nem aqui no meu Cantinho assentei arraiais. Ficará para mais logo, pela manhã, depois de dormir um sono. Pode ser?
O das ovelhas foi uma bela lição.
Um abraço
Boa noite de paz e saúde, querida amiga Janita!
ResponderEliminar"Todo vento levará todo cansaço", assim seja!
Gostei muito do que disse da poesia: "ela que me despertou para a pureza de sentimentos, me alimentou a alma nos momentos em que a vida e as gentes, me decepcionaram e entristeceram, me tiraram do sério"...
Lindo demais e verdadeiro!
As flores são um bondoso carinho a nós todos, obrigada.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno
Amiga Rosélia.
EliminarO vento deveria levar o cansaço e todo o mal que nos aflige actualmente.
Um beijinho e obrigada.
Três dos maiores poetas portugueses.
ResponderEliminarTrês amores meus desde a infância.
As flores são mensageiras da primavera e dão um pouquinho de esperança 🌼🌺🌸🏵
Três grandes, entre os maiores, pois que temos nomes ligados à Poesia maiores, entre os melhores.
EliminarHoje o sol voltou a brilhar e, com ele, a esperança renovada.
Um beijinho Amiga de longe.
A Sophia era muito bonita.
ResponderEliminarBeijinhos
Era e foi, Pedro. Sophia, sempre bonita até na velhice.
EliminarPara além daquele seu 'ar' distante e distinto, foi uma mulher muito bela.
Beijinhos
Olá amiga Janita!
ResponderEliminarTrês poemas muito lindos!
Temos muito bons poetas Portugueses!
Encantam-nos com tão belas poesias!
Beijo com carinho amiga!
Cuide-se; estamos a passar pelo uma fase complicadíssima.
Todo o cuidado é pouco. Abraço de paz e bem!
Olá, Amiga!
EliminarTemos sim, ou não fosse Portugal o país que até um Rei Poeta/Lavrador viu nascer. :)
Também do Brasil, chegam até nós, grandes e eternos Homens com a poesia na alma. Heranças do sangue Luso. :)
Obrigada e um
Gostei das escolhas. TRês Enormes...!
ResponderEliminarBeijos e um excelente dia
E eu, Cidália,- perdoe a franqueza - gostei muito de a ver chegar sem vir atracada à publicidade do seu espaço.
EliminarUm beijinho e obrigada.
Cresci alimentada a poesia:) Como poderia não gostar desta escolha, ainda que me confronte com a contingência de ter de confessar que não conhecia, de todo, a poesia de Agustina?
ResponderEliminarTudo belo, incluindo as azáleas do seu pequenino canteiro :)
Beijinho, Janita!
E quem, na Poesia nasce e cresce, só pode ser Poetisa de alma e coração! :)
EliminarAgustina não deveria sentir-se confortável a escrever poesia, pois poucos se lhe conhecem.
Este seu poema, já é segunda vez que o publico, por não lhe conhecer outro.
Obrigada e um beijinho, Maria João.
Boa tarde
ResponderEliminarA poesia é algo que faz parte do meu Eu.
Não sendo eu poeta mas um grande apreciador, fico por vezes emocionado ao ler o que de melhor temos em Portugal .
Eu sei que sim, amigo Joaquim.
EliminarPor isso, lhe pergunto novamente, porque não cria um blogue onde possa dar asas a essa sua paixão? Força!
Um abraço e obrigada.
Excelentes escolhas, Janita. muito agradecido pela partilha :)
ResponderEliminarOh, Manel...deixaste-me tão enternecida...
EliminarBem-hajas e leva lá mais um abraço! :)
Olá, boa tarde:- Duas poetisas e um poeta que muito contribuíram com os seus versos, poemas, pensamentos, para o enriquecimento da cultura portuguesa. Adoro sempre ler o que escreveram e, deixaram de oiferta, aos vindouros
ResponderEliminar.
Saudações poéticas
Fico feliz por ter apreciado as minhas escolhas, Ricardo Valério. Obrigada!
EliminarSaudações bloguistas.
Da Agustina não me recordo de ter lido nada em poesia, da Sophia e do Eugénio, sim. Como bem sabe, a poesia não é o meu forte, embora tenha lidado com ela, longe, muito longe da dos aqui mencionados.
ResponderEliminarbji.
Eu sei que a poesia não é o seu forte, Amigo José.
EliminarImperdoável, não se ter deixado imbuir do espírito poético, tendo tido tão por perto uma Poetisa. Em Poesia não há longe nem perto, há poetas e nada mais.
Beijinho. :)
Uma excelente trilogia
ResponderEliminarBj
A mesma trilogia que temos na fotografia, Eufrázio! :)
EliminarBeijo
Três maravilhosos poemas de poetas que gosto e admiro.
ResponderEliminarMuito obrigada pela partilha.
Beijinhos Janita
Nada a agradecer, querida Manu!
EliminarQuem não tem arte nenhuma partilha as Artes alheias. :)
Beijinhos
Três belíssimos poemas, confesso que não conhecia o 1º!
ResponderEliminarA poesia tal como a música marcam consoante o nosso espírito no momento em que a lemos ou ouvimos.
Beijinho querida Janita 💖💖🌻🌷🌼
P.S.no domingo deixei a minha justificação no teu post:
"Ausentes que me fazem falta"
Já fui ler, querida Adélia e fico feliz se, de alguma forma, contribui para o teu regresso à Blogosfera.
EliminarEspero que possas arranjar sempre um bocadinho de tempo para vir conviver connosco, Quando se quer muito tudo se consegue. Agora, ando um bocado atrasada nas respostas aos leitores e amigos que fazem o favor de me visitar, mas aos poucos lá chegarei. É o mínimo que podemos fazer de modo a retribuir a gentileza que recebemos.
Beijinhos e vai em frente, Amiga!
Poesia também gosto de ler, mas não tenho "jeito" algum para a fazer :) Gostei das azáleas.
ResponderEliminarBeijinho Nita, espero que fiques bem.
Olá, querida Mena.
EliminarSinto-te um pouco triste e sei que deves andar sentida comigo pela minha ausência do teu blog. Mas sabes, Nina?
Já por lá passei várias vezes, leio tudo tudinho, mas fico um bocado à nora sem saber bem como comentar.
Desculpa, como sabes gosto muito de ti, só que nem sempre te entendo e não gosto de ser mal interpretada.
Um beijinho grande, Nina! :)
Gostei dos poemas !!!
ResponderEliminarObrigada, Ricardo!
EliminarAmei! Já tinha saudades.... E é tão bom regressar! Beijinho
ResponderEliminarBom, é ver-te novamente cá pelo blogobairro, Tio!:)
EliminarUm beijinho e bom regresso.:)
Sou grande admirador da poesia da Sofia e do Eugénio. Agora a Agustina, poeta? Desconhecia, confesso, e, conhecendo eu alguma da sua pujança de romancista, com um estilo onde situava muitas situações num circuito fechado, estaria muito longe de imaginar tal coisa. Grato pela informação, Janita, e, ao melhor estilo do policial americano, fico-te a dever uma. :)
ResponderEliminarUm beijinho :)
Pois é, AC...também só lhe conheço este poema.
EliminarSe calhar, escrito num momento de desencanto amoroso, já que escreve que; " Amores são passos perdidos..." :)
Um beijinho grande e, quem te deve muito, sou eu! :)